terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Aumento de IDH é medida de Adaptação, embora desfavorável à Mitigação


Dentre os muitos eixos para desenvolvimento
de medidas e ações para Adaptação às
Mudanças Climáticas/Aquecimento Global,
em adição à subida do nível e qualidade da
educação populacional,







A recomendação resulta de pesquisa realizada
na Fundação Joaquim Nabuco junto aos
governos municipais do Norte e Nordeste do
Brasil.
Entederam os entrevistados que, em geral, em 
condições de igualdade entre dois municípios, 
exceto em  diferença no nível do IDH (índice 
de  desenvolvimento humano), quanto mais alto 
o nível do IDH, maior a resiliência da economia 
do município em relação às Mudanças
Climáticas/Aquecimento Global.
Aumentar o nível do IDH é uma medida 
anti mitigação, é arguido ter sido assim declarado no IDH 2011. Mas é indefensável
que uns países tenham municípios com alto
nível de IDH e outros sejam aconselhádos ou
pressionados para evitar aumentar o IDH,
quando isto os torna mais resilentes aos males
causados pelo aumento do IDH dos que os
têm mais alto.

PS. Aumentar o IDH aumenta a capacidade de criar resiliência aos efeitos do Aquecimento Global. Assim também age o aumento do produto per capita. Neste sentido pode-se ver como andam os 5 maiores países do planeta.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Medidas de Adaptação nos Governos Municipais exigem continuidade

A Mitigação do Aquecimento Global, entendida como

compreendida pelas medidas que visam reduzir a

emissão de CO2  para a atmosfera ou capturar CO2

da atmosfera, reduzindo o ritmo de crescimento

do estoque deste gás na atmosfera, é fundamental

para a Humanidade.


A Adaptação ao Aquecimento Global, entendida

como compreendida pelas medidas que visam

viver melhor ou sobreviver melhor, dado às Mudanças

Climáticas inevitáveis, é tarefa também é fundamental

para a Humanidade. É missão das obrigatória das

autoridades locais.


Para evitar que cada novo mandatário municipal zere o

conhecimento do governo municipal sobre as

medidas de Adaptação, recomenda-se que os governos

municipais mantenham técnicos que dominem as

questões de Adaptação ao Aquecimento Global como

funcionários de seu quadro permanente de servidores.


Só desta forma a questão da Adaptação ao Aquecimento

Global pode ser tratada garantindo a indispensável

continuidade que lhe deve ser atribuída.


Esta é um das conclusões de uma pesquisa sobre 

Adaptação ao Aquecimento Global junto às prefeituras

das regiões Norte e Nordeste do Brasil, realizada

na Fundação Joaquim Nabuco, órgão de pesquisa

do Governo Federal do Brasil.

[Entre outras, há recomendações sobre
Planos diretores para o desenvolvimento urbano;
Educacao populacional e inovacao para Adaptação;
Porque Secretarias Municipais de Meio Ambiente]


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Planos diretores para o desenvolvimento urbano

A adequada elaboração de planos diretores para o

desenvolvimento urbano e a sua correta implementação, ambas

da alçada do poder público municipal, podem e devem conter a

explicitamente a ótica da Adequação ao Aquecimento Global.

As diretrizes para a Mitigação é melhor que sejam claramente

separadas das diretrizes para a Adaptação de forma que ao se

seguir os planos diretores ambas sejam obervadas, sendo

atribuída prioridade à Adaptação.

Assim, recomenda-se que sejam satisfatoriamente

contempladas medidas tais como:

de prevenção de catástrofes (alagamentos e deslizamentos são as,

em geral, principais catástrofes urbanas);

o sistema de apoio à população em casos de catástrofes;

a questão do aumento da temperatura provocado pelo

efeito ilha de calor; e,  quando for o caso de cidade costeira,

da configuração da cidade e seu equipamento

público urbano face ao passo da elevação do nível no mar.


Extraído de
Dias, A. B.; Medeiros, C. B.; Lucena, M. A.,
Medidas de Adaptação Local ao Aquecimento Global.
Recife, Fundação Joaquim Nabuco, 2010.

sábado, 20 de dezembro de 2014

O rio Los Angeles clama por Adaptação

A Adaptação ao Aquecimento Global/Mudanças Climáticas traz exigências das mais diversas naturezas nos mais diversos locais.
O clima está esquentando. A atmosfera vai sendo capaz de conter mais umidade. Isso aumenta a probabilidade de tempestades mais intensas. E aumenta a intensidade das tempestades. Precipitações mais intensas devem ser esperadas. Assim dizem os climatologistas do International Panel on Climate Change - IPCC. Assim mostra a norte americana National Oceanic and Atmospheric Administration - NOOA ter acontecido em 2014.

Aumenta a probabilidade de maiores fluxos em canais de controle de inundações. Um exemplo é dado pelo Rio Los Angeles. Na maior cheia até então registrada, em 1938, o rio apresentou um fluxo de referência de 2000 metros cúbicos por segundo. O canal de controle de enchente foi construido para dar bom resultado com um fluxo 80% maior. Conteria, quando foi construído, uma descarga de 3600 metros cúbicos por segundo. Mas a precipitação de 1938 hoje já esgotaria a capacidade do canal, devido à urbanização que sucedeu a sua construção.

