segunda-feira, 5 de junho de 2017

Comparando Indicadores de Capacidade de Adaptação entre os 5 maiores países: o Brasil desponta um futuro de Submergent Power?




Os efeitos das Mudanças Climáticas poduzem perdas econômicas causadas por eventos extremos. Em princípio, sendo tudo o mais constante (coeteris baribus), tanto maior a taxa de crescimento de uma economia, tão mais margem tem para que continue crescendo, apesar dos efeitos negativos que o Aquecimento Global lhe imponha. Neste aspecto é interessante analisar as taxas de crescimento dos 5 maiores países do mundo. 

É bom que se tome um período largo, que expresse uma situação mais estrutural, levando a que percam peso variações conjunturais. O Banco Mundial disponibiliza dados que se prestam a uma visão da situação de crescimento dos produtos per capita (GDP per capita) dos países relativamente ao produto per capita mundial. Este indicador expressa como anualmente, em média, cada país vai crescendo o GDP per capital nacional em uma taxa superior ou inferior ao mundial.

Os dados disponibilizados, relativos à economia mundial, se estendem ao período 1990 e 2015, sendo relativos ao início e ao fim deste período e a alguns anos do intervalo. Pode-se tomar o ano de 1990 como o início da hegemonia do paradigma tecnológico microeletrônico e da globalização que a acompanhou. Uma nova era, portanto, reorganizando o potencial de crescimento dos países. O período 1990-2015 trata do primeiro um quarto de século sob a hegemonia deste paradigma e da globalização correspondente.

Tomando os produtos per capita em dólares correntes, expressos em termos de paridade de poder de compra, divididos pelo produto per capita mundial em cada um dos anos extremos do intervalo, tem-se para a taxa de crescimento anual percentual do produto per capita nacional,  entre os anos de 1990 e 2015, de cada um dos 5 maiores países, em relação ao produto per capita mundial, por ordem decrescente: 




A China, com seu modelo de economia fechado às ingerências externas, vem apresentando a mais larga margem para fazer frente às adversidades climáticas. Entre 1990 e 2015 o GDP per capita chinês passou de 16 para 92% do GDP per capita mundial.
 
A Russia não foi capaz de apresentar desempenho semelhante. É um país cuja vastidão o faz estar presente na Europa como o país de maior extensão neste continente e na Ásia, como também o país de maior extensão neste outro vasto continente. Tamanha diversidade torna difícil que se atinja altas taxas de crescimento, Crescendo o produto per capita a 1/3 de 1 por cento acima da média mundial não está mal. No período 1990-2015 seu GDP per capita subiu de 147 para 162% do mundial.

Os Estados Unidos da América se apresentam com uma taxa de crescimento esperado. Sua extensão territorial e seu elevado nível de renda inicial no período toram difícil superar a taxa de crescimento do produto per capita mundial.  Seu produto per capita relativo vem caindo a um ritmo de cerca de 5/4 de 1 por cento ao ano.  Passou  de 441 para  358% do produto per capita mundial.

O Brasil tem uma taxa de crescimento do produto per capita relativo literalmente igual ao dos Estados Unidos. Mas, esta taxa de crescimento que pode ser considerada é boa para os Estados Unidos, não pode ser considerada boa para o Brasil. Seu produto per capita anda no entorno de apenas cerca de 27,5%  a 28% do produto per capita americano. Quanto a este aspecto o Brasil não está bem posicionado para absorver os impactos negativos do Aquecimento Global. Em 1990 apresentava um GDP per capita de 122% do análogo mundial. Chegou a 2015 com 98%. Crescer abaixo da média, para quem está abaixo da média não é um comportamento emergente. Se o Brasil insistir em crescer abaixo da média, de agora em diante, não mais será uma potência emergente. Se insistir terá uma baixa margem para Adaptação ao Aquecimento Global, como potência submergente.
Simultaneamente a apresentar uma taxa de crescimento abaixo da média o Brasil apresenta um alto endividamento do governo, indicando um padrão de gastos acima do que seria sustentável. Para um futuro não comprometido com estrangulamentos herdados por incontinência fiscal, os economistas estão advogando remédios amargos no presente para evitar viabilizar uma saída da indesejável posição de submergente. Deve-se frisar e enfatisar que se houver insistência de fração da sociedade em não abrir mão de privilégios considerados indevidos por muitos, se desvanece o apoio geral a medidas duras para o hoje que poderiam trazer melhor amanhã.

Por último temos o Canadá. É um país de alto nível de renda, com prospecto de ampliação de sua área agricultável como resultado de effortless Adaptação ao Aquecimento Global. Esta pode ser a razão por que muitos brasileiros, acostumados à idéia de morarem num país do futuro, busquem o Canada, para onde o futuro teria se transferido. Por enquanto, todavia, seu produto per capita cresce a um ritmo anual 1 por cento abaixo do crescimento do produto per capital mundial. Nesses 25 anos passou do GDP per capita de 370% do mundial para 282%.




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