sábado, 7 de fevereiro de 2015

Cupins: Adaptação e um silencioso inimigo urbano


Cupins são destrutivos. Esta é uma afirmação encontrada nas enciclopédas. Cupins são relacionados às Mudanças Climáticas. Esta não é uma afirmação esperada por um leitor. Na verdade cupins são contribuidores aos ecosistemas. Evitam que os ecosistemas produzam mais metano, consumindo matéria orgânica que iria produzir este gás, altamente contribuidor ao Aquecimento Global. Mas uma coisa é o cupim na natureza, outra é a sua relação com ambientes construidos.

Cupins são muito diversos quanto às espécies. Só nos ecossistemas brasileiros há mais de 300 espécies nativas. Mas em todos os continentes há sempre espécies nativas, que migraram de outros ecossistemas. São considerados insetos negativos, mas poucos imaginam que devam ser levados em consideração quando se fala de Adaptação às Mudanças Climáticas.

Todos os indivíduos da espécie homo sapiens, pelo menos os de mediana para maior experiência de vida, conhecem os estragos causados pelos cupins. Os mais jovens podem ainda não terem tido tempo de se depararem com experiências desagradáveis produzidas por cupins. Mas entre eles a inexperiência traz alguns a se comportarem expondo a condições extremas os veículos que lhes caem às mãos. Aceleram ao máximo, chegam ao limite de estabilidade em curvas, testam o sistema de suspensão em caminhos acidentados, massacram, enfim, os veículos. Em pouco tempo o automóvel ou caminhonete que esteja sob suas direções se apresenta com folgas em seus sistemas de transmissão, suspensão e direção, ou seja, semi-destroçado. Dizem, na linguajar popular de algumas regiões brasileiras, que são "cupins de aço". Dentre os jovens, os que não conhecem os verdadeiros cupins podem ser verdadeiros cupins de aço, destruindo veículos de forma quase análoga ao que os cupins fazem com objetos de madeira. Pela analogia com os cupins, os jovens, cupins de aço ou não, passam a saber o significado de cupim.

Cupins sempre existiram, ou seja, estão na Terra a muito mais tempo do que os homens. Mas a relação entre cupins e homens não tem que permanecer idêntica à que hoje vivenciamos. O clima está mudando e enquanto o clima vai mudando e a temperatura aumenta até um certo ponto e enquanto a umidade média de áreas úmidas costeiras continua, ou até aumenta com o aumento das precipitações nessas áreas, os cupins podem se tornar maiores vilões de custos diretos para os humanos e indiretos para toda a natureza. Podem aumentar, em muitas áreas territoriais, sua velocidade de ataque às madeiras e, de um forma geral, aos bens contendo celulose, tais como livros e tecidos.

A questão da relação entre homens e cupins pode ser olhada não só pelos ataques diretos dos cupins a bens construídos pelos homens e suas máquinas, que lhes são caros, mas também pela relação indireta, cupins - meio ambiente e meio ambiente-homens. Eles, os cupins são contribuintes ao agravamento e aceleramento das mudanças climáticas, por serem relativamente grandes produtores de metano, um motivo para serem combatidos. Produzem o terrível metano, cuja molécula é vinte vezes mais aquecedora do que a molécula de dióxido de carbono, enquanto digerem a celulose que usam como alimento.

Os cupins, em ambientes úmidos, aumentam sua eficiência, destrutiva, com o aumento da temperatura, até um certo nível de temperatura. O limite superior de temperatura, que começa a ser desfavorável aos cupins está um tanto mais acima da encontrada em grandes áreas equatoriais. Ou seja, ainda há espaço para aumentar a atividade dos cupins. Dados sobre duas localidades na zona costeira brasileira servem para bem ilustrar a situação favorável a uma maior atividade dos cupins.