O problema é que é racional se esperar, dado ao Aquecimento, ou, se quiser, dado às Mudanças Climáticas, que haja um fluxo maior do que o da precipitação de 1938. Espera-se que tal tempestade não aconteça antes que seja pensada e implementada a solução. Afinal, é tempo de Adaptação ao Aquecimento Global. A população de Los Angeles agradece antecipadamente a adoção de solução ao problema.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Educação Populacional e Inovação para Adaptação ao Aquecimento Global

Um antiga inovação teve um papel fundamental no desenvolvimento humano: a escrita.

Não há nehuma inovação que tenha sido tão importante. Mas, ainda não está totalmente difundida. Uma significativa parcela da humanidade não domina esta tecnologia.

O domínio da escrita é privilégio dos alfabetizados. Foi uma condição importante para êxito num processo de industrialização que houvesse suficiente fração da população de um país alfabetizada. Se a fração dos analfabetos for pequena o processo de industrialização podia ter vez com compleno sucesso, como fenomeno de crescimento. Mas desenvolvimento requer que os ganhos sejam razoavelmente distribuídos. E certamente os não alfabetizados ficam prejudicados para auferir os ganhos de um prcesso de industrialização.

Com a revolução da microeletrônica a simples alfabetização deixou de ser suficiente para a participação eficiente dos trabalhadores nas atividades produtivas industriais e de serviços. O domínio de tecnologias de informática e comunicação requer, para uso proficiente, o ciclo médio bem feito, como padrão de educação.

A produção agrícola foi pensada como não tendo restrições por falta de bem nível de educação populacional. Na verdade é um puro engano. Os custos provenientes de déficit educaional se espraiam em erros e dificuladade de absorção de novas tecnologias, que reduzem a eficiencia do trabalho também na agricultura. Uma boa eficiência no trabalho rural, onde não pode haver a mesma detalhada especialização em cada processo produtivo como na indústria, requer um nível educacional médio não inferior ao industrial.

A Adaptação às Mudanças Climáticas requer que novas tecnologias estejam sendo assimiladas com maestria nas atividades do campo, as mais sensíveis a estas mudanças. Com a necessidade de fazer frente a mudanças dos processos de produção o campo se despede do ensino pela tradição oral.

A educação populacional de bom nível no meio rural, capaz de proporcionar proficiência na assimilação  de novos processos produtivos, de novas tecnologias de organização social, e de novas tecnologias para fazer frente às Mudanças Climáticas, termina por funcionar, por si, como uma inovação. Assim foi defendido como resultado de pesquisa sobre o avanço de medidas de adaptação ao aquecimento global pelas prefeituras na região equatorial do Brasil, realizada na Fudação Joaquim Nabuco.

[A criação de Secretaria de Meio Ambiente em secretaria municipal em município que não tem uma secretaria especialmente dedicada ao Meio Ambiente é outra inovação não dirigida a mercado]


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O conceito de Inovação e a Adptação ao Aquecimento Global: Secretarias Municipais de Meio Ambiente

Inovação. É colocada, por muitos autores, como algo novo a ser efetivamente adotado no mercado. É um conceito restritivo. A insistência em adotar este conceito representa um viés ideológico. Representa um tipo de pensamento que coloca o mercado como com tal grau de hegemonia que  abarca todas as esferas das ações humanas. O mercado é importante para a alocação de recursos econômicos. Torna-se saudável quando este mercado se movimenta num marco regulatório estabelecido por um governo, muito melhor ainda se for um governo democrático.

Há relações humanas que se desenvolvem fora do mercado. Pense nos voluntários que dedicam parte dos tempos de suas semanas a causas que beneficiam outros seres humanos. As inovações que eles adotam não são adotadas num ambiente de mercado. Inovações de uso de produtos podem ter vez no âmbito pessoal e nunca irem a mercado. Num outro extremo, por exemplo, há os governos, que podem abrigar inovações que também são efetivamente usada sem terem ido a mercado. E, asssim, por diante. Se isto acontece hoje, mais ainda, teve lugar quando o concetio de não se aplicava às ações humanas.

Pense num produto simples para os humanos de hoje, mas complexo quando foi desenvolvido, como o kit arco e flecha. Não se sabe quando foi desenvolvido, mas é tão antigo que não há tribo indígena descoberta que não domine a tecnologia de construção de uso de arco e flecha. Há muitos milhares de anos o homem domina esta tecnologia. É tão antiga que se difundiu sobre toda a terra, mesmo entre tribos que se mantinham praticamente isoladas.

Inovações para Adaptação às Mudanças Climáticas quardam esta situação de parte delas não ir a mercado. São efetivamente empregadas sem que parte delas o sejam "no mercado".

A primeira Inovação na questão da Adaptação pode ser a execução de uma ação resultante de um entendimento de que a Adaptação é necessária. Uma pesquisa junto às mais de duas mil prefeituras das regiões Norte e Nordeste do Brasil, realizada na Fundação Joaquim Nabuco, órgão de pesquisa do governo federal brasileiro, cujo relatório foi publicado em 2010, encontrou que uma medida importante de Adaptação é as prefeituras terem secretarias de Meio Ambiente. Não deve ser uma secretaria mista, de Meio Ambiente e outro assunto, como,  por exemplo, Meio Ambiente e Turismo, ou Meio Ambiente e Agricultura. Deve ser uma secretaria de Meio Ambiente, exclusivamente de  Meio Ambiente.

