domingo, 15 de dezembro de 2019

Tudo como dantes na terra de Abrantes. Fracassou a COP25 de 2019. Deve-se dar ainda mais importância à Adaptação



Terminou a Conferência COP25 de 2019 que esteve sob dramática pressão por medidas que evitassem um Apocalipse previsto pelos ativistas do clima, pelo contínuo agravamento do processo de Aquecimento Global. Fazendo parte do processo de pressão teve grande significação o desempenho dramático da estudante Greta Thunberg, noticiado no mundo, a jovem que resolveu faltar às aulas para chamar a atenção sobre a necessidade do mundo conter o Aquecimento Global, para o que seria necessário uma radical mudança do modo de vida e das aspirações de consumo de todos os povos, bem como dos modos de produção ora adotados. Agências de notícias, como se sabe, selecionam fatos os tornando notícia, conforme as preferências que atribuem a seus clientes.

Vejamos o que dizem as agências de notícias nas horas que seguiram ao anúncio do resultado da COP25 deste ano de 2019.

Por ordem alfabética da designação das agências escolhidas temos:

AlJazeera, relacionada a interesses árabes, traz direta menção a não ter havido acordo que beneficiasse, como esperado, o mercado de créditos de carbono (Longest UN climate talks end with no deal on carbon markets);

BBC, expressão já multisecular britânica como agência de notícias independente, anuncia que a reunião resultou, sob um foco mais amplo, num acordo aquém do esperado (COP25: Longest climate talks end with compromise deal).

CNN, a inovadora agência de notícias televisiva norte-americana prefere até o momento da redação desta nota se referir não ao resultado da COP25, mas ao tema trazido por um guerreiro do clima africano, Nkosi Nyathi, um estudante ativista do clima africano de 16 anos de idade, já com 6 anos de ativismo, que tem tido uma pequena divulgação mundial e que expõe ao mundo a dramática situação em que se encontra parte da África face a uma devastadora seca, com consequências de potencial de grande mortalidade, pela fome, de uma larga fração da África outrora muito produtiva do ponto de vista agrícola (If the climate stays like this, we won't make it' say those on the frontline of Africa's drought);

FoxNews, também norte-americana, preferiu, até o momento em estas linhas são escritas, expor uma nova proposta de ação da própria ativista Greta Thunberg, antecipando uma pausa no ativismo e se colocando um “desculpe por qualquer coisa” dirigido aos dirigentes mundiais (Greta Thunberg apologizes for 'against the wall'remark, plans a break from climate activism);

Tass Russian News Agency ignora a COP25 e traz como primeira notícia uma questão do duelo russo norte-americano de espionagem eletrônica (Russian warship tracks movements of US Navy destroyer in Black Sea); e

Xinhuanet, a agência chinesa também ignora, em seu destaque como informação exposta em português, o resultado da COP25, preferindo expor a mensagem de felicitação à reeleição do primeiro ministro britânico (Premiê chinês envia mensagem de felicitações a Johnson por reeleição como primeiro-ministro britânico).

Os jornais também seguem o mesmo tom, deixando de lado o resultado da pré-apocalíptica COP25 de 2019, em troca por notícias nacionais não relacionadas a perigos para continuação da experiência humana na Terra. Vejamos, também por ordem alfabética, uma seleção de jornais:

ElClarín, da Argentina, tem como destaque internacional a atenção do ritual católico praticado pelas almas dos passageiros e tripulantes de um avião da Força Aérea Chilena que se dirigia à base chilena da Antártida e colidiu com o mar, “Chile despidió con dos misas a los muertos en el accidente aéreo del Hércules C-130”;


El Mundo, de Espanha, traz como destaque internacional, acompanha a agência de notícia chinesa, em sua atenção ao Brexit: “Johnson asegura que el Reino Unido se ha embarcado en una maravillosa aventura”;

El Universal, de México, ignora o resultado da COP25 e destaca o acordo de comércio com os Estados Unidos eu Canadá; “T-MEC “no tiene letras chiquitas,” asegura Jesús Seade”;

Global Times, da China, prefere dar destaque a uma reunião para promover o desenvolvimento asiático: “Media delegates in 10+3 framework discuss how to build a prosperous Asia”;

Le Monde, francês, comenta, na área específica de “Planeta”, os avanços “quase insignificantes” da anunciada como salvadora do apocalipse COP25 de 2019:La COP25 s’achève sur des avancées quasi insignifiantes dans la lutte contre le changement climatique;

The Financial Express, de Bangladesh, um dos países a ser mais prejudicado, intensa e extensamente, pelos efeitos do Aquecimento Global, dá destaque a que “Greta apologises for ‘put leaders against the wall’ comment”;

The Indian Express, hindu, dirige-se ao resultado da esperada COP25, expondo-o como um fracasso, “Longest UN climate talks end with no deal on carbon markets”;

The Guardian, britânico, prefere dar mais valor aos problemas vividos atualmente pelos habitantes da saudosa colônia:Hong Kong violence breaks out again in shopping centres”;

The New York Times, sempre crítico da posição do atual governo norte-americano face a não dar a devida importância às Mudanças Climáticas tem como principal manchete, caracterizada pelo uso de letras de maior tamanho, não o resultado da COP25, mas “Prime Leverage: How Amazon Wields Power in the Technology World”.

