segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Gana, os investimentos costeiros e a não Adaptação ao Aquecimento Global

Um dia, ponha-se anos atrás, se podia andar a pé entre o que hoje são o Ceará, no Brasil e Gana, na África. Hoje são separados pelo Atlântico. Os continentes se separaram segundo uma velocidade anual quase desprezível. Mas em milhões de anos o que é desprezível do ponto de vista anual ganha uma distância que os ibéricos, portugueses e espanhóis, foram ousados em percorrer com suas primitivas naus.

Os continentes continuam se movendo. Mas agora, pelo menos entre o Ceará e Gana, uma velocidade substancialmente maior da separação parece ser a promovida pela ação do mar. Uma ação que na linguagem corriqueira é a erosão. Mas para os iniciados nas ciências que envolvem a ação do mar é chamada "redefinição da linha costeira". Pois, na medida em que a costa de Gana vai sendo erodida ou "redefinida", cada ano mais umas braçadas um nadador teria que dar, ao fazer a travessia. Se esta fosse só a consequência da maior distância entre as duas costas, trazida como consequência do Aquecimento Global, não haveria o que notar. Ao oposto disso, a ação do mar sobre as linhas costeiras constitui um dos mais importantes vetores da Adaptação ao Aquecimento Global.

Como se nada estivesse previsto para acontecer nestas áreas elas recebem uma boa fração do investimento anual decorrente dos processos de desenvolvimento tanto na África como no Brasil e demais países sulamericanos costeiros. Para mais adiante serem "vítimas" da erosão. E reclamarem ajuda.

Este investimento em áreas condenadas pela redifinição da linha costeira seria uma atitude sábia, que pudesse ser acolhida como Adaptação ao Aquecimento Global, ou seria uma afronta ao Aquecimento Global?

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Inovação para Adaptação ao Aquecimento Global: cada vez mais necessária a priorização a seu apoio


Na mais rica nação do mundo, os EEUU, a televisão fala pouco das mudanças climáticas e praticamente deixa de lado as causas antrópicas dessas alterações no clima. Ou seja, a população da nação mais rica do mundo, importante na formação da opinião pública mundial, não tem chance de que venha, em expressão quantitativa, considerar o Aquecimento Global como causado pelas emissões de CO2. O resultado disto é um reforço ao não cumprimento às metas internacionalmente acordadas de redução das emissões. E a perspectiva de que as mudanças climáticas ocorram de forma mais forte do que poderiam ocorrer se as medidas de mitigação adequadas estivessem sendo tomadas.

Para compensar a falha no alcance das metas das medidas de mitigação é importante maior esforço nas medidas de adaptação. Para os países que menos emitem CO2 em termos per capita, como o Brasil, é cada vez mais necessário a priorização das medidas de Adaptação, que aumentem suas resiliências aos efeitos deste fenômeno, sem descuido de sua contribuição às medidas de mitigação.

Na região equatorial onde as temperaturas já são as permanentemente mais altas e a aridez predomina, a Adaptação ao Aquecimento Global pressupõe o desenvolvimento de novos cultivares, bem como correspondentes inovações nas cadeias produtivas a jusante das porteiras das fazendas que produzem os produtos agropecuários. Assim, novos produtos adequados aos novos climas, nessas regiões, resultantes de um esforço de adaptação, podem reduzir os efeitos danosos do Aquecimento Global. Falhas na Adaptação podem, nesta região, tornar inócuo o esforço para a mitigação, o reduzindo a puros efeitos negativos de seus custos.

Os esforços para inovação voltada à Adaptação ao Aquecimento Global são mais eficientes tão maior seja a integração entre países de língua portuguesa e países de lingua espanhola,  pois a ocupação colonial por parte de Portugal e Espanha se deu para a produção de produtos que se desenvolvem bem nas regiões equatoriais. Sofrerão de forma análoga os efeitos. E as soluções serão análogas.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O desafio das cidades no Semiárido

A Adaptação ao Aquecimento Global, em seu primeiro estágio, na questão da agropecuária do semiárido, confunde-se plenamente com a convivência com a seca. Não só. As cidades do semiárido, no que diz respeito ao abastecimento d´água têm também a coincidência entre Adaptação ao Aquecimento Global e convivência com a seca.

Um trabalho que trata do desafio do fornecimento d´água às cidades do semiárido permite se ver como estes dois conceitos se unem neste assunto. O artigo é sobre as cidades do semiárido brasileiro, mas se aplica bem às cidades dos semiárido mundo afora.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Carros elétricos, um choque




Carros elétricos. Eletrizante idéia. Mas servem mesmo para que?

Nada muda, de expressivo, entre a fabricação de um carro elétrico e a fabricação de um carro convencional, a gasolina. A não ser, é claro, a preciosa bateria, o processo de produção da qual emite tanto CO2 que, alimentado o carro por energia elétrica de origem hidroelétrica ou nuclear, as quais não produzem CO2, precisa 50 mil km para compensar o CO2 que o carro elétrico poupa em seu funcionamento. Ou seja, o processo de produção da bateria, desde a extração de seus componentes minerais, emite tanto CO2 quanto o carro a gasolina percorrendo 50 mil km.

Nada muda, de expressivo, na forma como o carro se insere no estilo de vida associado à produção do Aquecimento Global. Ou seja, o carro elétrico é uma miragem causando a ilusão de que se está mitigando mais do que de fato se está, quando se está.


No Brasil, onde a energia elétrica é basicamente de origem hidráulica, podem tentar usar o argumento da mitigação para incentivar seu uso, aumentando o teor de importação nos carros e onerando a balança de pagamento. Mas, na verdade, acréscimos de demanda de energia elétrica têm a tendência a serem, no Brasil, agora supridos por mix de energéticos de origem fóssil e de origem eólica Ou seja, o atendimento acréscimos de demanda têm por tendência a presença de um peso ponderável de emissores de gases de efeito estufa..

O Brasil tem a melhor solução na área automobilística. Carros cujos motores funcionam a álcool são tão não emitentes de CO2 quanto os carros elétricos movidos a energia elétrica de origem hidríca ou nuclear, simplesmente porque são não emitentes líquidos de CO2. Poupam o equivalente à emissão de 50 mil quilômetros rodados para a fabricação das potentes baterias de lítio. Mas as cabeças de colonizados possivelmente vão aplaudir a importação de carros elétricos. E, possivelmente, também, serão usados, por serem mais caros, como bens de ostentação, como, em geral, são os SUVs diesel em relação aos modelos idênticos a gasolina.

Carros elétricos servem mesmo para, do ponto de vista do imenso investimento produtivo comprometido com a emissão de CO2 e do correspondente estilo de vida, que tudo permaneça como dantes no planeta de Abrantes. Afinal,

carros elétricos não são garantia contra aquecimento global. São, nestes aspecto, inferiores aos carros a álcool.