Uma secretaria de Meio Ambiente tem de justificar sua existência com ações especificamente sobre Meio Ambiente. Uma secretaria relativa e Meio Ambiente e outro assunto pode se justificar com as ações sobre o outro assunto. Isto é o que geralmente acontece, encontrou a pesquisa, quando outro assunto reparte conuntamente com o Meio Ambiente uma mesma secretraria.  Uma secretaria de Meio Ambiente termina por entender que a Adaptação é importante. E a desenvolver medidas de Adaptação. Mesmo que não sejam anunciadas como tal. Muitas vezes são anunciadas como Medidas de Convivência com a Seca. Para efeitos práticos, em áreas semiáridas, como a brasileira, Convivência com a Seca e Adaptação ao Aquecimento Global/Mudanças Climáticas são sinônimos.

[A Educação Populacional Rural é outra inovação para adaptação, não de mercado]
[A pesquisa dirigida à Convivência com a Seca/Adaptação ao Aquecimento Global]

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Climate change adaptation: UN projects for poorest 'feared frozen'

It is very simple to understand why the poorest nations are hit with higher intensity by the effects of the Global Warming.

Take the statement 1:

As much poor a nation as much it takes the national income directly out of the natural resources through farming (As a typical situation).

Take the statement 2:

As much a nation takes the national income out of the natural resources through farming, as more vulnerable it is to the Global Warming effects through extreme climate events.

Take the statement 3:

As poorest a nation is less resources it has to countervail the negative effect when it is hit on its vulnerabilities.

Take the statemente 4:

As much a nation takes the national income out of the natural resources through farming, as less it emits carbon dioxide.

Then, as result of the Climate Change:

The hardest hit nations are the less contributors, historically and presently, to the Global Warming.

But  UN projects for poorest are 'feared frozen'

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Lições de Adaptação: Competições na Australia

A Adaptação ao Aquecimento Global/Mudanças Climáticas deve se dar nos mais variados e insuspeitos aspectos. Ainda bem que, para a maioria, há lições a serem apreendidas a partir da observação dos mais duramente atingindos.

A Austrália está sendo atingida fortemente pelas Mudanças Climáticas. Grandes ondas de calor e grandes secas têm atingido significativa parte do território australiano. Uma lição vem da Austrália sobre adaptar as competições desportistas. Vê-se em

Australia sweats over extreme hot weather

que o deslocamento de horário de competições, do dia para a noite, e de estações, do verão para o inverno, é uma adaptação usável por um bom tempo, enquanto o processo de aquecimento não conduzir o planeta a situações mais inóspitas.

domingo, 30 de novembro de 2014

Há projetos (poucos, más há) relativos à Adaptação, não mencionados como tal



No conjunto de instituições que fazem pesquisa agropecuária nas regiões  Norte e Nordeste do Brasil, como padrão solidamente estabelecido por uma indisputável maioria, há home pages apresentando um número pequeno de projetos dirigidos a aumentar a resiliência de cultivos, sistematicamente relatados de uma maneira tal que a questão da adaptabilidade não é explicitamente colocada, como em:
Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural – Agerp-MA (2012);
Diretoria de Pesquisa Agropecuária e Desenvolvimento Rural - DIPAP – AL (2012);
Embrapa Acre – CPAFAC (2012);
Embrapa Amapá – CPAFAP (2012);
Embrapa Amazônia Ocidental – CPAA (2012);
Embrapa Amazônia Oriental – CPATU (2012);
Embrapa Mandioca e Fruticultura – CNPMF (2012);
Embrapa Meio Norte – CPAMN (2012);
Embrapa Rondônia – CPAFRO (2012);
Embrapa Roraima – CPAFRR (2012);
Embrapa Solos – CNPS (2012);
Emdagro (2012);
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (2012);
Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN (2012) (Dispõe de Laboratório de Biotecnologia Vegetal de grande utilidade numa futura produção de mudas de cultivares com propriedades favoráveis à Adaptação);
Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba – EMEPA (2012);
Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA (2012);
Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte – EMATER/RN (2012);
Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas – Emater/AL (2012);
Instituto Mamirauá (2012);
Universidade Federal da Paraiba – UFPB (2012);
Universidade Federal do Ceará – UFC (2012);
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (2012); e
Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE (2012)

Registre-se que na lista acima, foram incluídas instituições por apresentarem pesquisadores seus com artigos científicos, resultantes de pesquisas, que vindo ao encontro da convivência com a seca, somando-os como aumento considerável na produção técnico-científica de docentes e pesquisadores da grande região equatorial, divulgando-a nos meios técnicos e universitários, tanto regionais quanto nacionais. Neste sentido vale destacar a Revista Agropecuária Técnica, com periodicidade semestral, publicada pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. A revista possui espectro diversificado, envolvendo toda a área das Ciências Agrárias.