Ou seja, agências de notícias, televisivas ou não, e os jornais, não dão, como fração quantitativa do conjunto, maciça importância ao fiasco representado pela COP mais esperada como salvadora da humanidade. A maior parte prefere dar mais importância a ocorrências locais ou regionais, algumas até relativas a “business as usual”, uma atitude que se esperava ser radicalmente condenada pela COP25. Pelo sim, pelo não, pode-se concluir que a COP25, além de não dar a devida atenção à questão da Adaptação ao Aquecimento Global, deixa cruelmente a cada país, subdesenvolvido como seja, a grande parte do esforço econômico para esta Adaptação, estes países que mal podem prover ambiente para a mera subsistência de parte de seu povo, mesmo que os efeitos maléficos do Aquecimento ainda sejam mais significativos. A mídia, que fareja a base de sustentação das opiniões que as sociedades têm, entende que os temores dos representantes dos governos sobre o futuro não são compartilhadas pelos destinatários de suas notícias e de suas análises. Reforça-se, assim, a necessidade de cuidar da Adaptação, principalmente por parte dos países onde os efeitos maléficos do Aquecimento são mais agudos.



AlJazeera. Longest UN climate talks end with no deal on carbon markets. Doha, Catar. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2019/12/climate-talks-limp-finish-line-consensus-191215084746518.html. Acesso em: 15 dez., 2019.

El Clarin.  Chile despidió con dos misas a los muertos en el accidente aéreo del Hércules C-130. Buenos Aires. Disponível em: https://www.clarin.com/mundo/chile-despidio-misas-muertos-accidente-aereo-hercules-c-130_0_WHUtqwPJ.html. Acesso em: 15 dez., 2019.

El Universal.  T-MWC "no tiene letras chiquitas", asegura Jesús Seade. Cidade do México. Disponível em: https://www.eluniversal.com.mx/nacion/t-mec-no-tiene-letras-chiquitas-asegura-jesus-seade. Acesso em:: 15 dez., 2019. 

FE - The Financial Express. Greta apologises for 'put leaderis agains the wall' comment. Dahka. Disponível em: https://thefinancialexpress.com.bd/world/greta-apologises-for-put-leaders-against-the-wall-comment-1576401631. Acesso em: 15 dez., 2019.

FRESNEDA, Carlos. Boris Johnson asegura que el Reino Unido se embarcado "en una maravillosa aventura" con el Brexit. Em: El Mundo. Madrid. Disponivel em: https://www.elmundo.es/internacional/2019/12/14/5df518e7fdddffc7078b45d5.html. Acesso em 15 dez., 2019.

GARRIC, Audrey. La COP25 s'achève sur des avancee quasi insignificantes dans la lutte contre le changement climatique. Em: Le Monde. Paris. Disponível em: https://www.lemonde.fr/planete/article/2019/12/15/climat-la-cop25-s-acheve-par-un-accord-depourvu-d-avancees-globales-significatives_6022942_3244.html. Acesso em: 15 dez., 2019.


HAN, Zhang. Media delegates in 10+3 framework discuss how to build a prosperous Asia. Global Times. Pequim. Disponível em: https://www.globaltimes.cn/content/1173597.shtml. Acesso em: 15 dez., 2019.
  
COP25: Longest climate talks end with compromise deal. Em: BBC. Londres, 15.12.2019. Disponível em: https://www.bbc.com/news/science-environment-50799905. Acesso em: 15 dez., 2019.

McKENZIE, David;  SWAILS, Brent Swails. If the climate stays like this we won't make it say those on the frontline of Africa's drought. Em: CNN. Atlanta, 14.12.2019. Disponível em: https://edition.cnn.com/2019/12/14/africa/climate-change-southern-africa-intl/index.html. Acesso em: 15 dez., 2019.

Tass Russian News Agency. Russian warship tracks movements of US Navy destroyer in Black Sea. Moscou, Russia. Disponível em: https://tass.com/defense/1099561. Acesso em: 15 dez., 2019. 

The Guardian. Hong Kong violence breaks out again in shopping centres. Londres. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2019/dec/15/hong-kong-violence-breaks-out-again-in-shopping-centres. Acesso em: 15 dez., 2019.


The Indian Express. Longest UN climate talks end with no deal on carbon markets. Noida, Uttar Pradesh, India. Disponível em: https://indianexpress.com/article/world/longest-un-climate-talks-end-with-no-deal-on-carbon-markets-6168469/. Acesso em: 15 dez., 2019.
WALLACE, Danielle.Greta Thunberg apologizes for 'against the wall' remark, plans a break from climate activism. Em: Fox News, Nova Iorque, 15.12.2019. Disponível em: https://www.foxnews.com/world/greta-thunberg-apologizes-against-the-wall-break-global-activism-time-person-of-year. Acesso em: 15 dez., 2019.

WAKABAYASHI, Daisuke. Prime Levarge: How Amazon Wields Power in the Technology World. Em The New York Times. Nova Iorque. dISPONÍVEL EM: https://www.nytimes.com/2019/12/15/technology/amazon-aws-cloud-competition.html?action=click&module=Top%20Stories&pgtype=Homepage. Acesso em: 15 dez., 2019.   

Xinhua News. Premiê chinês envia mensagem de felicitações a Johnson por reeleição como primeiro-ministro britânico. Disponível em:  http://portuguese.xinhuanet.com/2019-12/15/c_138632979.htm. Acesso em 15 dez.,2019.

 

Obs.: Esta postagem representa um esforço voluntário dos mantenedores do Blog dedicado principalmente às comunidades, estados e nações, que pouco contribuíram historicamente às Mudanças Climáticas e são chamados a contribuir significativamente com os esforços para mitigar as causas destas Mudanças. Se o texto contribui a este objetivo, em sua avaliação, sugerimos contribuir a divulgá-lo. 


 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Usinas Hidrelétricas Reversíveis versus Usinas Termo Nucleares



Há, em alguns países, a visão de que o esforço para redução da emissão de gases provocadores de Efeito Estufa oferece uma oportunidade impar para retomada da construção de reatores nucleares de potência visando à produção de energia elétrica limpa das tais emissões.

