sexta-feira, 17 de junho de 2011

As Plantas e o seu "Relógio Biológico": notas para Adaptação ao Aquecimento Global

As plantas, como seres humanos, têm um "relógio biológico" em si que lhes permite adaptar-se às mudanças à temperatura do seu ambiente. Este é um mecanismo que lhes permite adaptar-se às alterações climáticas e cujo estudo é útil na pesquisa agrícola para a melhoria da colheita.

O surpreendente é que O relógio contiua a funcionar mesmo nos frutos colhidos. Conferência em Barcelona reuniu cinquenta especialistas internacionais no estudo do relógio biológico e sua influência sobre as mudanças na biologia das plantas.Leia mais.

domingo, 12 de junho de 2011

Em Portugal, por que adaptar?

O clima na península ibérica está mudando. Para um clima mais árido. Os portugueses não esperam para irem instalando a cultura da adaptação. Veja em "Por Que Adaptar?".

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Mudanças climáticas e medidas adaptativas

Resumo da apresentação de Adriano Batista Dias a ser feita como parte das atividades alusivas ao Dia Mundial da Ecologia e do Meio Ambiente na Fundação Joaquim Nabuco sala Calouste Gulbenkian – Casa Forte, Recife – Pernambuco, às 14h30 do dia 9 de junho deste 2011.

1. Temperatura aumentando, clima mudando
A temperatura média na superfície tem aumentado cerca de 0,2 oC por década nas últimas quatro. Os climatologistas explicam que o aumento da temperatura atmosférica (que acompanha o aumento da temperatura da superfície) produz aumento da evaporação e consequente precipitação; aumenta a concentração das precipitações com o aumento da temperatura; aumenta a frequência e intensidade de eventos atmosféricos extremos.

2. Clima mudando, natureza mudando
A mudança do clima induz mudança na natureza viva. Espécies vão se relocando, na procura das condições mais próximas daquelas para as quais foram desenvolvidas; vão se adequando por transformações darwinianas. Quando as mudanças ultrapassam os limites do tolerável há extinção de espécies. A produção agropecuária pode produtividade aumentada em algumas regiões hoje mais frias e ter reduzida sua produtividade, com intensidades de perdas diferentes em diferentes regiões já mais quentes. A elevação do risco associada à redução da produtividade pode extinguir atividades, reduzindo as terras agricultáveis.

3. Não à preocupação: é coisa para milênios à frente
É incrivelmente alto o percentual de pessoas, mesmo dos grupos formadoras de opinião, que acreditam não devem se preocupar nem um pouco com efeitos do Aquecimento Global pois é coisa para milênios à frente. Confundem os efeitos mais drásticos que afetariam radicalmente toda a Terra, reduzindo fortemente sua população com efeitos fortes sobre países e regiões. E confundem décadas com milênios. Os efeitos para as próximas décadas estão sendo estudados da melhor forma disponível. São modelos que consideram a atmosfera repartida em cubos de 25 km ou até de 10 km de lado. Mesmo assim, há muitas variáveis ainda não dominadas, entre elas a importante questão da formação e do inteiro papel das nuvens. Cada modelo produz uma predição. O fato é que estamos diante de uma situação nova, para a qual não podemos calcular probabilidades. Estamos, então, diante do pleno reino da incerteza.

4. Não à preocupação: ação hoje face a um fenômeno presente
Em vez de milênios à frente há efeitos já em curso e mais previsíveis para uma ou poucas décadas adiante. Há medidas de adaptação a serem tomadas já no momento atual bem como há decisões relativas a medidas de adaptação ainda mais importantes, que devem ser tomadas hoje para que possam as medidas ser aplicadas uma ou mais décadas adiante.

5. Diversidade e abrangência de medidas
As medidas de adaptação compreendem um vasto conjunto. Parte delas são conjuntamente medidas de mitigação. Plantar uma árvore é sempre uma medida de mitigação, pois em seu crescimento vai absorver dióxido de carbono, retirando-o da atmosfera. Pode ser, também, uma medida de adaptação se sua sombra for usada para reduzir a temperatura para animais, neles incluidos os homens, ou até vegetais. Tornar um indivíduo humano mais resistente a agentes patógenos é uma medida de adaptação ao Aquecimento Global, visto que tende o ambiente a se tornar mais agressivo e o ser humano mais debilitado por causa deste fenômeno. Ora andar de bicicleta aumenta a resistência imunológica humana, fazendo com que esta medida de mitigação, plantar árvores, redutora de emissões de dióxido de carbono pelo não uso de motores de combustão, e absorvedora de dióxido de carbono, seja também uma medida de adaptação. Ciclovias, portanto, são medidas conjuntamente de mitigação e de adaptação. Parte das medidas de mitigação tem efeito negativo na adaptação: veja um cultivar de uma cultura que aumente a taxa de absorção de dióxido de carbono às custas de se tornar menos resistente ao calor. A capacidade do novo cultivar de contribuir como mitigador, representa uma maior falta de adaptação ao Aquecimento Global.

6. A relativa especificidade regional das medidas
A diversidade de medidas se aplica diferentemente entre as diversas áreas do mundo. E como o Brasil é um pais de dimensão continental, as medidas se aplicam de forma diferente entre as diferentes regiões. Os climas vão mudando de forma diferente. Os solos variam de forma a completar um quadro de diversidade amplo de medidas de adaptação ao Aquecimento Global. As áreas ribeirinhas e as margens de um reservatório de água, natural como uma lagoa, ou uma barragem construída têm umidade edáfica que reclama adaptação apenas a temperaturas mais elevadas. Os vegetais para cultivo em áreas mais adiante, embora como solos idênticos, necessitam não só maior resistência ao calor, como maior resistência ao stress hídrico. Em alguns locais aumentos de temperatura colocam determinados vegetais muito próximos de seus limites de tolerância ao calor, retirando-lhes a capacidade de crescer de forma economicamente interessante. Em outros lhes retira a capacidade de subsistir. Em outros, o acréscimo de temperatura apenas reduz a certos vegetais a capacidade de crescer e frutificar, porém mantem a economicidade do cultivo.

7. Regiões Norte/Nordeste (equatoriais): adaptação mais “crucial”
As regiões Norte/Nordeste passam a ser submetidas a uma condição peculiar. Já são as de maior temperatura média. Com o tempo suas temperaturas médias de quatro décadas atrás vão ocorrer mais abaixo, mais ao sul. De certa forma o que se passava e passa nestas regiões poderá ser aplicado mais ao sul. Enquanto isto no Norte/Nordeste, novas temperaturas médias mais altas. As áreas de desertificação vão se ampliando. Porém, de onde buscar conhecimento produtivo para aplicar em situações que nunca existiram antes?

8. Ambas necessárias: inovações tecnológicas e inovações sociais
Só a pesquisa dirigida à adaptação ao Aquecimento Global no Nordeste pode evitar que a situação desande para um desastre nas próximas décadas. E pesquisa só produz efeito benéfico quando seus resultados são aplicados, isto é, são transformados em inovação. E, mais ainda, quando as inovações são difundidas, de modo que todos os produtores a quem elas se dirijam as estejam aplicando. Tal montante de inovações reclama inovações sociais compatíveis com o volume de mudanças nos métodos de produção.