segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

A Adaptação às Mudanças Climáticas a nível global: cabe à ONU liderar

A Adaptação às Mudanças Climáticas a nível global: cabe à ONU liderar


Há previsões com base em conhecimento científico sobre os efeitos do Aquecimento Global em diferentes regiões do globo terrestre. Algumas regiões poderão passar por um período, de décadas, de aumento da pluviosidade e de potencial de produção agrícola. Canadá e Russia ganham área agricultável com o recuo das área de permafrost. Estados Unidos ganham produtividade com o aumento da pluviosidade no centro norte. Outras regiões no mundo poderão passar por fases cada vez mais intensas de exposição a secas dramáticas, muitas delas podendo vir acompanhadas de incẽndios florestais devastadores. Outras áreas ficam mais expostas a sofrer com outros graves eventos atmosféricos extremos, produtores de rastros de imediata destruição.

Certamente estudos baseados em risco e incerteza podem permitir a formação de tamanhos de população ideal para cada área, nas décadas deste século, capazes de otimizar, ou pelo levar ao prospecto de confortável situação diante dos efeitos do aquecimento global. A dinâmica populacional levada por decisões individuais derivadas de absoluta falta de consciência do pesadelo que se pode ter à frente, não deverá conduzir a populações nada próximas das adequadas em cada área. Mas os governos podem, por diferentes políticas públicas, induzir as decisões individuais a fazerem caminhar as populações aos níveis menos desadequados, com grande efeito benéfico para todos os habitantes da Terra. Isto significa menos sofrimento nas áreas sujeitas a eventos desfavoráveis; menos sofrimento em migrações de alto risco; menos reação contra imigrantes, proporcionando ambiente menos desfavorável aos que migram.

É interessante que diminua o estress sobre os recursos naturais provenientes do acréscimo populacional e que a sustentabilidade seja garantida, ou pelo menos, menos ameaçada. Algumas regiões já tem populações acima do que podem suportar, enquanto outras podem ter a população aumentada num ritmo maior do que tem atualmente. A água passa a ser motivos de conflitos além do previsto pelos que assim viam o futuro pela ótica do aumento populacional, sem levar em conta os efeitos das Mudanças Climáticas que agudizam o problema.

Se trata de reduzir pressões redistributivas sobre uma população que, segundo as previsões atuais, é projetada a atingir 11,2 bilhões de habitantes da Terra, tentando reduzir esta previsão, ao tempo em que as populações de cada área sejam mais próximas do adequado.

É tempo de se notar ser a Mitigação do Aquecimento insuficiente, com ou sem defecções a acordos de Paris, para evitar fortes impactos sobre a redistribuição da capacidade de suporte à vida humana nas distintas regiões da Terra. É insuficiente porque os impactos já estão no mundo. Já há regiões na África e na Índia onde o gritante aumento do suicídio de agricultores tradicionais marca o despreparo dos governos para lidar com a Adaptação. Esta Adaptação que muitas vezes pode se representar positiva para uns e, por efeitos de externalidade, negativa para outros, gerando conflitos.

A Adaptação que tem tanto espaço para medidas locais, também o tem para medidas globais. Cabe à ONU liderar a Adaptação a nível global, onde duas medidas de âmbito geral se insinuam como mais importantes:
- elevação da educação populacional, para que podem contribuir apoio ao planejamento e aos esforços para elevação da qualidade; e

- o comedimento ao crescimento populacional, a que os experts podem contribuir com apoio ao desenho de ações dirigidas a levar as livre decisões individuais a, no todo, menos se afastar do adequado às circunstâncias, levando em conta a sustentabilidade e os aumentos de riscos e incertezas trazidas pelas Mudanças Climáticas.


Novas Postagens no primeiro dia de cada mês

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Vanuatu threatens lawsuit claiming for the damages as Adaptation to catastrophic climate change


 Vanuatu threatens lawsuit claiming for the damages as Adaptation to catastrophic climate change

Vanuatu, a nation with an estimated population of 280,000 people spread across roughly 80 islands, is among more than a dozen island nations that already face rising sea levels and more frequent strong storms that can kill and wipe out much of their economies.

Vanuatu, in the Pacific, is considering suing fossil fuel companies and industrialised countries that use them for their role in creating the catastrophic climate change that is inflicting heavy losses on the country, infernizing the life of his citizens.

it is time for some of the billions of dollars of profits that fossil fuel companies generate every year be given as compensation to the damage they cause in countries such as "desperate" Vanuatu.


FROM NOW ON this Blog has new posting at the first day of each month. 

Additional postings at any time may be delivered. 

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Residência em florestas: Cuidando das cercanias como Adaptação ao Aquecimento Global



As habitações em meio a florestas tropicais têm em volta, em geral, uma clareira. Ou seja, uma área sem vegetação em volta da casa. A construção, desta forma, fica exposta à insolação. Seria melhor, do ponto de vista térmico, que estivesse ensombrada. Mas a clareira tem uma função importante. Ela desestimula a procura da construção por animais selvagens, especialmente ofídios.  Os índios já faziam isto com suas ocas, comprovando o benefício custo do estabelecimento de clareiras.

Cachorros e gansos que circulam na clareira de casas dos descedentes dos invasores europeus que habitam florestas tornam a clareira uma barreira ainda mais eficiente. O custo proveniente do aumento de temperatura pelo não ensombramento pode ser reduzido se a coberta da casa for refletora, reduzindo a absorção da energia solar incidente. Neste caso, quando se trata de reduzir as chances de ter o imóvel incenciado, se colocar matéria prima de combustão sobre a coberta de uma casa não parece uma atitude sábia.

O site da BBC traz uma sugestão de como organizar a vegetação nas cercanias das construções inseridas em florestas, de modo a reduzir as chances de serem engolidas por incêndios florestais. Como incêndios florestais estão se tornando mais frequentes e mais destrutivos, ao passo em que se agrava o Aquecimento Global, é interessante ler o que a BBC expôs sobre o assunto.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Os pássaros estão sumindo

  O Aquecimento Global já trouxe  desequilíbrios ecológicos. Em todos os continentes vantagens aos predadores estão trazendo diminuição da população de pássaros. No Ártico, que sofre mais intenso aumento de temperatura, se anuncia anuncia o fim dos pássaros migratórios, que passaram a ter seus ninhos mais intensamente predados.

É bom lembrar que os insetos fazem parte do cardápio de pássaros. Os predadores dos pássaros, entretanto, não comem insetos.E os insetos são, em geral, beneficiados pelo aumento da temperatura da superfície da Terra. Ficamos, os Homens, em desvantagem dupla. O aumento da temperatura é diretamente desfavorável ao Homem e é diretamente favorável aos insetos. Que ainda são beneficiados pela redução dos passáros que lhe são predadores.

Várias posturas podem ser adotadas:

1. É uma mudança da natureza, pode ser um pensamento. Nada devemos fazer, a não ser acompanhá-la. Estudar a mudança.

2. Pode-se adicionar que é uma mudança induzida pela ação humana, na medida em que o Aquecimento Global tem causa principal antrópica. Mesmo assim, um pensamento que surge é o de que nada há a fazer, não ser acompanhar o evento desaparecimento de espécies para contabilização, pelo menos.

3. Outro pensamento pode surgir. A Adaptação, para preservar espécies ameaçadas indiretamente pela ação humana, poderia ter uma ação compensatória em favor desses pássaros. Seria restabelecer o equilíbrio entre predadores e predados interferindo na natureza a favor dos predados. Isto seria possível mantendo em nível adequado a população de predadores. Seria o Homem, compensando por meio de uma ação direta - o controle da propulação de predadores - o efeito negativo para a preservação de espécies decorrente  decorrente indiretamente de ações humanas.

  Evitar deseqilíbrios ecológicos por meio de interferência de ação humana pode, quem sabe, vir se tornar a ser até um importante eixo de Adaptação ao Aquecimento Global.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Leite de cabra

Leite de cabra é um produto viável no semiárido.

Demorou muito para que houvesse o desenvolvimento de cabras de raças locais e que fossem grandes produtoras de leite. É uma conquista que viabiliza a produção rural no semiárido.

O leite é convertido em queijos e fica resolvida a questão da perecibilidade. Viabilizando, assim, o transporte para mercados distantes.

A Fazenda Carnaúba, no semiárido do estado da Paraiba - Brasil, dominou a genética de oito raças nativas de cabras, completamente adaptadas ao  semiárido e apresenta um exemplar nível de êxito econômico, enquanto aplica tecnologia sustentável, compatível com o fato de ser da mesma família desde o século XVIII e com o desejo de que assim permaneça.

É um exemplo a ser imitado. Um exemplo de adaptação ao semiárido e de adaptação às condições de semiaridez que o Aquecimento Global vai trazendo para áreas anteriormente mais úmidas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Glasgow must Adapt


Glasgow must Adapt. All cities must Adapt to Global Warming. Climate Change caused by Global Warming of antropic basis has already brought noticeable changes in climate. And if changes occur, Adaptation is a response to, at least, minimize the negative effects. So, adaptation actions are already demanded. 