[Esta postagem é uma continuação de
Pesquisa agropecuária para Adaptação na região equatorial brasileira: o visto nas Home Pages]

De:
DIAS, Adriano; MEDEIROS, Carolina 
(Consultores:  MELO,  Lúcia; SUASSUNA, João; TÁVORA, Luciana; WANDERLEY, Múcio)
Convivência com a Seca e Adaptação - realidade e pesquisa

Relatório Parcial da Pesquisa  Adaptação ao Aquecimento Global:
uma visão sobre a pesquisa agropecuária no Norte/Nordeste
Coordenação de Estudos em Ciência e Tecnologia - CECT/Fundação Joaquim Nabuco  www.fundaj.gov.br.    Recife, 2014

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Convivência com a Seca/Adaptação ao Aquecimento Global: realidade e pesquisa


O campo da agropecuária face ao Aquecimento Global se pronuncia por mudanças climáticas constituídas, principalmente, segundo previsões dos órgãos brasileiros capacitados para tal, onde se destaca o INPE, não só por aumentos de temperaturas, como também, por mudanças nas frequências temporais e de distribuições geográficas das precipitações. No Nordeste, o mais populoso semiárido em termos mundiais, as mudanças intensificam um quadro de má distribuição das precipitações médias que mantém esta região semiárida, onde cada gleba tem sempre a enfrentar um significativo risco de insuficiente chuva. No oeste, na Amazônia brasileira, o leste deve ver nele se instalando um clima hoje predominante no Nordeste, todavia ainda mais quente. É claro que, nestas circunstâncias, de intensificação da seca, intensificar as ações de convivência com a seca representa uma forma de Adaptação ao Aquecimento Global, reduzindo o efeito negativo do maior empecilho a um desenvolvimento sustentável para a região semiárida.

A análise das Home Pages das instituições que fazem pesquisa agropecuária no Norte/Nordeste brasileiros permite concluir que há sistemático trabalho de ampliação do conhecimento capaz de conduzir a uma convivência racional com os padrões climáticos do semiárido. Todavia, este trabalho sistemático é realizado por um, dadas as intensas e extensas necessidades dessas duas regiões, pequeno número de centros de pesquisa. É trabalho que vem se desenvolvendo desde algumas décadas, e resulta num acervo de conhecimento que apoia, principalmente, a produção irrigada. Não deixa inteiramente a descoberto a produção de sequeiro do semiárido do Nordeste, a qual é exposta aos rigores e incertezas do clima. Essa produção de sequeiro se dá numa área semiárida, muitas vezes maior do que as escassas águas permitem irrigar, com  população também várias vezes maior.

São quatro centros da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, o Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA e, em menor escala, as universidades rurais das regiões, bem como as que detêm centros agrários, somados ao recém-criado instituto de pesquisa especificamente voltado para o semiárido, o Instituto Nacional do Semiárido - NSA, que realizam pesquisas para a agropecuária no semiárido. Mas a sociedade não tem feito o conhecimento já desenvolvido ser expeditamente aplicado no mundo real. Embora venha de décadas o desenvolvimento deste conhecimento, de forma codificada, vem de longe o desprezo por ele.

Um exemplo disto está nos ensinamentos de José Guimarães Duque, sobre a estratégia de centrar a exploração econômica das terras agricultáveis da região semiárida aproveitando os pontos fortes dessa grande região semiárida brasileira, que nunca foram devidamente adotados (Como exemplo de sua obras: O Nordeste e as lavouras xerófilas). A exploração das atividades agropastoris continuou, a grosso modo, ignorando as características de alta evaporação e evapotranspiração que a alta radiação solar, combinada com os ventos alísios, conferem às superfícies de água e à vegetação da região, oferecendo risco de salinização às atividades de irrigação, onde e quando a água para tal não falta. E oferecendo, quando se tenta imitar a agropecuária de outras regiões, riscos elevados de quebra de safra, bem acima das outras áreas agricultáveis no Brasil, não só por causa das secas, que incidem sobre cada pedaço de terra como uma variável aleatória, reduzindo significativamente a produtividade média, comparada com outras áreas brasileiras, como por causa de situações de insuficiente umidade edáfica, em relação à que seria requerida em determinadas fases do ciclo de crescimento de alguns vegetais, proporcionando as chamadas “secas verdes”, não menos prejudiciais do que as “secas secas”.

Duas conclusões resultam da análise da informação anteriormente exposta. A primeira se refere à relação de intensidade de pesquisa para Adaptação ao Aquecimento Global ser ou não privilegiada, face à extensão da agropecuária para a sua convivência com a seca. A resposta é que a pesquisa voltada à convivência com a seca é claramente uma pequena parcela da pesquisa agropecuária conduzida na região. É insuficiente face à necessidade da intensidade de fluxo de novos conhecimentos capazes de manter a produção agropecuária no semiárido, que vai tendo seu clima sendo mudado para um mais áspero.

Na agricultura já se dispõe de tecnologia para a produção de palma, para alimentação animal, inexplicavelmente excluída da alimentação humana; para a produção de grãos, na forma do sorgo, altamente resistente ao estresse hídrico, também dirigido à alimentação animal e, também, excluída da alimentação humana; para produção de frutas e frutos de xerófilas nativas. Na pecuária, para a produção de proteína animal, quer na forma de leite, quer na de carne, já se dispõe de ruminantes de grande e de pequeno porte adequados às condições do semiárido.

