segunda-feira, 27 de março de 2017

Alimentação animal/Convivência com a seca/Adaptação ao Aquecimento Global

Criadores convivem com períodos de estiagens prolongadas que, com o avançar das mudanças climáticas se prometem, em média, mais intensas e mais extensas, tanto em área geográfica quanto em duração temporal. Como uma das formas de Adaptação os pesquisadores oferecem uma nova tecnologia para alimentar gado na estiagem. São os tabletes nutritivos ou blocos multinutricionais. Consistem numa mistura de melaço, uréia pecuária, sal comum, minerais, bagaço de cana, juntamente com folhas encontradas localmente, aceitas pelo gado. 

Desenvolvidos na Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa), os tabletes fornecem nutrientes essenciais como proteína, energia e minerais durante o período em que as forrageiras estão com baixa qualidade. Evitam o decaimento do ecossistema ruminal para a multiplicação microbiana, assim mantendo a capacidade de digestão das fibras, as quais são o principal componente da forragem durante épocas de estiagem. 

Os tabletes podem ser produzidos pelos próprios criadores que contem com a possibilidade de adquirirem melaço e bagaço de cana (componente volumoso), produzidos pela indústria canavieira, os componentes químicos e folhagem que os ruminantes toleram comer.

No presente, parte interiorana do semiárido do Nordeste do Brasil conta com distâncias que permitem acesso, por custos de transporte aceitáveis, ao melaço e bagaço produzidos pela indústria canavieira em áreas litorâneas. A tendência a substituir parcialmente a produção de cana pela criação de bovinos na área hoje dedicada à cultura canavieira pode reduzir a oferta de melaço e bagaço até agora disponíveis a criadores do semiárido nos tempos de secas. A redução desta oferta diminui a possibilidade de formação dos tabletes desenvolvidos na Emepa, acima citada. A redução desta eferta é o contrário de uma situação de Adaptação. É uma desadaptação.

 

sexta-feira, 17 de março de 2017

Um problema para a Adaptação: seguros e resseguros










                                                  Referência: O Estado de São Paulo, 13 de
                                                                     Março de 2017. Seção B
                                                                     (Economia), p.2.
                                                   Obs.: Trecho publicado ipsis litteris no
                                                            endereço eletrônico do link acima.


Correta está a lógica de expansão das atividades de resseguro sob a direção do CEO Bruno Freire em não investir em resseguros em áreas onde o risco de catástrofes naturais está aumentado. É uma estratégia que expressa um sinal de responsabilidade para com o seu negócio, para com os acionistas da empresa.


Assim, o Chile e as nações do Caribe ficam desabrigadas exatamente por serem as que mais necessitam de seguros. O Aquecimento Global que provoca o aumento da frequência e da intensidade de catástrofes naturais, e por conta disto, maior necessidade de seguros, provoca, por compreensivas razões, maior dificuldade na área de seguros por conta de instituições provadas no marco legal atual.

A maior dificuldade para fazer seguros torna mais difícil a recuperação dos atingidos pelos desastres naturais. Muitos dos atingidos não poderão se recuperar. Sofrem com isto os atingidos, sofre com isto o ambiente econômico social. Os vasos comunicantes dos sistemas econômicos distribui sobre todos os malefícios, embora altamente concentrados nos que não possam se recuperar.

Veja o que está acontecendo na úmida Zona da Mata do leste do que foi o grande produtor de açucar de cana na história do Brasil. Há uma Zona de Mata Norte, menos chuvosa, com média anual de 1.600 mm (63 in), e uma Zona da Mata Sul, mais chuvosa, com média anual de 1.800 mm (71 in). Pois a atual grande seca plurianual, que vem se arrastando, sendo este o quinto ano consecutivo, nos três primeiros anos produziu prejuízo de mais de 33 bilhões de dólares (33 billion dollars) em toda a área atingida.  Na Zona da Mata Sul, que desconhecia a seca com a intensidade da atual, houve uma perda na cana de açucar, de 22% do peso previsto. A perda na Mata Norte é compreensivamente maior. A atividade multicentenária, o cultivo da cana de açucar, começa a perder espaço para a criação de gado, que necessita menos água. Três gerações de plantadores nunca tinham presenciado nada igual. Cria-se um ambiente desfavorável ao investimento, com repercussões negativas sobre a capacidade de Adaptação.

Está posto o problema. É importante que ele seja reconhecido como problema. A primeira etapa na solução de um problema é reconhecê-lo como tal.

A solução é importante que haja. Várias soluções podem ser dadas, muitas vezes com diferentes aplicações mais adequadas em diferentes situações.  
 

quinta-feira, 16 de março de 2017

Gado Adaptado ao Semiárido

avanços na direção do desenvolvimento de gado (gado vacum) resistente às condições climáticas que caracterizam as regiões semiáridas.

Para criações de pequenos produtores e de produtores familiares já foi desenvolvida a raça Sindi, de bovinos adequados à pecuária leiteira (TEODORO; VERNEQUE; MARTINEZ, 2012). Trata-se de raça originária dos trópicos paquistaneses, adaptada às condições de áreas semi-áridas, capaz de viver e produzir com aceitável eficiência econômica, pelo menos num primeiro estágio de agravamento das condições locais trazido pelo processo de mudanças climáticas. A raça tem pelagem de cor avermelhada, ideal para as regiões tropicais e sub-tropicais (TEODORO; VERNEQUE; MARTINEZ, 2012); o seu pequeno porte é condutor a melhor aproveitamento por área; tem boa eficiência reprodutiva e principalmente boa capacidade de produção de leite, tanto em quantidade como em qualidade; a sua adaptabilidade às condições adversas de clima e de manejo, principalmente alimentar, nas condições de semiárido, tem sido atributos explorados, no semiárido do Nordeste do Brasil, em cruzamentos com raças taurinas, para a obtenção de animais de pequeno porte, produtivos, resistentes, tais como recomendados para explorações leiteiras típicas da agricultura familiar e da pequena produção, de modo geral.

Gado de maior porte, o Guzerá, por seu turno, vem sendo objeto de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa para torná-lo mais adequado, do ponto de vista econômico, às condições do semiárido, como parte do Programa Nacional de Melhoramento do Guzerá para Leite. O programa conta com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Zebu e da Associação de Criadores de Guzerá do Brasil, numa estreita parceria público-privada, que tem envolvido os Ministérios da Agricultura e da Ciência e Tecnologia, Universidades, Empresas estaduais de pesquisa e Centrais de sêmen e transferência de embriões (EMBRAPA,2013 CNPGL). Trata-se de um esforço que gera resultados de Adaptação dirigidos aos grandes criadores.

 [Outros conhecimentos para convivência e adaptação em

Na região equatorial: Convivência com a Seca = Adaptação ao Aquecimento Global]

De:
DIAS, Adriano; MEDEIROS, Carolina 
(Consultores:  MELO,  Lúcia; SUASSUNA, João; TÁVORA, Luciana; WANDERLEY, Múcio)
Convivência com a Seca e Adaptação - realidade e pesquisa

Relatório Parcial da Pesquisa  Adaptação ao Aquecimento Global:
uma visão sobre a pesquisa agropecuária no Norte/Nordeste
Coordenação de Estudos em Ciência e Tecnologia - CECT/Fundação Joaquim Nabuco  www.fundaj.gov.br.    Recife, 2014