Two reasons, for near future, increase the change and the corresponding adaptation actions. 

1. Even if we suddenly stop now the emission of  CO2 and other heating gases and particules, we still have some increase in temperatures, due to the lagged effects.

2. There is no plan to stop so suddenly the emissions. Even the 2016 Paris Agreement, if in plain force, would reduce only slowly the emissions. For the near future, more heating molecules will be in the air. 

The two causes together, interacting, will bring more changes. And the need of more Adaptation Actions. This is valid for all cities in the world. And also for those out of cities.


 

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Let's stop flash floods



We have seen these last years a lot of flash floods with great losses for those hit, including losses of lifes. They occurred in different parts of the world. A very complex of causes contributed to the extremes precipitations that caused each one of these flash floods. But one important cause is present in the increase of the number of flash floods that is occurring:
                              the increase in the temperature of the air.

It is elementar knowledge that as higher the temperature of the air, as more water may be in the air as wapor. And as more water is present as wapor, as more water may be precipitated as rain.

It is elementar knowledge that as higher the temperature of substances in the same ambient, as fast the reaction between them. This is a chemical property, but it can be seen in a larger context as an increasing in instability with higher temperatures.

Those elementar knowledges together may contribute as a partial explanation  of the reasons of the present higher number of strong flash floods. Then we should not expect the decrease in the present ocurrence of flash floods just by stopping further increases in the air temperature by Mitigation of the Global Warming. They, very probably came to stay, as part of the Climate Change that has already occurred. But we must avoid the intensification of flash floods. Mitigation, then, is important.

However, if Mitigation is not going to decrease the present level of ocurrence of flash floods, we must adapt to them.

The public policies should take in consideration to avoid humam losses and to maintain the economic losses as lower as possible. This means to maintain the lowest possible the productive capital exposed to the flash floods and to provide human use of areas prone to these extreme events with means to avoid being trapped by the waters.
The public policies should be aprimorated in what refers to matters of gestion of water. The pace of accumulation of water in dams, for instance, should take in due account the best previsions of precipitation, to maintain in a tolerable way the floods at jusant, to avoid, or attenuate, disasters as in Kerala, these past days of August 2018.

This we may call Adaptation to Global Warming. Whatever the humanity may do to stop the Global Warming, some Climate Change has already took place. Let's adapt to them.




terça-feira, 9 de outubro de 2018

Risco, Incerteza, Inovação e Adaptação ao Aquecimento Global

Risco, Incerteza, Inovação e Adaptação ao Aquecimento Global estão funcionalmente relacionados de uma forma especial e significante. E deste relacionamento decorrem importantes implicaões. Como são conceitos usados de forma muito variada, é aconselhável que seja esclarecido como estão sendo entendidos neste texto.

Risco é tomado aqui como a probabilidade de um evento contrário a um objetivo. Envolve um evento definido e uma probabilidade estimada da ocorrência do evento. Suponha que se tem de enviar, com o uso de drones, sangue para uma área onde houve um acidente. E que, dadas as circunstâncias em que se dá o envio, cada drone tem a probabilidade de 30% de chegar corretamente ao destino (Aves de rapina podem derrubar seus drones, ou súbitos ventos localizados podem desviá-los, ou interferências podem desorientá-los. Não se preocupe pela perda dos drones, você não está pagando por eles. Estes são drones virtuais, só para efeito de raciocínio. O sangue também é virtual, tem estoque infinito e tem reposição com custo zero). O risco de perda é, portanto, a probabilidade do drone não alcançar o objetivo, é 70% se for lançado só um drone.  Podemos tomar como sendo esta probabilidade deste evento fixa em 70%, válida para todos os lançamentos.

No lançamento de número 1, no de número 2, etc, em todos e cada um deles a probalidade de não alcançar o objetivo é 30%. Diz-se, então que os eventos são independentes.  Não importa a sequência em são lançados, se simultaneamente (como, neste caso, nunca ocorrem eventos exatamente simultaneos, pode-se dizer que são simultaneos os eventos separados por nano segundos) se separados por algum intervalo mensurável, a probabilidade do evento insucesso é exatamente 30%.

Alcançamos o objetivo quando um drone atinge satisfatoriamente o destino.
Se lançamos um só drone a nossa probabilidade de sucesso de levar sangue ao local  onde é necessário é 30%. Mas se lançamos dois, basta que um chegue ao local para que o sucesso seja atingido deste evento seja atingido. Mas a probabilidade dos dois NÃO atingirem o local onde o sangue é necessário é 70% vezes 70%, ou seja, 49%.

Se lançarmos três drones a probabilidade dos três NÃO atingirem o local desejado é (70%) ao cubo, ou seja, é 34,3% e, portanto, a probabilidade de que o local seja abastecido com sangue de pelo menos um dos três drone é 1-0,343 = 0,657, ou 65,7%.

De forma geral, lançando "n" drones a probabilidade de falhar em não atingir o local da entrega é 70% elevado à enésima potência. O complemento deste número, a probabilidade de falhar em todas as tentativas, pode se tornar um número muito diminuto, com um não muito grande número de drones lançados. Tem-se na Tabela 1 a probabilidade de atingir o objetivo de suprir o necessário sangue como complemento do risco de não o suprir.


Tabela 1
Drones e êxito
Número de drones enviados  Probabilidade
   de êxito
 
1 30,00%
2 51,00%
3 65,70%
4 75,99%
5 83,19%
6 88,24%
7 91,76%
8 94,24%
9 95,96%
10 97,18%

Certeza absoluta de que o sangue será surprido nunca haverá. Mesmo que sejam enviados 100 drones todos podem cair. Mas a probabilidade de insucesso na missão de enviar sangue vai se tornando menor sempre que se lança mais um drone. Isto representa uma situação encontrada no mundo real, a de que nunca se tem total certeza. Tangencia-se a certeza, mas nunca se chega exatamente a ela.

O mundo determinístico em que as pessoas são educadas não considera a questão do risco. Só em determinadas situações a noção de risco é incluída no menu de conceitos usados. Pois este é um ponto que deve ser alterado como Adaptação ao Aquecimento Global, pois as Mudanças Climáticas trazidas pelo Aquecimento terminam por aumentar substancialmente a chance de eventos extremos. E esta mudança impacta na vida das pessoas e no funcionamento das economias.

A questão dos riscos traz ao mundo atual uma necessidade prevista por Blaise Pascal ao tratar de dar importância ao Cálculo das Probabilidades na administração pública. Pascal talvez não tenha levado em conta o quão arraigado o determinismo está nas mentes. E o não uso nas devidas proporções da noção de risco leva a ser mais fácil a administradores públicos se enganarem tomando riscos calculados erradamente ou enganarem. Imagine um administrador público informando que mandou drones com sangue para duas pessoas acidentadas em locais de difícil acesso. Na verdade, para um pode ter sido enviado dois drones e não estaria errado ao usar o plural. Paro o outro, por algum motivo especial, pode ter enviado dez drones. A afirmação de aparente igualdade de tratamento esconde uma profunda diferença entre a probabilidade de 51% que um teve de contar com sangue, enquanto o outro teve  97,18%. Ao cidadão comum, educado em raciocínio determinístico, o fato pode passar despercebido e ficar satisfeito com o tratamento apenas aparentemente equânime. A expansão da educação superior vai mudando o quadro de atitude face a risco e o ditado popular "não ponha todos os ovos numa só cesta" vai sendo substituído por um tratamento mais acurado e uma visão mais crítica da aparência de tratamento equânime em afirmações do tipo "enviamos drones para os dois acidentados" (dois para um; dez para o outro).

Há um maior domínio, cada vez maior, do uso racional das ações a serem desenvolvidas face às probabilidades de eventos a elas relacionadas, em benefício de um melhor resultado das ações desprendidas. Este ganho vem se tornando uma realidade nas mais diversas atividades. Mas, há uma novidade que desfaz parcialmente os benefícios do ganho do domínio da gestão de riscos, hoje tornada convencional. As Mudanças Climáticas vão mudando as probabilidades de eventos climáticos e de seus efeitos. É como se a chance do drone usado no exemplo atrás, atingir seu objetivo, fosse mudando com o tempo. 

Para analisar a mudança no quadro de análise de riscos trazida pelas Mudanças Climáticas, tome-se agora a probabilidade de ocorrência de eventos climáticos extremos, ou seja, que ultrapassam o que pode ser considerado como os limites da normalidade.  A chance, em vez de ser 0,30, de ocorrência de pelo menos um determinado evento climáticos numa década, passaria a ser "0,30 x f(t)", onde "t" pode ser o número de décadas a partir de determinado momento inicial.  A função f(t) no que diz respeito a eventos extremos tende a ser crescente, segundo previsão dos climatologistas.

