quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Telhados verdes agora são lei


  Telhados verdes agora são lei em Recife. Uma cidade equatorial litorânea, o Recife, a oito graus de latitude Sul, onde o inverno do ponto de vista térmico é pouco notado, o efeito ilha de calor vai crescendo com o avanço do Aquecimento Global e com a expansão urbana. Com a lei dos "telhados verdes" cada construção, para habitação ou não, com mais de 400m2 de cobertura vai acrescentar menos ao aumento da ilha de calor urbana devido ao telhado verde, em vez do telhado convencional. Esta era uma medida de Adaptação aconselhável. Foi tornada realidade pela lei municipal 18.112, em 12 de janeiro de 2015.

Como não haverá rebaixamento da temperatura nos dias de mais calor, mas redução do aumento da temperatura, não é uma medida que apareça à percepção humana em seus efeitos. É uma inovação: Uma medida de política urbana com efeitos apenas detectáveis pelo conhecimento.

Outra característica do Recife é ser construída com grandes frações de sua área representando uma ocupação desordenada dos mangues que compunham a área do município que apresenta 7.000 habitantes por km2. Como ocupação foi desordenada, não houve o cuidado de que os aterros propiciassem inclinação suficiente para eficiente drenagem. Em cada mangue, quem primeiro chegou aterrou o suficiente, apenas, para que as águas de seu terreno escoassem para o mangue. A segunda onde de ocupantes também aterrou apenas o suficiente para sua drenagem. A terceira onda, também. E assim por diante. O resultado deste modelo de ocupação é a formação de uma área plana, onde os últimos a ocupar reservam um canal, para escoamento das águas. Mas os primeiros ocupantes agora estão a centenas de metros do canal. E a altura de seus terrenos era boa para prover drenagem quando o mangue estava a poucos metros de suas casas. Agora não é mais possível subir o aterro. Resta esperar muito para que, após cada grande sessão de chuva intensa, as águas pluviais acumuladas desçam para os canais.

A lei cuidou de melhorar a questão dos irremediáveis alagamentos. Está previsto, também, a  construção de reservatórios de acúmulo ou de retardo do escoamento das águas pluviais para a rede de drenagem. 

Esta medida também vai ter efeitos não perceptíveis aos cidadãos pela observação visual. Mas vai contribuir para talvez algo da ordem de grandeza de um centímetro menos nas enchentes de meio metro d'agua nas ruas alagadas, em vinte anos mais, quando a área total de telhados verdes for considerável, assim como for considerável o volume total de reservatórios de acúmulo ou retardo de escoamento.  

Quem achar que um centímetro de altura de água não vale nada, faça uma experiência. Feche as saídas de água que sua habitação tenha, coloque água até a altura de um centímetro no piso e espere algumas horas até desobstruir ralos e deixar a água passar para fora também pelas portas externas. Verá que alívio terá quando o piso voltar a ficar seco.

A lei está posta. Agora é torcer para que, por conscientização, ou modismo (o efeito físico é o mesmo), seja a lei tomada como uma referência a ser copiada em outras cidades. 

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