Neste sentido houve um debate no passado 6 de dezembro, em Recife, Brasil, propiciado pela Academia Pernambucana de Ciências sobre uma proposta de implantação de um reator nuclear no município de Itacuruba, nas margens da represa de Itaparica, no Rio São Francisco a cerca de 300 km de sua Foz. A sessão foi aberta ao público que atendeu ao seu anúncio, tendo ocorrido no Espaço Ciência, um museu de ciência desenhado para complementar a educação científica do sistema formal de ensino básico e médio, simbolicamente instalado num ponto entre Recife e Olinda, de vital importância no nascer da colônia Brasil e que, construido em um mangue, será, infelizmente, uma das primeiras áreas no Brasil a ser inundada pela inexorável subida do nível do mar.

O Brasil possui duas usinas nucleares de produção de energia elétrica no Sudeste, em atividade em Angra dos Reis e uma terceira em construção no mesmo parque. Satisfazem elas, o que o Brasil precisa de domínio de conhecimento sobre energia nuclear a partir do uso da energia nuclear para fins de produção de energia elétrica, imprescindível a um país da dimensão do Brasil. A imprescindibilidade de energia de origem nuclear ser ampliada com a instalação de outros reatores foi debatida sob a arguição de que as ampliações de capacidade de geração recentes no país são proporcionadas por energia de fonte eólica e de fonte solar, pela via do uso dos painéis fotovoltaicos. Essas duas fontes têm descontinuidades.

As turbinas eólicas são imprevisíveis, dado a necessidade de uma velocidade mínima do vento. A energia fotovoltaica só é gerada durante os períodos de insolação. Um expositor colocou as nuvens como interrompendo da produção de energia das células fotovoltaicas. De fato as nuvens reduzem a eficiência da produção de energia elétrica das células. Certos tipos de nuvens podem até zerar a produção. Indiscutivelmente a produção tem um componente de aleatoriedade, além da ciclicidade diária de mais da metade do dia sem produção de energia.

A potência firme da usina termonuclear independendo das condições climáticas e do horário, faz vista como indispensável esta fonte de energia na matriz elétrica para garantir estabilidade da rede. Pelo tom dos debates estando esgotada a disponibilidade para expansão da energia hidrelétrica, a alternativa à energia nuclear, como fonte firme, contínua, seria apenas as fontes termelétricas de origem fóssil.

É interessante registrar que o debate passou ao largo de alternativas ao uso de reatores nucleares para resolver o problema de estabilidade da rede e de oferta independente de condições de vento e da ciclicidade da  incidência dos raios solares. Foi implicitamente colocado, se resolve o problema da descontinuidade das fontes eólica e solar de energia elétrica com a instalação de usinas termonucleares ou, usa-se fonte fóssil, hoje indesejável pelos seus rebatimentos no agravamento do Aquecimento Global. A energia nuclear, surge como uma fonte indispensável. Mas não haverá mesmo alternativa, ou estará sendo esquecida?

Visando enriquecer o debate, insere-se aqui uma alternativa. Trata-se de gerar energia elétrica no montante suficiente para acumular energia potencial hidrelétrica, possibilitando gerar a energia elétrica suficiente requerida durante o período de indisponibilidade de fontes renováveis. Isto é conseguido em usinas hidrelétricas reversíveis, uma multisecular ideia posta em prática já nos anos 1890. Nos anos 1930 já era disponível para uso comercial, uma turbina capaz de funcionar como motor para o gerador acionado pela turbina, funcionando ela também como bomba para elevação da água, movida pelo motor elétrico em que se converte o gerador.

Água é bombeada de um reservatório de menor cota para um de cota mais elevada. Posteriormente é usada para gerar energia elétrica, enquanto retorna do reservatório de cota mais elevada para o de menor cota. O ciclo de que se está tratando é diário no que concerne a suprir o período diário de não geração de energia elétrica em painéis solares. Deve se considerar um componente adicional para suprir deficiência de geração de energia elétrica em turbinas eólicas devido a velocidade do vento poder ser, em partes do dia, inferior à requerida pelas turbinas, ou gerar um fluxo insuficiente de energia elétrica face ao requerido. Vê-se que os reservatórios tem da ordem de milésimos do volume requerido por kwh nas usinas hidrelétrica convencionais. Representam, portanto, sob este aspecto, estes reservatórios, custos ecológicos e econômicos de ordem de grandeza substancialmente menores do que os reservatórios das usinas hidrelétricas convencionais.

A eficiência das usinas hidrelétricas reversíveis é satisfatória. Entre outros fatores depende principalmente da diferença de cotas entre a entrada, ou seja a tomada da água, e a saída da água; e da intensidade do fluxo de água. O valor típico da eficiência pode ser tomado como 80% (RAIMUNDO, 2019, p.32).
Dada a alta eficiência das células solares no Nordeste, com latitudes abaixo de 10 graus de latitude Sul, mesmo perdendo 20% para armazenamento de energia, o custo da energia elétrica fica menor do que a gerada por células solares em 52 graus de latitude Norte, como Berlim, capital da Alemanha, pais que é grande usuário de energia elétrica de fonte fotovoltáica.

Note-se que os reservatórios das Usinas Hidrelétricas Reversíveis que sejam ao ar livre (o inferior pode estar em uma mina abandonada, sem insolação, portanto) apresentam perdas por evaporação. Mas, a evaporação pode ser significativamente reduzida se a lâmina d’água for ensobrada por painéis solares, geradores de energia elétrica. Quem está entre menos e mais dez graus de latitude tem condições privilegiadíssimas para utilizar a energia solar transformando-a diretamente em energia elétrica, e assim, gerar durante as horas de insolação energia elétrica para horas sem insolação, usando usinas hidrelétricas reversíveis como acumuladores de energia.

É patente a afinidade dos cientistas com formas de gerar energia elétrica que demandam o emprego de cientistas e de engenheiros de larga formação científica, onde se distingue a energia termonuclear. Mas, acreditando que os cientistas estejam interessados no bem-estar da população, acreditamos, por decorrência, que a Academia Pernambucana Ciências venha a promover debates que contemplem a solução nuclear face a soluções mais convencionais.
 