Considerar mudanças na probabilidade de um evento decorrente das Mudanças Climáticas é uma primeira e insubstituível etapa de Adaptação ao Aquecimento Global. A afirmação de tal simplicidade esconde a complexidade envolvida neste aspecto da Adaptação. 

O reconhecimento de que a probabilidade dos eventos vai variando com o passar do tempo dá margem a mais divergências do que simplesmente reconhecer que há mudanças climáticas versus negá-las. Há mais espaço ainda para divergências quando se trata de medidas para ação sobre o processo de mudanças climáticas, onde se inclui a negação da contribuição do Aquecimento Global para estas mudanças. Afinal, se o Aquecimento Global não é causa de Mudanças Climáticas, atuar arrefecendo o processo de Aquecimento Global não traz mudanças no processo de Mudanças Climáticas. Tem custos e não traz benefícios, pensam os que não reconhecem o Aquecimento Global como contribuinte às Mudanças Climáticas.

Inferir as probabilidades de um evento requer informação estatística e conhecimento específicos. Estes requerimentos se tornam mais exigentes quando as probabilidades são uma função temporal (p(A0).f(t)) do que quando são fixas, caso em que infere-se apenas p(A0), tomando-se f(t)=1. E a estimação da função f(t), não sendo tomada como igual a 1, dá mais margem para divergências quando à expressão da função. Todos concordam apenas em que f(0)=1 e f(t)<1/p(A0) para todo e qualquer t. Mas, para cada expressão analítica da função f(t) deve corresponder, a rigor, uma política de Adaptação para a melhor convivência com o perfil temporal futuro das probabilidades dos eventos relacionados ao Aquecimento Global.

Veja-se, então, que há amplo espaço para divergências quanto às políticas de Adaptação ao Aquecimento Global. As tecnologias envolvidas são mais numerosas do que as envolvidas em ações dirigidas à Mitigação do Aquecimento Global, embora estas sejam, em geral, mais complexas. Mas o uso de tecnologias de Adaptação envolve, muitas vezes, uma complexa teia de relações sócio-políticas.

Nem sempre se pode inferir as probabilidades de eventos. Neste caso temos incerteza. E outra postagem tratará da indesejada incerteza. 


                                            

terça-feira, 11 de setembro de 2018

No Japão, lição da preparação inadequada revelada pelo tufão de setembro 2018

 Os laboriosos e competentes japoneses têm sido castigados com a inclemência de eventos extremos climáticos neste verão de 2018. Eventos que parte da humanidade ainda coloca como não decorrentes de Mudanças Climáticas.

 Desta vez um tufão, violento, mas não dos mais violentos, bateu forte, rompendo os limites de prevenção traçados pelos sabidamente cuidadosos japoneses, que não dispensam detalhes em seus planejamentos. 

 O aeroporto de Kansai, construido em uma ilha artificial em meio a uma baia recebera proteção para uma maré alta de 9 pés. O tufão trouxe uma de 11 pés. O resultado pode ser visto em 

 Many Major Airports Are Near Sea Level. A Disaster in Japan Shows What Can Go Wrong, 

(The New York Times, sept. 7th, 2018)

 Mudanças Climáticas significa exatamente, entre outras coisas, aumentos dos limites dos eventos extremos. Otimismo? Talvez apenas um detalhe esquecido. Se a história indica um limite, estude bem de quanto deve ser tomado a mais nos planos para o futuro. 


 

 

 

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Adaptação ao Aquecimento Global e Energia Solar

A energia solar captada para direta conversão em energia elétrica muitas vezes é pensada como A Salvação.

Paineis solares são realmente uma grande contribuição à fome de energia elétrica do mundo atual. Mas é bom pensar que energia elétrica não resume todas as necessidades da sociedade humana. São uma forma de utilização de energia solar.

Seguramente paines solares são uma forma racional de "telhado". São também uma forma racional, sem maiores custos de oportunidade, quando usados cobrindo espelhos dágua, onde a um só tempo geram energia elétrica enquanto reduzem a perda de água por evaporação.

Mas em todo o mundo há necessidades outras que a energia elétrica em si não satisfaz. Precisa-se de água para dessedentar as populações, para apoiar a produção agrícola e garantir a segurança alimentar, para fazer funcionar os sistemas de coleta e tratamento de esgoto sanitário, etc.

A reservação de água é uma forma insubstituível de satisfazer necessidades que estão temporalmente diferidas das precipitações. E, como bônus, oferecem a co-produção de energia elétrica.

Nas regiões onde geleiras representam uma forma disponibilizada pela natureza para armazenamento de água, na forma de neve e gelo, o degelo libera água para uso a jusante, em meses quando e lugarres onde a precipitação é insuficiente. O Aquecimento vai recuando as geleiras e vai levando a que a precipitação seja cada vez menos acumulada como neve e gelo. A precipitação não retida flui desde o momento que ocorre, chegando mais cedo onde antes chegava após o degelo. Chega em fluxo maior do que o utilizável, chega trazendo problemas de enchentes. Reservatórios devem ir sendo construídos para guardar as precipitações que antes eram guardadas na forma de gelo e neve. E uma vez construídos, a liberação da água, para cotas menores, pode proporcionar a geração de energia elétrica. Quem não tem porque ser perdida.

As Mudanças Climáticas trazidas pelo Aquecimento Global, vão formando novos padrões em que precipitações mais intensas muitas vezes são acompanhadas de uma redução da média das precipitações. A reservação da água torna-se mais necessária, dada a redução da média da precipitação. E torna-se mais necessário o aumento da capacidade de reservação dada a mior irregularidade da precipitação. A Adaptação, neste caso, envolve corrigir a capacidade de reservação para as novas condições. E surgem oportunidade de geração de energia elétrica que não tem por que serem perdidas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Capacidade de Adaptação ao Aquecimento Global e denúncias do sistema prisional

Mundo novo este em que coisas tão distintas quanto a Capacidade de Adaptação ao Aquecimento Global e o sistema prisional de uma nação estão interrelacionadas. Realmente, foge ao instintivo tal relação entre variáveis tão distintas.

Um simples raciocínio estabelece uma primeira forte relação entre estas variáveis. O Aquecimento Global traz enfraquecimento às economias, principalmente às localizadas mais acerca do equador terrestre. A capacidade de Adaptação é uma expressão da capacidade de se contrapor a esses efeitos negativos. Em condições de "tudo o mais constante", uma nação estará mais capacitada a resistir e a se recuperar, tão menor a fração da população que não esteja em plena atividade produtiva.

Entende-se que tão maior a fração de inativos, tão menor a capacidade de Adaptação ao Aquecimento Global. Ora, os presos são inativos, em idade econômicamente ativa. Mesmo quando o sistema prisional os mantém economicamente ativos, o gasto com a prisão é, em geral, menor do que a renda gerada pelo preso. Ainda há, no Brasil, um pagamento à família do apenado, que pode ser maior do que o ganho mensal que tinha, com atividades lícitas, antes de ser preso. Trata-se de uma relação de artimética econômica, que mostra maiores custos do estado, financiado pelos contribuintes.

Outros acréscimos  de motivos para menor capacidade de Adaptação podem seguir natureza idêntica. Obviamente, tão maior a fração de indivíduos mantida, tão mais elevados os gastos com a polícia. E tão mais elevados os gastos com o sistema judicial.

Há outros elos de ligação entre a magnitude da fração da população aprisionada e a capacidade de Adaptação ao Aquecimento Global.  Um elo fundamental é a relação entre segurança e capacidade produtiva social. Tão mais elevado o nível de segurança, tão maior a capacidade produtiva de uma mesma dada população livre economicamente ativa. Uma população estressada pela insegurança tem menor capacidade produtiva e, compreende-se, menor capacidade de adaptação.

Enfim, não precisa uma análise exaustiva. Se em sua nação há previsão de aumento da população aprisionada maior do que o aumento previsto da população total, há uma declaração de que a segurança vai piorar. Isto num mundo em que o clima vai mudando para ser menos amigável deve ser motivo para preocupação. Cuide-se.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Preparação Insuficiente: Os terríveis desastres naturais de julho 2018 no Japão - enchentes e onda de calor


Preparação Insuficiente: Os terríveis desastres naturais de julho 2018 no Japão - enchentes e onda de calor

O Japão é um exemplo de organização e de previsão. Mesmo assim, as surpresas dos eventos extremos são atualmente tão extremas, que do Japão se pode aprender lições de erros, por subestimação.


As previsões das precipitações máximas por hora e por dia precisam ser corrigidas para cima, para que melhor se possa lidar com esses efeitos das Mudanças Climáticas/Aquecimento Global. É uma lição para todos os habitantes do planeta.
https://edition.cnn.com/2018/07/22/asia/asian-typhoons/index.html

A Adaptação, neste caso, deve ter fundamento em previsões de máxima ṕrecipitação que levam em conta as novas condições climáticas. Previsões de Máximas precipitações baseadas na experiência trazidas por dados do clima passado conduzem a subestimações e a maior efeito negativo desses desastress.
Novos níveis extremos de temperatura devem ser tomados como possíveis. Para melhor preparação para enfrentamento, devem ser pensadas ondas de calor extremas, não só mais intenesas em temperatura, como mais extensas em termos de duração e em termos de extensão de áreas atingidas. Novos climas, resultantes das Mudanças Climáticas não significam apenas maior frequência de eventos extremos, significam também, eventos extremos mais extremos.

