A Biblia, o livro
mais lido no mundo, registra que Jesus Cristo passou 40 dias no
deserto. Isolado. Um soldado japonês, leal súdito do Imperador,
continuava ignorando a perda da qualidade sobrehumana do seu Senhor,
décadas após esta condição lhe haver sido reitrada. Escondido
numa floresta asiática só mais de 5 décadas após o armistício
que selou o fim da II Guerra Mundial, foi ter contato com um novo
mundo em que o seu país voltava a despontar, desta vez já como a
segunda potência mundial. Estivera isolado. Como a floresta onde
estava vivendo.
O sistema
atmosférico é global e se poderia dizer que nunca houve alguma área
completamente isolada. Mas, se pode buscar alguma forma de
isolamento. Se pode dizer que, estando o sistema atmosférico em
equilíbrio em termos de ciclos anuais, ou seja, havendo apenas
alterações conjunturais, que não alterem parâmetros médios
decenais do clima, as interações entre cada segmento da atmosfera e
o todo podem ser consideradas neutralizadas. Neste caso, não haveria
rompimento da condição de isolamento se as médias de dez anos
fossem permanecessem iguais. Neste ponto de vista o deserto de Jesus
e a floresta do soldado japonês poderiam ser considerados isolados.
O sistema
atmosférico é global e agora está passando por uma alteração que
muda os parâmetros médios decenais. Está passando por Mudanças
Climáticas. A interação agora, entre cada segmento da atmosfera e
o todo passa por mudanças de uma outra natureza. Passa por
alterações de longo prazo. Não há mais espaço para argumento de
isolamento. Na alteração que cada segmento vai passando há
necessária participação da interação com o restante da
atmosfera.
O envólucro gasoso
da Terra, em sua marcha de mudança de longo prazo de parâmetros
(longo prazo como centenas de anos) vai interagindo com a superfície
aquosa e térrea da Terra, levando os ambientes de segmentos da
biosfera a estarem expostos a influência de seus entornos.
Uma nação, com seu
sistema socioeconômico, está tão exposta ao seu entorno quando os
segmentos da bioesfera, que se considerem nela contidas. As condições
de vida natural, social e econômica vão se alterando com o passar
do tempo, dada a continuidade das Mudanças Climáticas. Nada fica
estacionário em seus parâmetros decenais. Nada está isolado. A
situação de completa interdependência não fica exposta se os
dados de um sistema socoeconomico forem apreciados em forma isolada,
que não considere de forma explícita elementos externos a ela, tal
como dados de produto per capita da economia.
Nesta época de
mudanças de condições em que a vida se estabelece e frutifica,
mudanças que envolvem interação clamando por consideração
explicita, pedem indicadores que exponham esta irremediável
interrelação. Os produtos per capita nacionais, o mais usado
indicador do estado de uma economia nacional, se tornam portadores da
relação de interação com os entornos das respectivas nações
quando são expressos em termos que incluem informação externa ao
específico sistema em que os produtos são gerados. Uma forma
simples de se fazer expressa a relação de interdependência é
expressar o produto per capita nacional como fração do
análogo produto per capita mundial.
O produto per
capita interno bruto é uma variável síntese de um aspecto da
vida econômica em uma nação. Ao ser colocado como uma fração
(que se torna própria ou imprópria) do análogo produto per capita
mundial, fica exposta uma relação de posição entre a economia
nacional e a economia do mundo das nações. A variação desta
fração entre anos porta a informação sobre o desempenho econômico
relativo de uma economia. Se está mais bem adaptada do que a média,
tende a apresentar crescimento acima da média. E vice-versa.
Uma economia que tem
capacidade para ser bem adaptada às mutantes condições econômicas,
também, em princípio, deve ter capacidade para se adaptar aos
efeitos das Mudanças Climáticas, trazidas ou não, pelo Aquecimento
Global. Economias com boa capacidade de adaptação às mutantes
condições climáticas, somadas às mutantes condições econômicas,
tendem a ter um crescimento dao produto per capita mais elevado do
que a respectiva média mundial.
Foi usado na
postagem anterior deste blog Inovação e Adaptação ao Aquecimento
Global, de 5 de junho deste 2017, Comparando Indicadores de Capacidade de Asaptação entre os 5 maiores países: o Brasil desponta um futuro de Submergent Power?, o conceito de produto per capita nacional
relativo ao mundial aplicado aos cinco maiores países, baseado em dados do Banco Mundial. Viu-se como
o Canadá, em que pese um brilhante prospecto de ganhos pelo
Aquecimento Global, tem se saído mal no curto prazo, perdendo
anualmente um por cento de produto per capita relativo ao mundial.
Mas, como país de alto nível de renda
per capita, continua bem acima
da média. O Brasil, que estava ligeiramente acima, caiu
para abaixo da média, por ter tido seu produto per capita
crescido menos 0,85% ao ano em relação ao mundial. E a situação
literalmente não muda ao se desconsiderar a perda de mais de 4% per
capita no ano de 2015, ano final do intervalo 1990 – 2015
considerado.
Próxima postagem prevista para 07 de julho:
A Noruega e prejuízos continuados à Adaptação na Amazônia.
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