RAIMUNDO, Danielle Rodrigues. Análise ambiental de projeto de armazenamento de energia via Usina Hidrelétrica Reversível. 2019. 107 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Energia) – Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2019. Disponível em: https://repositorio.unifei.edu.br/xmlui/handle/123456789/1987. Acesso em: 11 dez., 2019.

Wikipedia (2019). Pumped-storage hydroelectricity. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Pumped-storage_hydroelectricity. Acesso em 8 dez., 2019.

Observações
1 O assunto tratado nesta postagem é associado ao da postagem anterior, https://inovasmtp.blogspot.com/2019/12/uma-usina-nuclear-em-itacuruba.html

2 As postagens deste Blog Inovação e Adaptação ao Aquecimento Global constituem ações voluntárias dos mantenedores do Blog a uma melhor compreensão dos formadores de opinião e da sociedade em geral sobre as questões que possibilitam uma vida melhor face aos desafios postos pelo Aquecimento Global, pensando, principalmente nos povos que não causaram o Aquecimento,contribuem marginalmente para ele, sofrem com peso conhecidamente alto as suas consequências, são pressionados a porem barreiras em seus processos de desenvolvimento para mitigar o fenômeno que não causaram e têm escassíssimos recursos para se contraporem a seus efeitos maléficos por meio de Adaptação. Se o leitor concorda que tais ações aqui relatadas são úteis, não se exima de contribuir proporcionando divulgação do aqui exposto. 

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Uma usina nuclear em Itacuruba, município do estado Pernambuco, Brasil.





A Constituição do Estado de Pernambuco reza em seu artigo 216:

Fica proibida a instalação de usinas nucleares no território do Estado de Pernambuco enquanto não se esgotar toda a capacidade de produzir energia hidrelétrica e oriunda de outras fontes.

A capacidade de produzir energia elétrica oriunda de outras fontes está longe de ser esgotada. Usinas Eólicas podem ter sua capacidade total plenamente expandida, pois há uma área significativa do estado, com bom potencial de ventos, ainda inexplorada. Há maior potencial, ainda, de produção energia elétrica de origem fotovoltaica. Há ainda potencial para a instalação de florestas energéticas, tão zero carbono emissoras como as duas primeiras fontes citadas neste parágrafo.

Em total desreipeito à Constituição do Estado de Pernambuco, promulgada expressando legitimamente a vontade de seu povo, há tentativa de localizar no sertão do estado, no município de Itacuruba, uma usina nuclear. Itacuruba (latitude -08° 49’ 57”, longitude 38° 42' 24''), a Sudoeste da capital do estado, Recife (latitude 08° 03' 14'', longitude −34° 52' 52''). (Governo, 2016).  Localiza-se às margens do reservatório de Itaparica, com capacidade de 10,7 trulhões de litros de água expostos a um acidente nuclear, a mais de 300 km a montante da foz do Rio São Francisco. Itacuruba abriga os que foram deslocados da Itacuruba alagada pelas águas da Barragem de Itaparica, hoje sob cerca de uma dezena de metros da superfície enquanto a barragem esteja com 20% de sua capacidade. É uma cidade sertaneja de relocados. É tão relegada que não se presta muita atenção nem à sua localização. Há até documento oficial a pondo a Noroeste de Recife. Mas é ocupada por seres humanos, dignos toda a consideração. Suas vidas não valem menos, são tão valiosas quanto todas as demais vidas humanas.

A formalidade de uma audiência pública é, neste caso, um desabonador ato de desobediência e violação. No caso, ato perpetrado por um governo da Federação, violando um legítimo item constitucional de um ente federado. Caberia uma tomada de opinião para uma mudança da Constituição do Estado, a partir da qual, por um referendum popular ou por votação na Assembléia Legislativa a Constituição pode ser alterada. Não havendo mudança na Constituição Estadual cabe ao Governo Estadual defender, por todos os meios legais, a vontade do povo do estado, expressa na sua Constituição, inclusive proibindo qualquer atividade, promovida por qualquer entidade, que viole esta Constituição, tal qual uma audiência pública que não é uma mera discussão, em que cabe a liberdade de emitir opinião, mas parte integrante de um processo decisório que visa violar a constituição estadual, processo este que visa instalar uma usina nuclear dentro da área do estado de Pernambuco. Não deve o governo estadual acobertar tal violação.

Um segundo ponto sobre a ideia de expor Itacuruba aos efeitos de uma usina nuclear, de que Three Mile Island e Chernobyl são exemplos, diz respeito a aspectos geográficos, não políticos, desta infeliz localização pretendida para uma usina nuclear foi tratado neste Blog Inovação e Adaptação ao Aquecimento Global em postagem de 6 de janeiro de 2012 com título Centrais Nucleares são Indispensaveis, em que se advoga a localização de centrais nucleares acerca da foz dos rios, nunca em seu meio curso, quando forem indispensáveis. A questão é novamente tratada, desta vez em postagem de 7 de fevereiro de 2012, com título Centrais nucleares são indispensáveis - uma afirmação contestada, como comentário qualificado, expondo ponto de vista contrário à instalação de usinas nucleares.

Enfim, uma central nuclear em Itacuruba, nem pensar. A localização pode ser boa do ponto de vista político, pois só há meio milhar de habitantes por lá. Mas deve ser tornada inegociavelmente ruim, do ponto de vista da obrigação constitucional do Governo do Estado de defender a Constituição Estadual. A própria usina, em qualquer que seja a localização não é uma boa ideia. Mas se tivermos, brasileiros, que ter mais uma, que não seja violando a Constituição do Estado de Pernambuco, nem arriscando comprometer a vida do São Francisco, o chamado rio da unidade nacional, e no entorno dele, em cerca do último quarto de seu curso.