A segunda se refere a que o conhecimento já desenvolvido adequado à convivência com o semiárido sequer é aplicado de forma consistente. Isto se traduz, na prática, em sinalização, da sociedade às entidades de pesquisa, da suficiência do volume de pesquisa de Adaptação ao Aquecimento Global que ora efetuam. Pesquisas em maior volume não se traduziriam, então, em inovçaão. Quando sim, não são difundidas, para o que concorre o baixo nível de educação populacional na região equatorial brasileira. Mas o acordar da sociedade para a necessidade de adequar o sistema produtivo do semiárido às condições do semiárido está sendo rápido. Já há dezenas de associações civis empenhadas em fazer avançar a convivência com a seca e o governo vem começando a incorporar esta bandeira. Financiamento para a convivência com a seca pode se traduzir em financiamento diferenciado, favorável à exploração de sistemas produtivos que exploram espécies nativas e lhes dão processamento agroindustrial e comercialização adequados, fazendo produzir retornos acima das explorações tornadas inadequadas pode ser instalado em poucos anos. Mas o aprofundamento do conhecimento para a exploração das espécies nativas pode representar décadas de pesquisa, tornando insuficiente o conhecimento de convivência com a seca ora existente, ao longo da agudização dos climas. Por outro lado, a própria adição de oferta de conhecimento para a convivência com a seca facilita o movimento das forças produtivas no semiárido nesta direção. Aumentar o presente fluxo de pesquisa para Adaptação ao Aquecimento Global no semiárido em antecipação à demanda é aconselhável. Tanto quanto possível deve ser desenvolvido tal conhecimento, gerando oportunidades de exploração compatíveis com a atual situação dos mercados.

De:
DIAS, Adriano; MEDEIROS, Carolina 
(Consultores:  MELO,  Lúcia; SUASSUNA, João; TÁVORA, Luciana; WANDERLEY, Múcio)

Relatório Parcial da Pesquisa  Adaptação ao Aquecimento Global:
uma visão sobre a pesquisa agropecuária no Norte/Nordeste
Coordenação de Estudos em Ciência e Tecnologia - CECT/Fundação Joaquim Nabuco  www.fundaj.gov.br.    Recife, 2014

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Há pesquisa relativa à Adaptação ao Aquecimento Global não mencionada como tal



Há significativo volume de pesquisa relativo à Adaptação ao Aquecimento Global, não mencionada como tal em quatro centros de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, nominadamente: 

1) O Centro de Pesquisa sobre o Trópico Semiárido – CPATSA, Embrapa Semiárido;
 2) a Embrapa Caprinos e Ovinos – CNPC; 
3) a Embrapa Algodão – CNPA; e 
4) a Embrapa Agroindústria Tropical – CNPAT.

 O primeiro foi criado especificamente para desenvolver tecnologias agropecuárias dirigidas à região semiárida. Seu programa de pesquisa vem gerando e adaptando tecnologias que permitem fortalecer a economia agropastoril do semiárido nordestino, visando a obtenção de melhores índices de produtividade, assim como reduzindo os riscos de perda das safras em meio ao ambiente hostil. São 77 pesquisadores, mais analistas e assistentes, tendo a convivência com a seca como ponto focal, dedicados, então, à Adaptação ao Aquecimento Global. 

A Embrapa Caprinos e Ovinos vem realizando pesquisa, desenvolvimento e inovação objetivando a sustentabilidade da caprinocultura e da ovinocultura, animais de especial vocação para apresentar boa produtividade no semiárido. 

A Embrapa Algodão contemplava inicialmente um foco na cultura do algodoeiro arbóreo, cultivado no Nordeste e outro foco na cultura do algodoeiro herbáceo, principalmente cultivado no Centro-Oeste. Desenvolveu cultivares de algodão colorido, que permitem o uso de roupas coloridas, sem que tenham sido cotaminadas com nenhuma tinta.  Desenvolveu o cultivar BRS 187 8H, com características de tolerância à seca (COSTA, 2006). Ampliou seu foco incluindo outros cultivos que podem ser cultivados em talhões intercalados com o algodão, ou inteiramente substitutos dele, como a mamona, o amendoim, o gergelim e o sisal. 

A Embrapa Agroindústria Tropical – CNPAT, por seu turno, pelos seus nada menos que 256 produtos desenvolvidos referentes a stress hídrico, permite a percepção da importância que confere à convivência com a seca.

[Esta postagem é uma continuação de
Pesquisa agropecuária para Adaptação na região equatorial brasileira: o visto nas Home Pages]

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Pesquisa agropecuária para adaptação na região equatorial brasileira: o visto nas Home Pages



A capacitação da atividade agropecuária à Adaptação ao Aquecimento Global no Brasil equatorial, a qual coincide, nestas primeiras décadas de Aquecimento Global, com capacitação à Convivência com a Seca, tem na pesquisa agropecuária um indispensável esteio, assim como esteio necessariamente deve ser desempenhado pelo exercício eficiente da difusão do conhecimento tecnológico que seja e que tenha sido desenvolvido pela pesquisa.

Uma visão geral do que ocorre em pesquisa agropecuária no N/NE, ou seja, no Brasil equatorial, pode ser sintetizada em estatística onde classes de situação das entidades pesquisadoras sejam objeto de atribuição de frequências a essas classes.

A partir de uma primeira e rápida visita às Home Pages, tendo sido evitado formar classe com frequência nula, foram estabelecidas quatro situações em que, de forma exclusiva, deve se situar cada uma das instituições pesquisadoras.

A situação mais favorável de contribuição à capacitação à Adaptação ao Aquecimento Global por parte de uma instituição pesquisadora é a de que o esforço de pesquisa expressamente dirigido a este fim seja significativo. A primeira visita às Home Pages não permitiu formar evidência de que esta situação mais favorável viesse a se constituir numa classe.