É de se notar, entretanto, que embora "The impacts of climate change are no longer subtle," one expert says", é estatisticamente difícil garantir que um determinado evento extremo, em meio  a vários de mesma natureza, resulta do Aquecimento Global. Pode-se dizer, com garantia estatística, que a frequência de um evento tenha mudado, não é difícil atribuir a mudança a um evento isolado. Isto vale para um evento extremo de valor ainda mais extremo. Pode-se atribuir uma probabilidade de que seja resultante de uma mudança climática. Mas ele pode também ser uma expressão aleatória apenas mais rara, compatível com o clima histórico. Enfim, há, por enquanto, uma porta aberta para os descrentes continuarem a negar as mudanças climáticas e mais ainda para nada atribuir ao aumento do teor de dióxido de carbono e outros componentes do efeito estufa na manta gasosa que protege a Terra.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Mudanças Climáticas,Tempo Quente, Cabeça Lenta. Cognição e Novas descobertas de fragilidade trazida pelo Aquecimento Global

Entramos na era do conhecimento. Parece incrível, mas simultaneamente entramos numa era de maior dificuldade para adquirir conhecimento. Isto mesmo. Se duvida, leia Hotter years 'mean lower exam results'. Se dúvida persiste, ou se quer ganhar mais informação sobre a relação entre temperatura e eficiência dos processos de aprendizado, vá adiante, leia Heat and Learning. A pesquisa, com base em notas obtidas por milhares e milhares de estudantes norteamericanos, além de comparar as notas de estudantes expostos a ambientes de estudo com diferentes temperaturas, sem ar condicionado, com as notas de estudantes cujas classes contavam com o benefício do ar condicionado. Nem estes escapam de prejuízos advindo de mais elevada temperatura do ambiente natural. Mas os estudantes que contam com ar condicionado em suas salas de aula e suas casas, têm apenas 0,5% de queda nas notas por cada grau centígrado acima de 21 grau centígrados no ambiente natural, enquanto o prejuízo dos que não contam com ar condicionado é quatro vezes maior, é 2% de queda, em média, nas notas, por cada grau centígrado de mais elevada temperatura.

O aumento da temperatura média causado pelas Mudanças Climáticas, então, contribui a um aprofundamento da desigualdade de conhecimento entre os niveis mais altos de renda que podem contar com ar condicionado nas classes e em casa e os que não podem contar com este benefício. Uma primeira imediata conclusão é que, para reduzir a contribuição do Aquecimento Global à desigualdade de conhecimento é necesssário que todas as escolas públicas tenham ar condicionado. E que sejam mantidos continuamente em bom estado de funcionamento.

O aumento geral das temperaturas dos ambientes naturais causado pelas Mudanças Climáticas tende a aumentar a desigualdade de conhecimento populacional médio entre países desenvolvidos e os que estão fora desta classificação. Nestes é difícil haver recursos orçamentários suficientes para dotar as classes de escolas públicas com ar condicionado. Mais difícil ainda é mantê-los continuamente em bom estado de funcionamento durante o período em que este funcionamento é requerido para manter o ambiente da classe numa temperatura condizente com alto nível de eficiência de aprendizado.
 
Os primeiros clássicos em Economia levavam em conta o clima como um dos componentes de um ambiente econômico. Vai mais longe no tempo o registro deste efeito. Há relatos no início da história colonial do Brasil, de que os brasileiros falavam de forma mais lenta do que os portugueses que não tinham se tornados brasileiros (nesta época, brasileiro não era quem tinha nascido no Brasil, mas o português, de fala nativa apressada, que tinha vindo ao Brasil ganhar dinheiro e tinha voltado para desfrutá-lo em Portugal). Falar mais devagar era o efeito do clima quente obrigando a adaptações que permitissem viver melhor nestas condições em que o próprio ambiente aumenta o peso do trabalho.

Euclides da Cunha, autor do épico 'Os Sertões', traz detalhado processo de efeito das temperaturas das temperaturas altas das regiões equatoriais brasileiras no metabolismo humano, resumindo sobre isto o conhecimento da época, ao redor dos anos 1900, quando seu livro foi escrito. Novos trabalhos há com a preocupação de Adaptação a um mundo mais quente e suas consequências.

Pode-se destacar um trabalho apresentado numa reunião da Associação de Economistas de Língua Portuguesa, sobre Adaptação ao Aquecimento Global. Apresenta informação, em forma gráfica, do efeito observado da temperatura sobre a eficiência humana. Mostra que há uma perda de cerca de 2% de eficiência por cada grau centígrado de temperatura acima de 25 graus. Coincidentemente o estudo sobre o efeito da temperatura no aprendizado traz como resultado uma diminuição de 1% nas notas obtidas por cada grau Farenheit adicional de temperatura, em idênticas condições à relação previamente expressa, resultado praticamente idêntico ao anterior, pois um grau centígrado equivale, a grosso modo, a dois graus Farenheit. A perda da eficiência do aprendizado com aumento da temperatura ambiente é da mesma ordem de grandeza da perda de eficiência em atividades produtivas em geral.

O efeito negativo da temperatura não se esgota na perda de eficiência. A qualidade de vida pode sofrer perdas devido à ação de temperatura mais alta, adicionada a perdas diretamente devidas a causas de mais elevada temperatura. Veja-se um exemplo de perda de qualidade de vida devido a temperatura mais alta e à incidência da maior radiação que a causa. Aconteceu com o autor desta postagem ter de, durante algum tempo, fazer uma certa caminhada no horário da maior insolação. Da esquina da Rua Amélia com a Av. Rui Barbosa, Graças, Recife, Brazil, até a esquina da Rua Amélia com a Av. Rosa e Silva são 564 metros, segundo o Google Maps. (Veja: https://www.google.com.br/maps/@-8.0448395,-34.8991844,699m/data=!3m1!1e3). A caminhada no meio dia, já no horário mais quente do verão, mês de janeiro, verão no hemisfério Sul, era feita agradavelmente sob a contínua sombra de árvores. Chegava à esquina da Rua Amélia com a Av. Rosa e Silva sem um pingo de suor. Prosseguia pela Rua Amélia até a esquina com a rua do Espinheiro. Um trecho de 205 metros no qual a sanha da modernidade equivocada, apaixonada por letreiros e anúncios,  arrancou todas as árvores, a exceção de uma, à frente de tradicional supridor de frangos fritos, um chinês que, estrangeiro, respeitou a proibição formal de arrancar árvores, do governo municipal e do governo estadual. Caminhar por estes 205 metros era um inferno. Desde as primeiras horas da manhã o sol de 8 graus de latitude esquentava impiedosamente o solo. Somado a temperatura do ar o calor vinha dos raios solares incidentes no caminhante, da radiação que emanava do solo de cimento aquecido, da reflexão do sol nas fachadas e da radiação que delas, aquecidas, emanava. Ao fim dos 205 metros eu estava inteiramente molhado de suor, literalmente das meias à gola da camisa. Dobrando à esquerda na Rua do Espinheiro, mais cento e noventa metros, sob contínua sombra de árvores, sem acréscimo de suor. Alguns metros mais estava em casa. Exposto ao suor acumulado nos 250 metros da modernidade equivocada. Não se tratava de uma competição em horário tornado impróprio pelas novas temperaturas, cuja adaptação envolve mudar o horário. Se tratava de um deslocamento para o trabalho e de volta para casa, atormentado pela falta de continuidade do ensombramento. Não havia a chance de mudar de horário.

Na mesma temperatura do primeiro meio quilômetro de caminhada, ensombreada, confortável na hora mais desgastante do clima equatorial litorâneo, os duzentos metros seguintes foram severamente desgastantes. O termômetro marcava nos postos de observação climática, a mesma temperatura, quando estava num e noutro trecho da caminhada.  Na mesma temperatura anunciada pelos sistemas de observação das condições de tempo, duas condições profundamente diferenciadas. Suponha que a Prefeitura tivesse cumprido o seu papel de zelar pelas condições urbanas, especialmente das vias urbanas e a caminhada de três quartos de quilômetro tivesse sido feita em calçadas continuamente ensombradas. O almoço teria sido feito com o conforto  de ter sido precedido de uma suave caminhada. Mas não, bastaram duas centenas de metros de exposição a um ambiente sem ensombramento, para que os nomes das lojas pudessem ser vistos sem a perturbação visual de árvores, para que  as condições tornassem o almoço precedido de desconforto.