Se concordou, ou discordou, compartilhe em sua rede social. A discussão desta questão deve ser a mais generalizada possível. Está em jogo parte dos territórios de Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Como evitar incêndios incontroláveis: A Adaptação ao Aquecimento Global indica vantagem a se adotar a prática indígena das queimadas controladas



O conhecimento de tecnologia que proporciona o domínio, a pólvora, deu aos europeus e seus descendentes, no continente americano, o poder de invadir e se apossar das terras indígenas. Mas, conhecimento não é sabedoria. Não deu aos europeus sabedoria para conviver com o conhecimento indígena.

Nas terras do império Inca destruíram até às ultimas sementes o algodão que podia ser cultivado nas baixas temperaturas de serra, a 3.000 metros de altitude. Até hoje este conhecimento não foi recuperado pela Humanidade. O algodão continua uma cultura exclusiva dos climas quentes.

No Brasil, fizeram pouco da prescrição de coletar bambu nos tempos de lua nova. Que diferença pode fazer a fase da lua? Só na cabeça de índios supersticiosos! Só recentemente descobriram que na lua cheia há mais fluidos no bambu e, assim mais alimento para os seres que podem reduzir a sua vida útil.

Nos Estados Unidos proibiram a prática da queimada preventiva milenar dos indígenas. Foi criminalizada. Agora a Califórnia está sujeita a incêndios monumentais, proporcionados por dois fatores que se somam: o favorecimento aos incêndios monumentais, resultante da falta das queimadas preventivas, e a mudança climática produzida pelo Aquecimento Global, com agudização das secas.

É tempo de voltar atrás e reconhecer a superioridade da prática indígena de convivência com a natureza, no que tange ao fogo para evitar o fogo. A Adaptação ao Aquecimento Global indica vantagem a se adotar a prática indígena das queimadas controladas. A Califórnia está na hora de aproveitar as condições favoráveis ao controle de queimadas para fazê-las de forma sistemática, evitando que a natureza as faça de forma não controlada. O mesmo se aplica à Austrália, onde os colonizadores desprezaram o conhecimento dos nativos. Afinal, já que o fogo é inevitável, é melhor que ocorra nas condições mais favoráveis para a ecologia e para a economia. Simplesmente assim, embora possa vir a justificativa vestida de fervores religiosos.



CAGLE, Susie. 'Fire is medicine': the tribes burning California forests to save them. Em: The Guardian, 21, nov., 2019. Disponível em: https://www.theguardian.com/us-news/2019/nov/21/wildfire-prescribed-burns-california-native-americans. Acesso em 21, nov. 2019.

 How Australia's Indigenous people can help the country fight fire. Em: Al Jazeera, 15 jan., 2020. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2020/01/australia-learn-fire-control-aboriginals-200115235629756.html?utm_source=scroll7.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Saco de plástico ou de papel. Eis a questão.






Sacos de plástico tomaram universalmente o lugar dos sacos de papel. Distribuídos nos estabelecimentos comerciais com custo já embutido nos preços dos bens são tomados como gratuitos pelos consumidores. A maioria destes, em grande parte dos países os descarta livre e descuidadamente no meio ambiente. Em áreas rurais passam a constituir parte desagradável da paisagem enquanto trazem problemas ecológicos onde são dispensados. Em áreas urbanas entopem redes de águas pluviais, causando alagamentos, entre outros estragos. Quando são carregados pelas águas terminam por poluir rios, lagos e mares, já constituindo, pelo seu lento, multidecenal, processo de degradação, um sério problema ambiental.



O custo ecológico dos sacos plásticos nos anos mais recentes, veio a ser visualizado por ativistas ambientais e já começaram a ser proibidos em algumas cidades. Estão sendo substituídos por sacos de papel, que se decompõem mais facilmente. Mas o custo ambiental dos sacos não decompostos não é o único custo ambiental dos sacos. Até chegarem ao uso por parte dos consumidores, o sacos sejam de papel ou de plástico têm custos ambientais referentes às suas confecções. Uma relação de custos comparativos é trazida por matéria da BBC no artigo https://www.bbc.com/news/business-47027792, apresentando os altos custos ambientais dos sacos de papel.



O descarte irracional pode ser evitado com uma combinação de educação, conscientização, custos privados a que os usuários fiquem expostos e repressão. Evitando o livre descarte tem-se uma substancial dos custos ambientais dos sacos plásticos. A conveniência dos consumidores também deve ser levada em conta. Para alguns usos e para alguns consumidores os sacos de papel podem introduzir grandes diferenças desfavoráveis, que podem ser consideradas juntamente com os custos ambientais. Impondo-se custos adequados aos consumidores pode lhes ser dado liberdade de escolha, resultando numa melhor situação quando os custos privados atuais são levados em conta juntamente com os custos ambientais.



Quando o uso do plástico é levado em conta de forma mais geral, abrangendo as embalagens plásticas há mais divergência entre o resultado do uso de diferentes plásticos e diferentes outros materiais. Um estudo de 2004 sobre a embalagem de erva-mate em embalagens plásticas mostrou grande superioridade face a outros materiais de embalagem:



O desenvolvimento de uma embalagem, utilizando características estruturais do PETmet/PE, adequada as características da erva-mate é uma alternativa eficiente para prolongar a vida útil da erva-mate, apresentando também como vantagem a manutenção da qualidade microbiológica e físico-química deste produto (SANTOS, 2004, p.89).



As diversas situações específicas devem ser estudadas e levadas em conta de forma racional para que, deixado de lado as radicalizações derivadas de decisões pouco ou não fundamentadas em informação adequada, se atinja melhor nível de bem-estar coletivo intertemporal. As universidades e centros de pesquisa podem colaborar com a importante questão de se considerar adequadamente os custos ambientais nas decisões de produção e uso de materiais acondicionadores.