Entende-se que uma situação amplamente favorável à capacitação em análise seja a de instituição que esteja abrigando pelo menos um projeto de pesquisa explicitado como de “Convivência com a Seca” ou de “Adaptação ao Aquecimento Global”. Nesta situação a entidade proclama seu reconhecimento da relevância do tema, embora não o esteja privilegiando entre temas alternativos. Tendo em vista a situação de ações análogas que estas duas guardam, optou-se por registrar a classe em que “Há (pouca, mas há) pesquisa explicitada como sobre Aquecimento Global”, ou de seu sinônimo Convivência com a Seca.

Uma situação tão favorável quanto à anterior, do ponto de vista específico de geração de conhecimento para Adaptação ou Convivência, é a das instituições que abrigam projetos (poucos, mas abrigam) com tal objetivo implícito, mas não o explicitam. Do ponto de vista da capacitação das forças produtivas à Adaptação ou Convivência, é menos favorável, na medida em que concorrem a que na sociedade o tema não seja visto com a importância que se faz necessária. Constitui uma categoria diferenciada da primeira, a mais vasta.

Outra sitação diz respeito a instituições de pesquisa que relatam projetos, mas nos registros não há evidência de foco na Adaptação ou na Convivência com o semiárido.

Por último, uma situação encontrada com frequência não nula, a de instituições de pesquisa cuja Home Page não relata projetos de pesquisa.

As classes são formadas segundo abaixo:

1.1 Há pesquisa explicitada como sobre Aquecimento Global
1.2 Há significativo volume de pesquisa relativo à Adaptação, não mencionada como tal
1.3 Há um número pouco significativo de projetos de pesquisa relativos à Adaptação, não mencionados como tal
1.4 Há projetos de pesquisa relatados, mas não há evidência de foco na Adaptação
1.5 Não há projetos de pesquisa relatados

O resultado da classificação é sumarizado na Tabela 1.

Tabela 1 Situação da pesquisa relativa a Adaptação ao Aquecimento Global contada pelas Home Pages das instituições de pesquisa no N/NE - 2013
Tipo de situação
Freq
1.1 Há (pouca, mas há) pesquisa explicitada como sobre Aquecimento Global
1
1.2 Há significativo volume de pesquisa relativo à Adaptação, não mencionada como tal
4
1.3 Há (poucos, mas há) projetos de pesquisa relativos à Adaptação, não mencionados como tal
23
1.4 Há projetos relatados, sem evidência de foco associável à Adaptação
7
1.5 Não há projetos de pesquisa relatados
5
Total
40
Fonte:Elaboração própria a partir de análise das Home Pages

Comentários sobre tipos de situação selecionados são encontrados em:
Há pouca pesquisa explicitada como sobre Convivência com a Seca/Adaptação

Na Embrapa há pesquisa relativa à adaptacao ao Aquecimento Global/Convivência 

O caminhar da adaptação praticada no semiárido brasileiro



As mudanças climáticas na região equatorial brasileira, trazidas pelo Aquecimento Global são constituídas basicamente de aumento da temperatura e de redução com concentração das precipitações. Trata-se, então, de agravamento das condições do semiárido. Pelo menos para a primeira metade desse século XXI, pode-se, a partir da temperatura média anual tendencial do ano 2000, considerar um grau centígrado de aumento médio, no semiárido, de temperatura média anual, juntamente com moderadamente maior intensidade e amplitude geográfica das secas. Nestas condições, os métodos de convivência com a seca no Semiárido equivalem a métodos para Adaptação ao Aquecimento Global. 

São métodos que envolvem dois grandes eixos:
- um, o de "planejar o estar preparado para os anos de seca";
- outro, o de "explorar economicamente o Semiárido com culturas de espécies dos próprios biomas ou advindas de biomas análogos, com plantas de igual resistência à seca, ou de ciclo de vida tão curto que aproveitam o curto período de umidade edáfica favorável. 

Assim, procurar evidências de Adaptação é procurar a adoção de métodos de convivência com a seca. E a convivência com a seca é uma longa história de conhecimento de sua necessidade e de empenho no combate à seca, peculiarmente pouco orientado ao benefício da maioria da população do semiárido.

Uma breve história das secas no Nordeste pode ser encontrada em “História - Seca, fenômeno secular na vida dos nordestinos” (BARRETO, 2009), publicado em “Desafios do Desenvolvimento”, a revista de informação e debate do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, de acesso livre on line. Registra a construção de açudes como a adaptação exercida, levando o semiárido nordestino a possuir a maior capacidade de represamento entre todos os semiáridos do planeta.

A lógica da açudagem como solução ao “flagelo da seca”, defendida no relato das campanhas de Canudos, em meados do século XIX, por Euclides da Cunha (1979), foi adotada pelos grandes fazendeiros e pelos pequenos produtores, construindo tipicamente açudes de capacidade de reserva anuais. Posteriormente veio a proporcionar ações conjuntas de proprietários rurais e governo, construindo açudes de maior tamanho, tipicamente de capacidade de reserva interanual. Finalmente chegou-se aos açudes monumentais, de tal profundidade que nem as grandes secas conseguem fazer secar. Em 1936 foi construído no Estado da Paraíba o açude Coremas, com 720 milhões de m3, o então maior açude do continente sul-americano. No ano de 1960 foi a vez do Orós no Ceará, podendo acumular 4 bilhões de m3, o então maior açude do mundo, interceptando o rio Jaguaribe, considerado o maior rio seco do Mundo. No ano de 1983, foi construído, no Açu, Rio Grande do Norte, o açude Eng. Armando Ribeiro Gonçalves, com capacidade de 2,4 bilhões de m³, tornando-se o 2º maior açude do Mundo. Em 2003 foi concluído e inaugurado o açude Castanhão, novamente no rio Jaguaribe, agora o maior açude do Mundo, acumulando 6,7 bilhões de m³, volume equivalente a quase 3 vezes a Baía da Guanabara. A açudagem leva a atuais 37 quilômetros cúbicos de capacidade de represamento (RIBEIRO, 2008a), distribuídos em 70 mil açudes espalhados no semiárido brasileiro.