Perdas, inclusive de eficiência, causadas por situações que fogem à media, a exemplo de como a descrita foge do ensombramento médio, exigem uma metodologia diferente para a estimação. São necessárias, em geral, pequenas amostras em condições "de laboratório", ou seja, com indivíduos estudados sob condições se não controladas, mas observadas com mensurações de frequência conveniente para o que esteja sendo pesquisado e aplicadas de forma a revelar as condições específicas a que os agentes pesquisados estão expostos. Mas são estudos importantes para que se possa manter a mais alta possível qualidade de vida, em condições sustentáveis, a todos os membros da sociedade. As condições externas às classes podem ter fortes impactos nos níveis de aprendizado. E é preciso que as condições externas às classes contribuam, quer elas sejam ou não dotadas de ar condicionado, a um melhor aproveitamento dos estudantes e a uma menor diferença de rendimento escolar entre os que contam e os que não contam com ar condicionado em suas classes.

O objetivo de dotar todas as classes de aula em um país tropical de ar condicionado deve ser perseguido com afinco. O ensombramento contínuo para o conforto dos pedestres e dos ciclistas deve ser um padrão a ser implantado tão rapidamente quanto possível.


segunda-feira, 21 de maio de 2018

Could plastic roads help Adaptation to Global Warming?

É, sem dúvida, uma idéia na direção da Adaptação ao Aquecimento Global: uso do plástico na pavimentação. Ao invés de usar um dos componentes mais pesados em que se pode decompor o petróleo, o betume, vem a idéia inovadora do uso do plástico reciclado na forma de grãos.

A idéia tem a seu favor a redução da poluição causada pelo plástico, que hoje atinge os mais distantes rincões. Poeira de plástico desintegrado pelos raios solares é encontrada nos gelos continentais e nos gelos marítmos. Cada quilo de plástico usado na pavimentação iria contribuir a reduzir a poluição. E um mundo menos poluído é um mundo mais resiliente ao Aquecimento Global.

A idéia inovadora deve ser testada na prática. Tem a seu favor empregar o mesmo maquinário usado na pavimentação asfáltica; os mesmos insumos afora o betume substituído; e o mesmo processo. É um ovo de colombo.

Esta idéia inovadora merece um largo e profundo programa de pesquisa. Na natureza cessa a profunda semelhança entre o inovador asfalto plástico e o convencional asfalto betuminoso.

Temos que saber o que acontece com o poder poluidor do asfálto plástico, comparado ao asfálto betuminoso. O plástico, desgastado pela passagem de pneus e pelo sol libera partículas que voarão longe, como as particulas de asfalto betuminoso. Mas seriam elas menores?; voarão em média mais longe?; como afetarão o albedo das superfícies geladas, quando comparado com a poeira dos aslfalto betuminoso?; e nossos pulmões?; estaremos mais expostos ou menos expostos aos canceres derivados da poluição aérea?. Precisamos usar os dois para ver como se comportam comparativamente na prática.


domingo, 20 de maio de 2018

The Cost Of US Weather-Climate Disasters In 2017 Was $306 Billion. How about the Climate Resilience Funds?


The adaptation to global warming vindicates resilience funds. The damage effects of the extreme weathers and the like may result in death or personal injury and losses of personal goods or of productive means. The  cost of US Weather-Climate Disasters in 2017 was $306 billion. Think about this cost at the world level!

Many times the disasters strike almost instantaneously. Sometimes, however, a climate originated disaster takes an insidious form: the drought, for instance, comes slowly. Almost not noticeable in the begin. But it may becomes highly destructive as time goes by.

If there are not funds to help those hit that otherwise would be thrown towards pronounced lower levels of perennial productivity, there is a deepening loss for the entire economies. You may not see these losses in the nationals level data, since they refer to a minority of economic agents and thus are overcomed by the annual gains of the majorities, resulting from their economic activities. But the insidious recorrence of the presence of people having  irrecuperable loss, and becoming permantently less productivies bring the entire national economies to a steady lower paths.

It is worth pointing out that to be effective as an adaptation tool, the help should be directed to move the actions of the distressed in direction of activities more resilient to the events that caused their distress. Otherwise the societies would be just socializing the losses, but not contributing to smaller losses in the future, what be called Adaptation. In accordance with the thought of José Molinelli,

geomorphologist at the University of Puerto Rico, in reference to Puerto Rico, after the disastrous huricane Maria in 1917: The intelligent, resilient vision, is to respect the places of nature, of flooded areas, he says." You have to think about how to redesign the country." But to rebuild you need funds, one needs resilience funds. 
But how about the Climate Resilience Funds?

See bellow for comparison the amounts of losses and the funds for alleviation.

https://www.forbes.com/sites/marshallshepherd/2018/01/09/cost-of-weather-climate-disasters-was-306-billion-in-2017-what-could-you-buy-with-that/#4f55cbb271ed


http://www.circleofblue.org/waternews/2014/world/obama-announces-us-1-2-billion-drought-aid-package-proposes-us-1-billion-climate-resilience-fund/

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Desenvolvimento econômico e Adaptação: Informação e Politca Econômica

E compreensiveĺ que o Desenvolvimento Econômico concorra a construir um ambiente mais favorável à Adaptação às Mudanças Climáticas. O Desenvolvimento Econômico está positivamente correlacionado à renda per capita, assim está correlacionado à disponibilidade de recursos para a pesquisa sobre Adaptação, bem como com recursos para assimilação de práticas adotadas em outros países,  bem como positivamente correlacionado com capacidade de adoção, pelos produtores, de praticas produtivas desenvolvidas pela pesquisa nacional ou assimiladas de outras economias. Uma recessão faz cair o produto per capita, dificultando, neste sentido, a Adaptação. O Brasil viu o seu crescimento populacional reduzido a 0,9% ao ano, conforme artigo publicado no prestigioso jornal brasileiro O Estado de São Paulo, tratando de itens negativos entre as notícias relacionadas à atual recessão,  a pior da história republicana brasileira (http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,as-piores-noticias-da-recessao,70001692555). É o primeiro item do artigo, a questão da renda per capita e seu binário,  o crescimento populacional http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/rescimento populacional brasileiro foi de 1,7% (1.7%) entre 2000 e 2010, já tendo se reduzido a 0,8% (0.8%) em 2016. Esta corretíssima a análise do jornal. É fundamental exprimir a queda da renda em termos per capita em vez exprimi-la só em termos de produto total. A queda em termos de produto per capita exprime de forma mais adequada a redução  na capacidade de Adaptação às Mudanças Climáticas, além  de redução na possibilidade de retomar à trajetória prévia de crescimento da renda per capita, esta levada em consideração no artigo do jornal.

A  capacidade de crescimento do produto nacional está relacionada à capacidade de investir. A Formação  Bruta de Capital Fixo - FBCF cai numa recessão, uma queda que simultaneamente é causada pela redução do produto nacional e simultaneamente causa a recessão.  A atual recessão brasileira  se expressa pela queda de  7,3% (7.3%) do PNB, enquanto a  FBCF caiu 20%, como fração do PIB, agravado por ser uma fração menor de um PIB menor.

Em princípio uma retomada representa uma oportunidade de um redirecionamento do aparelho produtivo, inserindo nele uma maior capacidade de Adaptação ao Aquecimento Global. Todavia, a total falta de consideração para com esta questão leva a que seja considerada apenas a relativa perda da capacidade de investimento no futuro imediato, o que pode se traduzir apenas por uma força a mais contrária ao desenvolvimento da capacidade de Adaptação.  

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2011).  Sinopse do Censo Demográfico: 2010/IBGE. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em  http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/. Acesso em 09 mar.2017.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017). População brasileira cresce 0,8% e chega a 206 milhões. Disponível em  http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2016/08/populacao-brasileira-cresce-0-8-e-chega-a-206-milhoes. Acesso em 10 mar. 2017.

            

O  Estado de São Paulo (2017). As piores noticias da recessão. Disponível em http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,as-piores-noticias-da-recessao,70001692555. Acesso em 09 mar. 2017

quinta-feira, 3 de maio de 2018

As for "fake weather reports"? Do they help Adaptation to Global Warming

According to The Guardian, April, 30th, Egypt is in process to crack down on "fake weather reports". As a matter of fact, weather reports vary between a note about the temperature in some place at some moment, and highly detailed  information about precipitation, gusts and average wind speed and direction, relative humidity, atmospheric pressure, and other related things as well, as, for instance, anomalies.      

Weather reports, not forgetting the forecasts and climate previsions and predictions, are demanded by those who answered the research on the thought of agricultural researchers about measures to neutralize the negative effects of the Global Warming carried in the Brazilian equatorial region (taken as from latitude 15 N to 15 S). The agriculture needs previsions for the next month, to orientate the cultural traits; needs predictions for the next months, to direct choices of short term cultures, needs predictions for the years ahead, to elect the perennial cultures. The logistic industry needs reliable predictions for planning the next week, the next month, for the nature and amount of investment to adapt to anomalies and extreme events, a need also felt by the insurance industry. They need predictions in a resolution of a square mile, not in resolution of a thousand square miles as the present climate predictions which are delivered by the official meteorological offices anywhere.

And now, what to say?