A racionalidade conclama a que sejam explorados os limites do reuso dos sacos e outros acondicionadores plásticos; em seguida, que sejam explorados os limites da reclicagem dos sacos e outras embalagens plásticas. As situações radicais, de uso exclusivo de sacos e embalagens plásticas e imediato descarte, ou de banimento destes acondicionadores são muito atraentes a rebombar nas mídias, mas, em geral, não são exemplos de racionalidade.






BBC (2019). Plastic bags: Germany is passing a law to ban them. Disponível em: https://www.bbc.co.uk/newsround/47777112. Acesso em 31 out.

SANTOS, Kleber Alves dos (2004). Estabilidade da Erva-Mate (Ilex paraguariensis St. Hill.) em Embalagens Plásticas. Curitiba: Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná. Dissertação (Mestrado). Disponível em http://www.ufrgs.br/alimentus1/objetos/erva-mate/Arquivos/ervamate_kleberdissertacao.pdf. Acesso em 31 out. 2019.

EDGINGTON, Tom (2019). Plastic or paper: Which bag is greener? BBC. Disponível em: https://www.bbc.com/news/business-47027792. Acesso em 31 out. 2019.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Adaptação ao Aquecimento Global: Florida, US, ganha departamento especializado.



O bom senso deve prevalecer para o bem das pessoas, sociedades e entidades.

O governo da Florida, estado Norte Americano do Sudeste, é liderado por um governador do Partido Republicano, partido que nos USA reúne grande fração de adeptos que negam o Aquecimento Global.

Pelo sim, pelo não, ou seja, é mais prudente pelo menos ter dúvida, e assim sendo, agir como se os efeitos do Aquecimento Global estivessem já presentes e prometessem maior impacto no futuro.

Desta forma, o governo do estado da Florida conta agora com o seu primeiro “Chief Resilience Officer”.

Veja uma reportagem esclarecedora em https://www.miamiherald.com/news/local/environment/article233421542.html.

Saudemos a 'wise decision".

domingo, 4 de agosto de 2019

European discourse and reality in adapting to heat waves

In dealing with hotwaves a lot of progress was achieved since the remarkable 2003 Paris heatwave, when the deads were counted in the thousanths.In the the  lest one, some few days ago, July 2019, with record temperature, the fingers could count the deads, and they didn't reach the tenth. With new record temperatures expected as the Global warming Process continues, some progress maust still be, and must be achieved:

https://www.theguardian.com/cities/2019/jul/31/i-followed-the-advice-for-paris-hottest-day-it-didnt-help 

Megan.  I followed the advice for Paris’s hottest day – it didn’t help. InWed 31 Jul 2019

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Entramos na Era dos Incêndios Monumentais



Os assustadoramente grandiosos últimos incêndios florestais na California mereceram a atenção da pesquisa científica sobre possível causa antropogênica, leia-se Aquecimento Global e as consequentes Mudanças Climáticas.* Concluiu o estudo que a principal causa destes aterradores eventos, que trouxeram perdas de vidas e extenso dano em bens materiais e ainda mais em bens de irreplicável valor estimativo, é mesmo de origem antropogênica. Não tem jeito. A situação vai piorar porque a temperatura média ainda vai aumentar mais, ou seja, inexoravelmente a Mudança Climática ainda vai se aprofundar, mesmo que a Humanidade deixasse de emitir dióxido de carbono neste exato momento da publicação desta postagem, devido a efeitos retardados. Mas, o que se vê é o rompimento de acordos climáticos priorizando o crescimento econômico a curto prazo, com a intensificação do uso de fontes energéticas fósseis. Então nós veremos um maior aprofundamento nas Mudanças Climáticas.

A Adaptação para as habitações e seus usuários, neste caso de incêndios florestais, obviamente não restritos aos californianos, corre em várias direções, que são aqui mencionadas sem a menor pretensão de sermos exaustivos:

- Proteção pessoal e de bens de alto valor por unidade de volume (valor econômico ou estimativo):
pode na direção da construção de bunkers resistentes ao fogo, que ofereçam absolutamente segura proteção, por alguns poucos dias. Adicionam custos aos atuais custos destinados às habitações e pressupõem serem revistos e postos em prontidão para uso antes da temporada de condições propícias aos incêndios;

- Resistência ao fogo das habitações, pela via da utilização de material não combustível: alta resistente ao fogo e a choques mecânicos (queda de árvores e partes delas) em toda a sua superfície externa;

- Resistência ao fogo das habitações, pela via de adequada disposição de estoque de inflamáveis: constituição de condições de garantida resistência a fogo florestal dos estoques de material inflamável mantidos nas unidades habitacionais (álcool, combustível de geradores, etc);

- Resistência ao fogo das habitações, pela via da formação de adequadas áreas de isolamento entre a floresta e o ambiente das unidades habitacionais;

- Manutenção de estoque de água para resfriamento das partes externas e eventuais focos isolados formados no interior da unidade habitacional e uso dos bombeiros.

* Incêndios monumentais também ocorreram, após esta postagem, na Austrália.

WILLIAMS, A. P.; ABATZOGLOU, J. T.; GERSHUNOV, A.; GUZMAN‐MORALES, J.; BISHOP, D. A.; BALCH, J. K.; LETTENMAIER, D. P. ( 2019). Observed impacts of anthropogenic climate change on wildfire in California. Earth’ Future, 7. https://doi.org/10.1029/2019EF001210


terça-feira, 14 de maio de 2019

Migração Climática e Reações



O Aquecimento Global vem produzindo já notáveis mudanças climáticas. Uma tradicional fértil área da Guatemala, recentemente, em termos históricos, perdeu capacidade produtiva agrícola devido à atual insistência da presença da seca, que passou a dominar o cenário climático da área.

A Adaptação ao Aquecimento Global, neste caso tem sido a migração. É uma Adaptação em níveis individual, familiar e coletivo. Indivíduos decidem emigrar da área condenada. Famílias decidem sair da área que abrigou seus antepassados. Como resultado, pelo expressivo percentual de emigrantes, torna-se um fenômeno coletivo.