A açudagem representaria uma importante contribuição à sustentação das atividades agropecuárias se pudesse prover agua para tal, juntamente com água para dessedentação humana. Está longe disto, pois não foram construídas adutoras para atender à população dispersa no campo e agrupada em pequenas cidades e vilarejos. Também, não apresenta condições de dar suporte a agricultura irrigada de forma significativa. Fora pequenos bolsões de área irrigada, principalmente pelas águas do São Francisco e do Parnaíba, a agricultura no semiárido é de sequeiro, uma agricultura dependente da chuva, justamente numa região em que a chuva é insuficiente, face à alta evapotranspiração, e é incerta.

O desenvolvimento do conhecimento geológico havido ao longo do século passado levou se poder contar, na área de solo sedimentar do Nordeste, que constitui cerca de 30% do semiárido, com um potencial ao redor de 135 bilhões de m³ de água subterrânea, com possibilidades de serem utilizados cerca de 27 bilhões de m³ (20% do total) de forma imediata. Uma pequena fração já é conseguida nos poços existentes nesta região, estimados em de cerca de 60 mil (RIBEIRO, 2008b; SUASSUNA, 2001).

A natureza desenvolveu, através de milênios, biomas adaptados ao semiárido nordestino. Seria racional que a exploração da região seguisse a linha de utilizar componentes dos biomas locais, dadas as suas peculiaridades relativas a temperatura e aridez. Assim foi no seu primeiro estágio da ocupação pelo homem branco. Gerou a chamada Civilização do Couro, quando o gado, criado de forma extensiva, alimentava-se de componentes dos biomas locais. 

A Civilização da Açudagem, correspondente à conscientização da necessidade de represar as águas caídas em poucos dias do ano e que de outra forma correriam livres para o mar e às ações para o seu represamento, sucedeu, em meados do século XIX, à pura exploração extrativa dos biomas, pela via da alimentação do gado. Simultaneamente, expandia-se o cultivo de algodão e depois o do agave. E simultaneamente expandia-se a população e a produção agropecuária para subsistência. Em meados do século XX o cultivo do agave tornou-se anti-econômico com o desenvolvimento de fibras artificiais para amarrar o feno nos países temperados e produzir cordas, substituindo o sisal, ou seja, a fibra do agave, pelo menor preço das cordas e cordões gerados pelas fibras artificiais. E o algodão enfrentaria a competição de fibras artificiais voltadas à tecelagem, bem como a disseminação da praga do bicudo, que anula a produção nas áreas atingidas. Resta a cultura de subsistência, com a exposição ao mercado do excedente conseguido. Mas a cultura de subsistência seria insuficiente para garantir condições de vida compatíveis com as de outras regiões, face a não acompanhar o ritmo de desenvolvimento econômico e correspondente expansão da renda per capita.

Nos anos 50 do século passado José Guimarães Duque (1953; 1964) pregou a necessidade de ocupar o semiárido com uma exploração adequada. Sua voz é a própria expressão do caminho de convivência com o semiárido que havia sido esquecida, substituída que fora pela bizarra ideia de “combate à seca”, como se os brasileiros pudessem minorar os fenômenos que a causam. A segunda grande seca dos anos 50, a de 1958, somou-se em seu efeito brutal, à acentuada erosão econômica causada no Nordeste pelo binário integração dos mercados internos e forte aumento dos preços de maquinaria e insumos industriais trazidos pelo forte subsídio à nova produção industrial, localizada no Sudeste, que terminou por trazer à região o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste, a partir do qual foi criada a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE (ANDRADE, 1994).

A visão economicista da SUDENE, preocupada com a alta densidade ocupacional do semiárido, apontou como solução transferir camponeses nordestinos para a região do Alto Turi, no Maranhão. Não introduziu diretamente a questão da convivência com o semiárido, nem resolveu o problema da densidade populacional. A maioria dos relativamente poucos camponeses que foram, voltaram, atendendo ao chamado do sertão, quando volta a chover.

A SUDENE causou um grande impacto no litoral, principalmente nas três grandes capitais, onde seus efeitos de desenvolvimento econômico foram mais concentrados. Bastaram as duas primeiras décadas do funcionamento da SUDENE, conjuntamente com o Banco do Nordeste do Brasil – BNB, provendo subsídios e apoio ao investimento industrial para, apesar de concentrado nas três maiores regiões metropolitanas, reverter, para o Nordeste como um todo, a estabelecida expectativa de tendência à continuada perda relativa de renda per capita que havia se estabelecido nas décadas imediatas à sua criação. Era como se o problema da recorrente seca pudesse ser resolvido pelo desenvolvimento econômico.