The producers need reports that the governments presently do no give them. They need reports, with nature of previsions, in a resolution higher than those already disposable. But the society and the producers, need accurate previsions, as accurate as can be done by the use of the best data and the state of the art knowledge. They find harmful any innacurate report, be it from people trying to use it as a political tool against a government, be it from a government to attain public support.

What is better for those who need weather reports? Government monopoly or freedom to elaborate weather reports?

Free and responsible debate is necessary to point a solution. And the solution may vary with geography and time. The free debate, inspired in the ancient Greek "ágora" is, by itself, a tool for the creation and control of solutions for Adaption to the Global Warming. It should be encouraged everywhere.
.          

sexta-feira, 30 de março de 2018

Adaptação, Patentes e o poder de cura do açucar

Os efeitos do Aquecimento Global são causadores de stress social. Vítimas de desastres quando são indenizadas têm, como norma geral, parte do prejuízo atenuado, mas outra parte não tem indenização. Saem prejudicadas por algo que não causaram. Pense nos fazendeiros que em Santa Catarina, cerca de dez anos atrás, após fortes tempestades com muito pesadas precipitações perderam suas safras, seus equipamentos, suas plantações, seus animais e tiveram até a topografia de suas terras alteradas. Toda a indenização que lhes seja dada é apenas parcial.

 Quem vai indenizar o choque psicológico de ver destruído o que construíram com anos e anos de trabalho?

Quem vai indenizar o stress adaptativo de fazer frente a uma nova realidade em que subitamente novos conhecimentos lhe são demandados num ritmo incompatível com a velocidade de aquisição, por súbito que surge a necessidade de tê-los já acumulado, para que possam fazer frente a novas decisões que de repente lhes são necessárias que tomem?

Quantas perguntas dessas "quem ...." podem ser feitas e que não terão resposta?

Os desastres causados pelas Mudanças Climáticas, quando há indenização das vítimas, há uma socialização das perdas indenizadas. E fica sempre uma parte significativa da perda total sem reparação. Como o Aquecimento Global vai aumentando o número de desastres naturais, vai trazendo stress sobre  um número crescente de pessoas.

Isto é só a parte aparente de um gigantesco iceberg.  Há bilhões de habitantes da Terra que em poucas décadas adiante vão sofrer as consequências de insuficiente acesso à água. Não são os estrelares eventos extremos, chocantes, que alimentam noticiários. São os insidiosos efeitos negativos que, na surdina, vão retirando capacidade de produtividade da terra, vão aumentando a exposição a doenças, etc. Enfim, entramos numa nova era, a da Inovação para se contrapor aos efeitos negativos das Mudanças Climáticas. É a era da Adaptação ao Aquecimento Global como instrumento de sobrevivência.

Os ingleses desenvolveram, há séculos, um sistema interessante de impulsionar a inovação. O patenteamento. Funciona bem quando há meios de apropriação adequada dos frutos da inovação. Mas isto nem sempre é possível. Às vezes o patenteamento atrasa o desenvolvimento. Pense no caso dos irmãos Wright. Patentearam um sistema de controle de inclinação lateral das asas de um planador/avião.

Duas peculiaridades faziam de pouca serventia sua original e importante idéia central de controlar a inclinação lateral das aeronaves. Primeiro seu modelo patenteado era aplicável exclusivamente a asas tão flexíveis como as asas de lona ou seda, ou nylon de paraquedas. Pense num Boeing ou num Airbus com asas de lona, para poder usar um invento que exigia um alto grau de flexibilidade das asas.  Segundo o torcer as pontas das asas de forma conveniente a incliná-las para um lado, ou para o outro, conforme  a curva que o planador ou avião fosse fazer era, no seu modelo patenteado, mecanicamente acompanhado de mover o leme de direção para prover a mudança de direção desejada. Era um comando só para os dois distintos elementos de interferência no vôo: o elemento  que controlava girar ou não em relação ao eixo vertical e o elemento que controlava girar em relação ao eixo longitudinal. Mas o vôo para ser controlado precisa de independência nestes dois comandos. O seu sistema de controle só permitia sucesso em vôos em baixa velocidade, quando a tendência da aeronave a permanecer estável, com as asas pouco inclinadas para um lado ou para o outro superava a tendência a rotação contínua em torno do eixo longitudinal. Um caça moderno, de alta velocidade, giraria como uma broca na ponta de uma furadeira, ao tentar fazer uma curva para a direita ou para a esquerda. Só em 12 de novembro de 1906, na Europa, voou um avião com comando separado para a inclinação lateral e para o giro à direita ou à esquerda. E este comando de inclinação lateral estava construido em pequenas asas, ailerons, que se moviam independentemente das asas que proviam sustentação. Não exigia que as asas fossem construídas com flexibilidade. Podiam ser metálicas e os ailerons funcionariam da mesma forma. É a solução adotada em todos os aviões. Mas nos USA os juízes nacionalistas entendiam que dava no mesmo ter controles separados ou não, assim como torcer as pontas das asas ou inclinar devidamente pequenas asas adicionais independentes, os ailerons. Como resultado todo avião que se apresentasse nos USA voando com controles laterais seria apreendido até que fosse negociado com os Wright o pagamento do uso da patente. Como resultado a aviação se desenvolveu na Europa. Os USA ficaram numa tal situação de atraso inicialmente, em relação à aviação, que seus aviadores, na primeira querra mundial, aprendiam a voar e voavam aviões europeus. Ou seja, patente tem suas limitações com impulsionador de desenvolvimento. Pode ser, também, um freio, como foram neste caso.
  
Coube aos ingleses, inventores da patente, comentar como estas podem agir contrariamente ao desenvolvimento nos dias de hoje. O açúcar, um poderoso cicatrizante, não é usado, nem se estudam formas inovadoras de usá-lo, porque não pode ser patenteado. Veja The hidden healing power of sugar. Conta como o pesquisador africano Murandu que relata

                      To treat a wound with sugar, all you do, ..., is pour the
                      sugar on the wound and apply a bandage on top. The
                      granules soak up any moisture that allows bacteria to
                      thrive. Without the bacteria, the wound heals more
                      quickly. Evidence for all of this was found in Murandu’s
                      trials in the lab. And a growing collection of case
                      studies from around the world has supported Murandu’s
                      findings, including examples of successful sugar 
                      treatments on wounds containing bacteria resistant to
                      antibiotics. Even so, Murandu faces an uphill battle.
                     Funding for further research would help him reach his
                     ultimate goal – to convince the NHS to use sugar as an
                     alternative to antibiotics. But a great deal of medical
                     research is funded by pharmaceutical companies.
                     And these companies, he points out, have little to gain
                     from paying for research into something they can’t patent
                    (BBC, March 30, 2018).

Entramos numa era em que precisamos de mais inovações para contrabalançar os efeitos negativos das Mudanças Climáticas. Devemos estar atentos às vantagens dos sistemas de patentes. Mas é imprescindível que estejamos atentos a incentivar inovações que não podem ser trazidas pelos atuais sistemas de patente. Inovações que eles inibem. E devemos ser inovativos para manter sistemas de patentes apoiados na apropriação dos ganhos e, simultaneamente superar as situações em que os sistemas de patente atuais sejam inibidores de desenvolvimento, como novos usos de substâncias que não estejam sob a proteção de patentes, com os royalties que tal proteção gera. Isto para não falar do poder de desacretidar resultados não patenteáveis, entre outras ações de análoga intenção.


WIGGINS, Clara. The hidden healing power of sugar. BBC, March 30, 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/future/article/20180328-how-sugar-could-help-heal-wounds. Acesso em: 30 mar. 2018.  


segunda-feira, 5 de março de 2018

Haverá mais uma guerra mundial?

A Etologia, criada a partir de trabalhos de Konrad Lorenz sobre o comportamento de animais, visualiza uma mudança de arranjo social quando um grupo se vê diante de uma mudança ambiental que torna mais árdua a vida e compromente a reprodução dos grupos daquela espécie. A vida social organizada de forma mais livremente democrática cede a uma organização onde duas mudanças se tornam frequentemente mais visíveis, uma no comportamento dos indivíduos, outra na organização dos grupos. O aumento da frequencia do comportamente homossexual é uma resposta frequentemente encontrada a nivel dos indivíduos. A passagem a uma organização onde aparece a figura do mandante, o ditador, é uma frequente resposta na organização social.

A Antropologia, no que respeita aos habitantes nativos do lado oriental da cordilheira dos Andes, organizados em tribos, das quais ainda há intocadas pelos auto-denominados civilizados, de formação ocidental cristã, as vê, em sua expressa maioria, com caciques, como chefes supremos. Supremos em tempos de guerra, ressalve-se. Como norma geral o cacique é absolutamente igual aos demais nos tempos de paz. Na tribo cada um faz o que lhe dá na telha nos tempos de paz, sendo restritos os comportamentos a uma conformação social nas ocasiões dos rituais, onde cada um faz o que lhe cabe. Mas há os tempos de guerra. E nesses tempos o cacique manda e os outros obedecem. Contestações e discussões não são compatíveis com a eficiência a cada instante demanda pelas ações numa guerra. Nesse tempos o cacique ordena e os outros cumprem. Depois, passada a guerra, volta tudo com dantes.