O movimento emigratório é uma Adaptação em dois sentidos. Uma reação de indivíduos e famílias a uma mudança nas condições de vida da área onde habitam, mudança que retirou desta área, parte da capacidade de dar suporte continuamente a um mesmo número de habitantes historicamente determinado. Adicionalmente, os que saem proporcionam um redução da relação “homens por hectare”, facilitando a capacidade de sobrevivência dos que permanecem.

A emigração produz reações na área para onde se destinam os migrantes. No caso de um país pequeno e pobre como a Guatemala, ofusca e atrai o poderio econômico norteamericano, uma nação de imigrantes. A reação à migração na nação destino, por sua vez, passa a ser uma das pedras angulares da política no país que é destino almejado. No exercício da tentativa de Adaptação um guatemalteco imigrante morreu quando preso. Um fato que complica o quadro da Adaptação à intenção de imigração na área almejada como destino. Um custo imprevisto para todas as partes envolvidas.

O Aquecimento Global produz uma complexa cadeia de consequências. Os efeitos e reações terminam representando um custo tal que deixam sem expressão de representatividade as estimativas de custo elaboradas simplesmente em termos de perda de produção agrícola, hoje adotadas. Estas atuais estimativas não levam em conta a sequência adicional de interações causadas pelo efeito inicial.

domingo, 12 de maio de 2019

How weeds help adapt to climate change




An interesting report reading on how weeds help adapt to climate change is, as usual, seen under the optic of mitigation of climate change.

The title is How weeds help fight climate change, by Georgina Kenyon, in BBC, Section: Future, Topic: Climate Change, May 10th, 2019.

The recuperation of devasted areas, by combining vegetation-water, has been giving good results in widespread experiences and should be formally studied as subject of agricultural research, and of ambiental research.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

O Cientista da Radiação e Inovador da Aviação Samuel Pierpont Langley merece maior destaque

O Cientista da Radiação e Inovador da Aviação Samuel Pierpont Langley merece maior destaque


Esta postagem aparece simultaneamente nos Blogs “Inovação e Adaptação ao Aquecimento Global” e “Santos Dumont Inovador e Inventor”. Isto acontece porque Langley deu contribuições seminais em ambas as áreas;

- a sua principal área de trabalho científico, radiação, básica na
  compreensão do fenômeno Aquecimento Global; e 

- sua área de pura inovação, a aviação.
A vida na Terra depende da dose de radiação solar recebida. Se diminuir sensivelmente o gelo toma conta de tudo. Se aumentar de forma pronunciada, viramos um Marte maior. E foi na crucial radiação que Langley deu sua contribuição na sua área de trabalho científico. Desenvolveu um aparelho para medir radiação e, como inovação bem sucedida o usou e o viu ser usado pelo mundo afora. O próprio bolômetro, que criou para medir radiação, foi aperfeiçoado por ele mesmo de modo a funcionar autonomamente, acumulando informação. Produziu uma revolução na medição de radiação, esta variável fundamental para entendimento do clima da Terra e de suas mudanças e para a construção de meios de Adaptação ao Aquecimento Global. Afinal, o controle de radiação é importante para controle de temperatura em ambientes construidos e em ambientes abertos ensombrados. Em seus trabalhos científicos ele foi além das necessidades de conhecimento para a sua época. Mediu até a radicação refletida pela lua. Seu bolômetro media variações de centésimos de milésimos de grau centígrado ( 1 ).

Ambientes contruídos climatizados são cada vez mais importantes para salvar vidas nas ondas de calor que cada vez mais se fazem presentes ( 2 ), com maior intensidade e extensão temporal e geográfica nas latitudes médias. E vão abrigando cada vez mais um maior percentual de homens x horas do aparelho produtivo mundial, como forma de manter a produtividade que de outra forma seria rebaixada pela perda de eficiência das pessoas.

Ambientes abertos parcialmente ensombrados são uma Adaptação em termos agrícolas, reduzindo a temperatura de modo a mantê-la dentro de determinados limites máximos de temperatura e mínimos de insolação diária, para cultivos que toleram este caminho de Adaptação. Para tudo isto, ambientes construídos climatizados e ambientes abertos ensombrados, as questões de radiação são fundamentais.

A aviação, por outro lado deve a Langley parte de seu desenvolvimento. Como obra coletiva, o desenvolvimento da aviação tem destaque no primeiro vôo autosustentado de objeto mais pesado que o ar, manufaturado pelo Homem. Foi Langley que desenvolveu um “aerodromo”, como ele chamava, com natureza de um drone, ou seja, não tripulado, que vôou de forma autosustentada. Em 1902 um drone de sua autoria vôou mais de três quilômetros. Embora tenha sido lançado de uma catapulta, não há dúvida de que qualquer energia adicional que a catapulta tenha transferida ao drone não garantiria seu vôo de três quilômetros, em velocidade e alturas razoavelmente constantes, não fosse um objeto de vôo autosustentado. A energia acumulada ou o seria na forma de energia potencial, representada pela altura da trajetória, ou por energia cinética, representada pela velocidade de deslocamento. Não houve sinais de perda de energia acumulada durante o vôo.

O motor era a movido a vapor. A relação potência peso era suficiente para o vôo não tripulado. A passagem para vôo tripulado demandava um aumento de escala do aerodromo e um aumento da relação potência-peso do motor de forma a dar espaço à carga na forma do tripulante.