Na virada do milênio, a situação de ignorar o direcionamento de convivência com a seca é patenteado como ainda estando em fase de proposição, na publicação, pela Fundaj, de “SEMI-ÁRIDO: proposta de convivência com a seca” (SUASSUNA, 2002). A distribuição da constituição dos solos, no que capacitam culturas convencionais ou apenas xerófilas, é tratada no texto, onde veladamente se desaconselha o cultivo de grãos exigentes de água, como milho e feijão, restritos a êxito em brejos de altitude e outras situações também de menor expressão no semiárido, os quais para estas áreas deviam ser incentivados. Mas a prática de incentivar através de financiamento e distribuição de sementes, onde a chance de falha de safra é grande, continua casada com a garantia, se houver perda, o que tem maior probabilidade de ocorrer do que a boa safra.

O atual momento flagra luta de várias instituições de continuada demanda por mudança de combate à seca para convivência com o semiárido (BISOL, 2013). Diz Pires (2013), analisando a história da ocupação do sertão pelo homem branco, portanto, algo que não se refere a nenhum governo em particular, algo que os transcende:

O estado brasileiro, os governos dos estados e os governos municipais, até hoje, nunca construíram um programa e um plano de prevenção, um plano que cuide e dê atenção à população, principalmente rural, para o período de estiagem, que é algo recorrente.

O baixo nível de educação populacional da sociedade brasileira, que é maximizado nas regiões equatoriais, é um obstáculo à difusão de inovações agropecuárias nessas regiões (DIAS; MEDEIROS, 2010). Esse obstáculo pode ser parcialmente compensado na direção de mudança para a instalação de uma cultura de convivência com a seca, se houver a adequada adoção de empenhada política pública Há esperança de que se esteja num momento histórico, de instalação de planos e ações que representem um caminhar na direção da convivência com a seca e, portanto, de Adaptação ao Aquecimento Global a qual pode ser fundada na colocação:


Vários espaços oficiais do Governo Federal e de Governos Estaduais estão determinados a construir processos de convivência com o Semiárido e a abandonar a carcomida política de combate à seca (BAPTISTA, 2013).

ANDRADE, Manoel Correia de (1994). Análise do semiárido nordestino e a visão da seca. Em: BACELAR, Tânia e outros, Orgs,. O GTDN: da Proposta à Realidade: ensaios sobre a questão regional. Recife: Editora Universitária da UFPE, p.114-124.
BAPTISTA, Naidison (2013). Prefácio. Em: GALINDO, Wedna (Org). Vozes da Conviência com o Semiárido. Recife, Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, pp, 8-15.
BISOL, Egídio (2013). Mudança de consciência para a convivência com o Semiárido. Em: GALINDO, Wedna (Org). Vozes da Conviência com o Semiárido. Recife, Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, pp, 76-82.
DUQUE, José Guimarães (1953). Solo e Água no Polígono das Sêcas. Fortaleza, Departamento Nacional de Obras contra as Sêcas, 3a ed.
DUQUE, José Guimarães (1964). O Nordeste e as Lavouras Xerófilas. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil.

PIRES, Alexandre (2013). Convivência com o Semiárido como diretriz para a vida na região. Em: GALINDO, Wedna (Org). Vozes da Conviência com o Semiárido. Recife, Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, pp, 83-87.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Capins perenes



As gramíneas também oferecem contribuição ao aproveitamento do semi-árido. Aplica-se bem, sobre elas o fato que

existem espécies exóticas capazes de se adaptarem ao clima e ao solo da região semi - árida do Nordeste do Brasil como potenciais forrageiras economicamente viáveis (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 1999)

As gramíneas não podem servir diretamente de alimento para o Homem, cujo aparelho digestivo não apresenta capacidade para as digerir. Mas podem ser alimento para animais, que por sua vez, podem satisfazer a necessidade humana de proteína animal, seja ela culturalmente construída, ou seja de ordem fisiológica, o que ocorre segundo parte dos estudiosos da alimentação humana.
Várias gramíneas, delas se destacando espécies exóticas adaptadas pelo esforço da pesquisa agronômica, se prestam para cultvo nas condições do semi-árido. Destacam-se entre elas variedades do capim buffel. Trata-se de uma gramínea exótica bem adaptada às condições do semi-árido brasileiro. Apresenta algumas variedades, entre elas a desenvolvida no CPASA, com capacidade de suporte de bovinos maior do que outras melhores gramíneas exóticas também adptadas. Considerando condições típicas do semi-árido proporciona, com baixo custo, com lotação bovina adequada, permite ganho superior a 150 kg por hectare por ano (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 1999), exceção feita às condições de seca plurianual.

 Outras instâncias de convivência, veja em: Na região equatorial: Convivência com a Seca = Adaptação ao Aquecimento Global
De:
DIAS, Adriano; MEDEIROS, Carolina 
(Consultores:  MELO,  Lúcia; SUASSUNA, João; TÁVORA, Luciana; WANDERLEY, Múcio)
Convivência com a Seca e Adaptação - realidade e pesquisa
Relatório Parcial da Pesquisa  Adaptação ao Aquecimento Global:
uma visão sobre a pesquisa agropecuária no Norte/Nordeste
Coordenação de Estudos em Ciência e Tecnologia - CECT/Fundação Joaquim Nabuco  www.fundaj.gov.br.    Recife, 2014