Na hora em que uma das nações gigantes da Terra muda sua constituição para permitir que um presidente eleito, pela possível continuada reeleição, se faça um cacique de tempos de guerra, se pode colocar como um dos motivos o entendimento de seus dirigentes de que haja uma real perspectiva de uma inevitável guerra, para a qual se vejam assim melhor preparados. Se este for um real motivo, a perspectiva é péssima para todos os humanos. Os custos de uma guerra que envolva nações gigantes são tão altos que todos terão mais a perder.

A Adaptação ao Aquecimento Global fica exposta a grandes retrocessos e impedida de avanços. É mais um custo de uma conflagração que, por si, como efeito secundário, amplia as Mudanças Climáticas e seus efeitos sobre todos.

Esperamos que a perspectiva de guerra não seja o motivo para a mudança da constituição que motiva esta postagem.  Seria esta mudança um comportamento ditado pela Etologia? 

sexta-feira, 2 de março de 2018

Brasil festeja crescimento "migalha" de 0,23% do GDP (PIB) per capita em 2017

A economia brasileira cresceu negativamente seu GDP (PIB) per capita entre - 0,80 % e - 0,90% entre 1990 e 2015, em comparação com o GDP mundial. Os anos de 2015 e 2016 foram excepcionalmente cruéis, com crescimentos anuais do produto per capita no entorno de - 4% em cada um destes dois anos (Da ordem de -6% ao ano se considerado como relativo ao GDP mundial). Do ponto de vista de indicação da capacidade de Adaptação ao Aquecimento Global pelo crescimento do GDP relativo ao mundial encontrou-se uma capacidade abaixo da média mundial entre 1990 e 2015. A brutal recessão piorou a situação relativa. Uma medida tomada pelo legislativo congelou o orçamento público disponível para os próximos 19 anos (foi por 20 anos, mas um ano já se foi). Ou seja, pelas próximas duas décadas estará o Brasil com a capacidade de  Adaptação seriamente prejudicada, pois Adaptação requer gastos extras no presente para evitar perdas no futuro. E gastos públicos extra estão fora de propósito.

Ontem, 1 de março de 2018, os jornais de notícias das televisões expuseram com grande alarde o cresimento de 1% do GDP (PIB) em 2017, em fala do senhor Ministro da Fazenda. Saimos da recessão com 1% de crescimento do PIB medido em termos convencionais, auto-referenciado. Sem dúvida a economia brasileira já bateu no fundo do poço. O PIB per capita convencional, o que tem valor para os cidadãos em vez do PIB nacional, parou de diminuir. E apresentou um crescimento auto-referenciado de 0,23% em 2017, pois a população cresceu 0,77% neste ano (valor de 1 de julho de 2016 a 30 de junho de 2017, Diário Oficial da União, 30 de agosto de 2017, p.55). Continuou a haver um forte declínio anual em relação ao GDP per capital mundial. Mas ter encontrado o fundo do poço é um real motivo para festa.

Há uma indubitável situação de superação do estado de decréscimo do PIB per capita auto-referenciado, ou mesmo de desgraçada estabilização num valor constante.  Ou seja, volta o Brasil a crescer quando comparado a si mesmo em momentos anteriores. Pifiamente, sim, mas comemorável como fim de uma  recessão. Mas, não dá para comemorar aumento da capacidade de Adaptação. 




segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Um incentivo Infeliz



A sigla IPVA significa Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotivo, um imposto anual, estadual, pago no Brasil, incidente sobre o patrimônio na forma de veículo automotivo. Mas, no estado de Pernambuco os carros elétricos não pagam IPVA.

O título “O carro elétrico desafia o mercado brasileiro” tomou o maior destaque da página frontal do Jornal do Commercio de Recife, Brasil, na quinta-feira 15 de fevereiro deste 2018, o dia seguinte à quarta-feira de cinzas, este o dia de descanso de um pais exausto pelo carnaval. Para o dizer dos brasileiros mais jocosos essa quinta-feira foi o verdadeiro primeiro dia útil do ano. Para a maior parte da humanidade não há como entender o que, por broma, dizem os brasileiros sobre o dia que segue a quarta-feira de cinzas ser o primeiro dia efetivo de trabalho no ano. Mas o que é sério é que a maioria dos sete bilhões de habitantes do planeta Terra não entende como, já completamente restabelecido do carnaval, se defenda de forma acrítica, num estado com 9,5 milhões de habitantes, onde há sólida produção de alcool combustível, que

o incentivo aos veículos movidos a baterias recarregáveis na Europa caminha a todo o vapor, no Brasil estímulo é tímido e País pode perder bom momento caso não perceba mudanças no setor (Jornal do Commercio, 15/02/2018).

Entendem os sete bilhões que o Brasil, com grande vantagem na produção de álcool combustível, pela alta produtividade que o sol fornece à gramínia cana de açúcar, face aos países mais desenvolvidos, tem a perder e não a ganhar com os carros elétricos. O Brasil que tem nos carros a álcool que circulam em suas ruas uma excelente solução para que a circulação de veículos não agrave o Aquecimento Global está com a sua capacidade de produção de energia hidroelétrica já em plena utilização, restando pequena margem para ampliação. O parque de energia elétrica de base eólica que se amplia a cada dia, mas é insuficiente, sendo complementado pelas caras termoelétricas. Mas a aposta do carro elétrico, que pela reportagem, devemos apoiar com afinco, vai deixar de lado a produção de cana de açucar, que transforma CO2 em álcool, para apoiar um produto que vai consumir energia elétrica, produzida por meios mais dispendiosos. Por que devemos apoiar o que irá custar mais caro para nós?

O tom da matéria publicada é que devemos incentivar com firmeza os carros elétricos porque são uma realidade inevitável no futuro. Se não o fizermos vamos perder o bonde da história. Mas qual a vantagem de jogar os recursos escassos para financiar a compra de carros elétricos? As empresas que produzem carros aqui no Brasil adotarão a produção de carros elétricos quando for mais vantajoso para elas, tenhamos ou não dispendido, no atual momento, escassos recursos para incentivá-los. A Fiat, a Ford, a General Motors, a Volkswagen, a Mitsubishi, a Honda, etc, com suas fábricas no Brasil e em outros países não vão depender, para decidir produzir carros elétricos aqui, de dinheiro público brasileiro que fará falta a usos alternativos hoje dramaticamente necessários. Ou seja, o dinheiro empregado para incentivar o seu uso agora é dinheiro jogado fora.

Mas o que se reclama como pouco incentivo é, na realidade, um grande incentivo que Pernambuco dá à importação de carros elétricos que desbancam os carros nacionais a álcool, inclusive os produzidos em Pernambuco. Como a matéria ressalta, os carros elétricos têm o incentivo da isenção de IPVA, um imposto anual sobre patrimônio no Brasil, que incide sobre valor dos veículos (valor da fatura para carros novos; valor indicado pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica – FIPE, da Universidade de São Paulo – USP para os usados; o valor indicado pela FIPE serve também para os seguros automobilisticos; são, em geral, mais elevados do que os praticados efetivamente no mercado local). É um imposto nada desprezível. É um imposto estadual e cabe os estados atribuirem as alíquotas que incidem sobre o valor dos veículos conforme lhes aprouver. No estado do Ceará, estado litorâneo onde os turistam ouvem contar com sol todos os dias do ano em suas praias, os cidadãos do estado são expostos anualmente a pagarem de IPVA de 2,5% a 3,5% do valor de cada veículo que possuirem, conforme a potência do motor. Já em Pernambuco, onde se reclama mais dedicação de dinheiro do estado para incentivar o uso de carros elétricos, paga-se anualmente de 3,5% a 4% sobre o valor dos carros (Tabela 1).

Tabela 1 Taxa de Incidência do IPVA – Imposto anual sobre o patrimônio incidente sobre o valor
de automóveis no Ceará e em Pernambuco - 2018 Brasil

Potência do motor
Taxa de Incidência Anual sobre o valor do automóvel
Estado do Ceará (1)
Estado de Pernambuco (2)
Até 100 cv
2,5 %
3,5 %
Acima de 100, até 180 cv
3,0 %
3,5 %
Acima de 180 cv
3,5 %
4,0 %

Em Pernambuco, onde historicamente não houve habilidade para a obtenção de uma boa renda do turismo, tenta-se compensar espremendo os cidadãos locais. E nesta compensação Pernambuco, que renuncia a receita do IPVA dos carros elétricos, espreme mais os menos afortunados, que possuem carros com até 100 cv, pois pagam IPVA com a mesma aliquota de 3% aplicada aos carros com motor de até 180 hp. Pode parecer desprezível o valor do IPVA, mas para a grande maioria dos donos de automóveis representa um montante considerável.