Nas regiões costeiras do Nordeste do Brasil a variação diária de temperatura é pequena devido ao efeito atenuador do oceano. Embora estejam em região equatorial as temperaturas, enquanto aumentam com o processo de Mudanças Climáticas, vão se tornando mais favoráveis aos cupins. Vejamos. A primeira sede do então governo invasor português (do ponto de vista dos habitantes natos), Salvador, foi escolhida não só pela baía que fonecia bom ancoradouro. Estava também mais ou menos na metade do comprimento, no sentido norte-sul, da costa da terra conquistada. Fica a 12° 58' de latitude Sul. A temperatura média anual é 25,2°C.

Já bem perto da linha equatorial, de onde partiam os vôos norteamericanos para a África, na II Guerra Mundial, está Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte. O limite mais ao norte e mais ao leste, que permitia, no limite, vôos cruzando o Atlântico, com os aviões da época, com 5° 48' de latitude Sul. Tem temperatura média anual é de 26 °C. São temperaturas abaixo dos 27 °C anuais médios de áreas na África onde cupins celebram as condições favoráveis construindo gigantes montes sobre a terra. Abaixo, também, dos 28 °C anuais médios da Amazônia, onde os cupins grassam, controlados por predadores que não se encontram nas áreas urbanas.

Na vasta área costeira, de onde interessou aos portugueses instalar o seu governo, por estar no meio de suas novas terras, até onde interessou aos norteamericanos instalar uma base para voar para a África, por estar próximo à linha equatorial, os cupins têm a umidade que precisam e têm uma situação de aumento do metabolismo com o aumento da temperatura durante muitas décadas à frente (até que se chegue, pelo processo de Aquecimento global, a uma temperatura tão mais alta que comece a lhes ser desfavorável). É bom que se tenha maior cuidado com os cupins. No que diz respeito ao futuro este cuidado representa uma escolha no plantio de árvores urbanas preferindo espécies menos vulneráveis aos cupins.

A consequência de ventos mais fortes que vão sendo trazidos pelas mudanças climáticas leva,  por si, a um maior cuidado para com o efeito dos cupins sobre as árvores. Principalmente em áreas urbanas, onde a queda das árvores, muitas vezes enfraquecida pelo ataque de cupins, pode causar grandes danos, inclusive danos pessoais, com ferimento e morte de pessoas.

Acrescente-se a esses cuidados, os adicionais que devem ser tomados por conta de possível aumento das condições favoráveis aos cupins, causando maiores e mais frequentes infestações em árvores. Trata-se, então, de aumentar, na distribuição de árvores urbanas, a frequência de árvores de maior resistência a cupins, ou que não sejam objeto de infestação. Esta é uma ação que rebaixa custos materiais e humanos ao longo das próximas décadas.

Note-se que não é tão evidente a infestação por cupins, principalmente em árvores infestadas por plantas parasitas, cujos ramos podem ser confundidos com caminhos de cupins. A velocidade com que as ações humanas tem de ser desenvolvidas, neste mundo de cobranças competitivas, muitas vezes não permite pleno exito em observações que, para maior correção, exigiriam mais tempo do que o disponível. Talvez seja o caso de uma árvore, numa área de clima úmido, com temperatura média anual no entorno de 25 °C e latitude no entorno de 8° Sul, diagnosticada como não atacada por cupins e que vai exposta em http://goo.gl/l0y0sc  Pode-se, pelas fotos apresentadas, apreciar os caminhos dos cupins, em muitos deles sinceramente confundíveis com corpos de plantas parasitas. Em que pese a favorável condição de local com umidade adequada para a árvore, ela conta ainda, contra ela, pelas folhas mostradas no conjuto de fotos, com ataque por colônias de insetos tipo cochonilha. Com cupins, plantas parasitas e cochonilhas não tem um futuro de árvore sadia. São situações como estas que devem ser evitadas se queremos uma boa Adaptação às Mudanças Climáticas.

É bom que tenhamos em mente a preparação das áreas urbanas para uma situação menos favorável aos cupins. Envolve tal preparação maior cuidado na seleção de espécies mais resistente, que devem ser plantadas. Envolve maior cuidado com a avaliação de árvores existentes, tendo em vista sua substituição antes que se tornem perigosas pela sua fragilidde e pela condição de propalarem cupins..






http://www2.ib.unicamp.br/profs/eco_aplicada/revistas/be300_vol2_5.pdf

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