Poetas descrevem o mundo que nos rodeia. Este mundo, em constante mutação, todavia, pode fazer as descrições irem perdendo parte da aderência à realidade, fazendo os poetas evocarem o passado, quando falam do presente. Fernando Pessoa, o grande poeta da língua portuguêsa refere-se em “Chove. Há Silêncio” à silenciosa chuva de inverno, daqueles pingos miúdos, frios, caindo insistentemente sobre uma terra já molhada, nela penetrando. Molhando os ossos, como se dizia no interior. É a chuva descrita em
Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Não faz ruído senão com sossego.
As precipitações extremas, as chuvas fortes, inimigas da agricultura, vão ganhando espaço na composição do clima, substituindo as que não fazem ruído, senão com sossego, mais presentes nos velhos tempos. Com isso vai aumentando, com o aprofundamento do Aquecimento Global, a necessidade de guardar a água da chuva, para torná-la disponível ao uso humano, diretamente ao Homem, ou à sua produção agrícola, ou à dessedentação de seus animais. Guardar a água da chuva para posterior uso é um ato de convivência com a seca e de adaptação às mudanças climáticas.
O livro Potencialidades da água de chuva no semiárido brasileiro reúne estudos dirigidos a dar sustentação científica e social à questão da água, central para a atividade econômica e para a qualidade de vida da população de agricultores que, em grande parte, habita locais isolados na extensa área rural do interior do Nordeste brasileiro. Artigos publicados em congressos científicos pelo grupo de pesquisadores do assunto permitem acesso a informação de natureza da exposta no livro, a exemplo de Tecnologias de baixo custo para captação e conservação de água de chuva no solo para o Brejo paraibano.
A informação trazida é aplicável em áreas semiáridas em geral, em qualquer longitude, em qualquer continente. Focam tecnologias de baixo custo, adequadas a instalações nos arredores das casas, com potencial para livrar as famílias do suprimento de água por meio de carros pipa – um símbolo do atraso, da pobreza dos agricultores e da dependência política para a sobrevivência.
Trata de água de chuva, no novo clima, onde à chuva falta o silêncio, para que não o venha faltar à vida.
Trata de água de chuva, no novo clima, onde à chuva falta o silêncio, para que não o venha faltar à vida.
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