Note-se que seja no Ceará, seja em Pernambuco, um assim chamado profissional liberal compra um carro um no início de sua carreira profissional, tome-se como 25 anos o típico desta situação. Aos 65 se aposenta, tipicamente, de acordo com as regras atuais. São, até este momento, 40 anos, nos quais ele, ao se manter com um carro de até 100 cv terá pago de IPVA integralmente o valor médio do seu carro ao longo deste período. Isto no Ceará. Mas se for em Pernambuco, terá, em identicas condições, pago o valor médio, ao longo destes 40 anos, o integralmente o valor médio do seu carro, mais 20,0 % deste valor médio. Os principais fabricantes de carros instalados no Brasil fabricam modelos com menos e com mais de 100 cv. Os com menos de 100 cv são, em geral, mais baratos. Pernambuco torna a vida mais cara do que o Ceará para os que usam carros mais baratos. São carros como o Mobi da Fiat e o Kwid da Renault, cujos modelos mais simples custam no entorno de R$ 30.000,00, justamente o preço das baterias do carro elétrico que motivou a reportagem. A classe média se sai melhor no Ceará.

A isenção de IPVA em Pernambuco para carros elétricos, por seu turno, beneficia os mais abastados. Uma classe econômica muito superior à classe média. Nada a ver nem com a média alta. Trata-se de benefício à classe alta, indubitavelmente alta. A matéria publicada no Jornal do commercio expõe um BMW elétrico, com 170 cv. É de um fabricante, sem fábrica no Brasil, apresentando como modelo mais popular, um que tem preço a partir de R$ 170.000,00. Mas, se o leitor tem espírito esportivo o modelo correspondente tem preço a partir de R$ 800.000,00. Dá para comprar uma forta de 13 Mobis e mais 13 Kwids. É coerente com o fato dos donos de um automóvel elétrico, em Pernambuco, não sentirem diferença na conta de energia elétrica quando passam a usá-los.

Carros elétricos já eram produzidos pela brasileira Gurgel. Foram imaginados para consumir energia elétrica num tempo em que a fartura de energia elétrica tornou-se tão grande no Brasil que foi criado um programa para incentivar o seu consumo, o EGTD – Energia Garantida por Tempo Determinado. A energia no programa EGTD tornou-se tão barata que empresas industriais chegaram a fazer algo impensável, qual seja substituir o óleo combustível por energia elétrica na geração de vapor para fins de transformação industrial. Mas, nesta época, faltava aos veículos da Gurgel o apoio de baterias de lítio, sendo prejudicados pelo comparativamente fraco desempenho das baterias chumbo ácidas, as que continuam mundialmente consagradas para a operação da parte elétrica de motores de combustão interna, como os motores usados nos carros a álcool e a gasolina. Mas agora, nos dias atuais, não há capacidade de geração de energia elétrica sobrando. Há, sim, faltando. Ou seja, é hora de ser aconselhável usar o alcool como combustível nos nossos carros, em vez de pressionar mais o sistema de geração de energia elétrica. E os carros a álcool são menos contribuintes ao Aquecimento Global do que os carros elétricos, quando se leva em consideração a construção das baterias de lítio, conforme visto na postagem Carros Elétricos: um choque.

O estado de Pernambuco é sede de uma empresa exemplar na área automobilistica. Começou com uma das muitas fábricas que há nos países menos desenvolvidos de baterias que utilizam baterias velhas e usam o seu chumbo para fazer novas. Décadas após fundadas, continuam tão precárias quanto quando foram criadas, alimentando um mercado de veículos envelhecidos, igualmente precários. Mas essa de Pernambuco recebeu uma orientação correta do ponto de vista empresarial. Foi uma feliz união de estratégia tecnológica, determinação de seus proprietários, resiliência para absorver os choques econômicos, capacidade gerencial, etc. E transformou-se na maior fábrica de baterias automotivas ao sul do Rio Grande (separa os EUA da América Latina). Seu progresso tecnológico culminou com o recente estabelecimento de um instituto de pesquisa tecnológica próprio, o ITEMM, Instituto Tecnológico Edson de Moura Mororó, que dá melhor organicidade às atividades de pesquisa e aquisição de tecnologia que acompanharam a evolução da empresa. A competência maior do instituto é na área de baterias chumbo-ácidas, onde o instituto e a empresa produtora concentram suas expertises, já que abastece o mercado automobilistico existente atualmente. A empresa está atenta às tendências dos países desenvolvidos e, através do seu ITEMM, vai ganhando conhecimento na área de produção de baterias de lítio. É na construção da capacidade de produzir, competitivamente, baterias de lítio que reside, para Pernambuco, o não perder o bonde da história no que se refere a carros elétricos. Se tem que incentivar atividades relacionadas a carros elétricos, que respondam ao incentivo com emprego e impostos pagos em Pernambuco é no ganho de conhecimento tecnológico para a produção de baterias de lítio que encontra racionalidade para uma ação pública de incentivo e não na aquisição de carros elétricos importados. A tendência a que uma significativa fração da frota mundial de automóveis venha a ser constituída de carros elétricos é tão altamente provável que os chineses quietamente já compraram quase todas as minas de litio conhecidas e dominam seu mercado. Por isto, estejamos preparados para esta situação que chegará ou não, mas se chegar ou não, será, com certeza, à revelia de nossas ações. E se o Brasil vai produzir carros elétricos ou não, isto não será alterado por renúncia fiscal para financiar a compra de carros elétricos importados.

É apontado pelos chineses, ao comprarem as minas de lítio, que o carro elétrico vem mesmo. E, mesmo sendo mais racional o uso do carro a ácool entre nós haverá que prefira o carro elétrico. Afinal, fomos treinados para termos a Europa Ocidental como a nossa matriz mental, e tudo que for aprovado lá, deve ser aprovado cá e o que for reprovado lá, deve ser reprovado cá. Mas os tempos vão mudando e vai diminuindo o efeito do treinamento. A maioria já descobriu no Brasil que maio não é nosso mês das flores, como era tomado como verdade até meados do século XX. E que a Embrapa viabilizou ser a produção de soja e derivados no Brasil da mesma ordem de grandeza de todo o produto agrícola da França, o maior da Europa. O tempo vai levando a que o que é bom para o Brasil seja considerado segundo a ótica brasileira.

Sabemos ser em vão. Mas a mudança do esmaecimento do treino colonial nos amima a gritar: se Pernambuco está tão bem que abre mão do IPVA para carros de luxo elétricos, quero meu IPVA de volta. O motor de meu carro funciona com álcool, contribui menos ao Aquecimento Global do que os carros elétricos, com suas baterias de lítio cuja construção é profundamente agressiva ao meio ambiente e gravosamente contribuinte ao Aquecimento Global. O álcool é nosso, gera emprego, renda e impostos aqui. Não devemos desincentivá-lo. Quero meu IPVA de volta!

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Educação Digital é Adaptação (ao Aquecimento Global)



Educação Digital pode ser pensado como nada tendo a ver com Adaptação ao Aquecimento Global e seus efeitos na forma de Mudanças Climáticas. Mas como medidas de Adaptação há medidas específicas e medidas de âmbito geral. A educação da população é uma importante medida geral, em muitos casos, a mais importante.

A educação digital é um componente hoje indispensável da educação geral. Reforça a eficiência do processo educacional, quando os conhecimentos digitais são usados corretamente em benefício deste processo. A educação básica, por sua vez, é um componente importante do índice de desenvolvimento humano HDI.

Em países onde haja um baixo nível de educação, especialmente um alto nível de analfabetismo, o nível de HDI pode ser usado como um indicador da capacidade de Adaptação. Este foi um resultado encontrado em pesquisa sobre medidas locais de Adaptação ao Aquecimento Global com os municípios do Norte e Nordeste do Brasil:

Recomenda-se aos governos municipais, como uma medida não específica de Adaptação, que maximizem esforços para aumento dos níveis de IDH.

Medidas de Adaptação Local ao Aquecimento Global - Resumo Executivo. Available from: https://www.researchgate.net/publication/319459584_Medidas_de_Adaptacao_Local_ao_Aquecimento_Global_-_Resumo_Executivo [accessed Feb 03 2018].


Os governos municipais devem cuidar da Educação Digital como parte integrante indispensável a um processo de educação atualizado. Ao fazerem isto estabelecem melhores condições para que a população possa participar de processos de escolhas de alternativas de medidas de Adaptação que contemplando as peculiaridades de cada grupo de pessoas e interesses, divida de forma justa os custos assumidos pelo governo municipal e os benefícios auferidos pelos cidadãos e grupos de interesse e melhores condições para que os cidadãos possam contribuir de forma mais proficiente na adoção das medidas escolhidas. Um exemplo de educação digital e sua contribuição a maior eficiência ao processo de educação, em geral, é trazido em matéria do jornal espanhol El Mundo, deste 03 de fevereiro de 2018: Tabletas donde no hay enchufes: la revolución digital llega a la escuela africana.