segunda-feira, 30 de março de 2015

A experiência de convivência com a seca: entrevista com um mestre desta arte

Uma entrevista com um fazendeiro que encarna o conhecimento acumulado, em mais de meio século, em matéria de convivência com a seca. Um profissional de nível superior que abdicou da vida na elite urbana para se dedicar à fazenda que herdou no semiárido do nordeste brasileiro.

A experiência de convivência com a seca pode ser tomada, nos aspectos relativos à agricultura na zona equatorial semiárida, como uma experiência de adaptação às mudanças climáticas, que tornam mais errático o clima. Apresenta-se aqui um vídeo de uma entrevista que expõe a experiência acumulada por um dos baluartes deste saber.

Fala do que se deve fazer e do  que não se deve fazer, justamente o que, em geral, a seu ver, é feito pelo poder público no Brasil: ignorar as especificidades do semiárido e tratá-lo como uma área semiúmida, ocupada por inexperientes que precisam perpetuamente de ajuda para sobreviverem.

Centra sua exposição numa das expressões que se tornaram como que uma marca deste mestre: a chuvas mal arrumadas. Conviver com o semiárido é, principalmente, com diz, saber viver numa terra de chuvas mal arrumadas. E completamos: as mudanças climáticas as tornam mais mal arrumadas.


quarta-feira, 25 de março de 2015

Feijões mais adaptados

Feijões constituem uma importante fonte de proteína vegetal na alimentação humana. São uma parte recomendável numa dieta saudável. Mas são muito sensíveis à temperatura à noite, quando se dá a polinização neste grupo vegetal. E, com as Mudanças Climáticas, a temperatura à noite tende a subir a patamares acima do máximo aceitável pelos feijões usualmente cultivados.

Os feijões caupi são mais flexíveis do que os feijões faseolus vulgaris. Por isto, nos lembra o pesquisador doutor Antonio Felix, do Instituto Agronômico de Pernambuco, em entrevista realizada em 2014, que a Adaptação dos agricultores ao Aquecimento Global, no que tange à produção de feijão, nas paragens dos oito graus de latitude sul, tem sido no sentido de aumentar a participação dos feijões caupi e diminuir a dos feijões faseolus vulgaris na produção agrícola.

A pesquisa agropecuária, que em geral visa produzir linhagens de maior conteúdo proteico e de maior resistência a pragas, pode contribuir com o desenvolvimento de cultivares mais resistentes às mais altas temperaturas noturnas e ao stress hídrico. Um bom passo nesta direção está sendo dado com desenvolvimentos onde participa a constituição genética de feijões nativos de áreas mais secas e mais quentes. Esbarram agora na falta de interesse de agentes privados no mercado de sementes, visto que as sementes de fejão tem um forte componente de bens públicos: uma vez produzidas, adquiridas e usadas continuam servindo aos ciclos culturais que se sucedem.

Há que desenvolver adaptações na área de mercado que, sem retirar esta qualidade das sementes de feijão, tornem os agentes privados interessados na sua produção e comercialização. Veja http://www.bbc.com/news/science-environment-32039991.