O drone fora feito aplicando leis de aerodinâmica já estabelecidas. As mesmas leis seriam aplicadas ao aparato em plena escala. Mas houve uma importante mudança. A fonte de energia mecânica para a propulsão própria do aerodromo seria um motor à explosão, movido por gasolina. E a concepção deste motor gerou uma contribuição importante para o desenvolvimento da aviação anteriormente ao emprego generalizado de turbinas. O motor radial, com pistões, concebido era capaz de proporcionar um alto coeficiente de potẽncia-peso. E tornou-se a concepção de motor mandatória na aviação das primeiras décadas do século XX, tendo como ápice o motor Pratt & Whitney R4360 que desenvolvia mais de 3000 HP. Até o tempo do uso predominante nos caças Focke-Wulf Fw 190 e bombardeiros B29 da II Guerra Mundial, dos Douglas DC7 e dos Constelations, da aviação civil, mesmo no início dos anos 1950, os motores radiais imperaram. Só os Electra americanos e os Viscount europeus, de meados do século XX, com suas turbinas como fonte de energia mecânica para suas hélices, derrubaram a supremacia dos motores radiais. O legado de Langley dominou os ares, contribuindo substancialmente ao desenvolvimento da aviação..

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Vamos aquecer para enfrentar o Aquecimento


Vamos aquecer para enfrentar o Aquecimento

Aquecer globalmente é uma das ações de Adaptação ao Aquecimento Global. Aquecer fazendo exercício físico habilita o Homem a aproveitar as oportunidades e enfrentar com mais facilidade as adversidades trazidas pelo Aquecimento Global. Há um grande número de sedentários em todo o mundo que precisam sair desta condição de sedentários.

A condição de temperatura ideal ao Homem é o intervalo 22-25 graus centígrados. O afastamento desta zona de conforto causa dois efeitos que se somam contra o Homem. Um efeito é o acionamento no ser humano de mecanismos biológicos de adaptação, os quais impõem custos crescentes ao organismo até o limite de não mais garantir as funções vitais. Outro efeito é o de dar mais vitalidade a patógenos ao Homem. Cada patógeno tem a sua temperatura ideal de máximização de sua vitalidade. Estas temperaturas estão, em geral, acima de 25 graus centígrados. Um grupo de patógenos perde sua vitalidade no entorno à esquerda de 40 graus centígrados, por isto a febre é um sinal de defesa do organismo contra estes patógenos. Os mecanismos de defesa do Homem perdem força enquanto algum patógeno nele instalado ganha força, estabelecendo um quadro do doença. Por este mecanismo o Aquecimento Global, por expor mais homens x hora acima de 25 graus e por aumentar a exposição a temperaturas mais altas os indivíduos da espécie Homos Sapiens aumenta a percentagem de pessoas com doenças. O aumento da temperatura em si pede uma resposta em termos de adaptação que anule ou reduza o seu feito maléfico.

As Mudanças Climáticas estão trazendo maior variabilidade para o clima. Ondas de frio surgem rapidamente de derrames do vortex polar trazendo temperaturas siberianas para o Norte da Europa e da América. Ondas de calor cada vez mais intensas, extensas e frequentes vão assolando regiões de médias latitudes. Incêndios florestais vão batendo seguidos recordes de extensão e de perdas provocadas. Precipitações monumentais vão trazendo enchentes que solapam a separação entre esgotos sanitários e esgotos pluviais, espalhando patógenos e contaminando fontes de água potável. Enfim, as Mudanças Climáticas vão trazendo um forte impacto direto e imediato de eventos extremos, para o que, muitas vezes os atingidos recebem ajuda para a absorção menos traumática, dado a visibilidade do impacto atrair ondas de solidariedade. E não recebem ajuda para um impacto insidioso, pouco percebido pelos não atingidos, de grande esforço para recuperar as condições de vida prévias, partindo de condições desfavoráveis e desgastados por estas condições. Este impacto insidioso, que atinge os sobreviventes não é notícia que dê retorno às grandes mídias. Mas um certo sentimento de incerteza vai, aos poucos se abatendo sobre os que não foram vítimas, pois cada um de nós sabe que sua hora de ser atingido pode chegar, destruindo o conforto do modo de vida que conseguiu construir. Quanto mais forte estiver um indivíduo menos provável de entrar em óbito em igualdade de circunstâncias desfavoráveis; menos provável ser atingido por contaminações de patógenos; menos graves as doenças que contrair; menor tempo de recuperação; mais provável recuperação completa; menores as marcas residuais não apagáveis de doenças.

Um elemento favorável ao fortalecimento dos indivíduos é se manterem em saudável exercício, que contribui à satisfação do dito romano mens sana incorpore sano. Para quem não está em plena forma, passar a assim ficar é um ato de prevenção contra futuras desditas climáticas, é um ato de adaptação. As Mudanças Climáticas tornaram mais importante a atenção com o equilíbrio entre condição física plena e condição mental plena.

Quanto exercício, que exercício, como se exercitar, são questões a serem respondidas por profissionais que tenham ganho competência no assunto. Incontáveis sites tratam do assunto, a exemplo da conservadora BBC; da inovadora CNN; das conceituadas escola de medicina de Harvard e clínica Mayo.

Neste aspecto deve-se notar que as competições olímpicas são muito interessantes para despertar o entusiasmo pelo esporte. Mas os atletas que competem dedicam-se de forma tão intensa a atividades físicas que são mostruários de desequilíbrio entre atividade mental e atividade física, podendo em certas circunstâncias se tornar mais debilitados do que muitos sedentários, por terem forçado seus organismos além dos limites saudáveis. O equilíbrio dá mais resiliência global. Mas o equilíbrio para ser atingido como fim exige equilíbrio de meios para atingí-lo.

Exercício físico, inclusive na forma de desportes, é melhor praticado pela inteira população de uma cidade quando a autoridade municipal contribui a fornar ambientes próprios para a sua prática. É uma política pública de apoio à saúde pública. É uma política de formação de uma população com melhor qualidade de vida, mais resistente a doenças físicas e mentais, com melhor memória e, assim, mais resistente às adversidades que decorrem das Mudanças Climáticas.