Hoje a atenção está dirigida à localização de centrais nucleares.
Certamente que serão necessárias para o futuro. Até mesmo para que se tenha uma diversidade de fontes de energia que produza uma situação de robustez face às incertezas que o futuro apresenta. E como o futuro tem as incertezas aumentadas pelo Aquecimento Global, pode-se dizer que dotar o eferta de energia elétrica de um razoável componente de origem nuclear é uma medida de Adaptação às Mudanças Climáticas.
Digamos que um estudo locacional para a instalação de uma central nuclear leve em conta a disponibilidade de água, o investimento para interligação à rede elétrica existente, o investimento na construção (que varia com a localização), o custo de aquisição do terreno, as perdas pelo transporte da energia até os usuários, etc.
Digamos que este belo estudo locacional indique um local ótimo algumas centenas de quilômetros a montante da foz de um rio, o qual provê a disponibilidade de água para a central nuclear.
Agora adicione-se um ponto. Digamos que um dia, contrariando o desejo de todos, algo saia muito errado nesta central. Alguém pode dizer: impossível. Também assim um dia haviam dito para Three Mile Island. Também assim haviam dito para Chernobyl (há sempre quem diga. Ah!, aquilo era um galpão. Mas não foi por isto que estourou) . Pode-se arguir em relação a Fukushima (Ah!, não temos maremotos. o que até o momento é verdade. Também diziam que seria impossível furacões na América do Sul).
O ponto a adicionar é o que se ensinava nas escolas de engenharia: mesmo que você faça tudo certo, a probabilidade de algo dar errado nunca será exatamente zero. Sempre haverá aquele incomodo resíduo de probabilidade, que se faz tender para zero, mas, desgraçadamente, nunca é exatamente zero. Agora junte-se outro elemento ao raciocínio. Se a probabilidade de um acontecimento não é exatamente zero, um dia ele vai acontecer. O construtor pode não estar na Terra para ver, mas isto é irrelevante para a sociedade. Junte-se outra informação. Se um dia, que se deseja nunca venha a existir, por um acidente vazar água radioativa do reator e chegar ao rio, não poderá haverá o comprometimento dele a jusante da central nuclear, até a sua foz? Então não seria mais racional que fosse a central localizada cerca da foz? De qualquer forma a foz estaria comprometida. Mas, se estaria poupando problemas causados por radiação na extensão entre a melhor localização que não leva em conta o desastre “impossível” (desastre este que se sabe “relativamente impossível”, não “absolutamente impossível”) e a localização cerca da foz (que, qualquer for a localização da central, acabará comprometida). Quanto custa a mais hoje poupar uma área adicional de ser exposta? O poupar à exposição não vale o custo adicional?
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