quarta-feira, 31 de maio de 2017

Repetição inesperada de evento extremo encontra Adaptação postergada: otimismo impróprio, falta de prioridade ou ambos


Em 2010 uma situação de evento extremo levou à destruição de cidades no norte do estado de Alagoas e no sul dda zona da mata de do estado de Pernanbuco, Brasil, em áreas estendidas do litoral a uma centena de quilômetros a oeste. O evento produziu efeitos chocantes. A ouvir o que foi prometido à época, ninguém ousaria pensar que o evento seria repetido, mesmo em menor escala. Não que se dividasse de se estar vivendo um momento onde eventos de ocorrência uma vez cada cem anos, tenham passado a ocorrer uma vez cada dez.

Em meio ao sétimo ano de seca no Nordeste se poderia estar certo da maior frequência de eventos extremos (Metade dos reservatórios da região, o semiárido com maior volume mundial de capacidade total dos reservatórios em termos per capita e em termos de proprocionalidade à área de extensão geográfica está com menos de 10% da sua capacidade). Desta vez a seca, atingindo mais da metade da área do Nordeste seria o evento extremo. Mas, um outro evento oposto à seca ocorreria simultaneamente.

Um sistema de alta pressão instalou-se, há poucos dias, no centro e sul da região Nordeste do Brasil. Empurrou nuvens e ar úmido e fez reviver cenas de desastres. Em Pernambuco foram 8 mortes e desabrigados em 24 cidades. Em Alagoas, outro tanto.

A precipitação foi substancialmente menor do que a de sete anos atrás, quando o desastre foi mais brutal. Foi o evento não ter sido tão extremado a razão principal do desastre de 2017 ter sido menor. As providências pensadas para evitar a repetição das perdas humanas e materiais não foram implementadas. Outras prioridades levaram os recursos para outras aplicações. Em sete anos, de sete represas de contenção planejadas para evitar a repetição do desastre, só uma foi construida.

A situação acima comentada envolve dois aspectos a serem destacados, atribuíveis a efeitos do Aquecimento Global. O aumento da frequência de eventos extremos é um. O outro é a presença simultânea lado a lado do ponto de vista territorial e até no mesmo espaço, de eventos extremos contrários. Esta situação é trazida aqui, não para divulgar desastres naturais entre 7 e 10 graus de latitude Sul, mas como exemplo de situação que deve ser considerada na abordadem de planejamento de Adaptação às Mudanças Climáticas


quinta-feira, 25 de maio de 2017

Clima mais quente, maiores incidências de infecções pós-operatórias




As tecnologias de informação e comunicação permitiram que o custo de obter grandes massas de dados e a elas aplicar métodos estatísticos  sofisticados e complexos fosse rebaixado a uma fração inimaginalvelmente pequena dos custos anteriores a estas novas tecnologias, aliás, já não tão novas. Estudos baseados em dados sobre milhares de indivíduos vão se multiplicando.

O virus do HIV foi descoberto pelo cruzamento de grande massa de dados sobre pacientes. Foi a primeira descoberta, em meados dos anos 80 do século passado, de doença "via computador", viabilizada pelo baixo custo de coleta e tratamento de largas massas de dados. Foi a pouco mais de três décadas atrás.

A utilização de largas massas de dados vem a permitindo estabelecer novas associações. Desta vez entre clima e incidência de infecção pós-operatória. Há um aumento da incidência associada a um aumento da temperatura. É o que traz o New York Times.

Este dado pode ser usado no planejamento do uso dos recursos médicos em uma região, permitindo um melhor planejamento, É um planejamento adaptado ao Aquecimento Global e suas Mudanças Climáticas. 

Referência:

Bakalar, Nicholas. Warmer Weather Brings More Infections After Surgery. The New York Times, May, 23, 2017. Disponível em:
https://www.nytimes.com/2017/05/23/well/warmer-weather-brings-more-infections-after-surgery.html?mabReward=ACTM_TC4&recp=5&action=click&pgtype=Homepage&region=CColumn&module=Recommendation&src=rechp&WT.nav=RecEngineia.
Acesso em: 23, maio. 2917.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Um pouco percebido caminho da Adaptação agropecuária ao Aquecimento Global

 
A Adaptação na agropecuária é geralmente pensada como engendrada por novos cultivares mais resistentes aos novos climas. Há caminhos mais variados, na verdade, meio escondidos, mas não menos eficientes. Não devem ser dispensados à priori. Devem ser considerados na carteira de opções de ações.

Entre diferentes alternativas de produção vegetal há diferentes níveis de convivência com os novos climas. Em cada área geográfica produtiva há novos climas previstos para o futuro imediato, em direção aos quais os atuais climas já estão mudando. Há áreas geográficas em que há cultivos vegetais de aceitável produtividade para os climas atuais e para os do futuro imediato.

Um caminho que pode ser adotado é o de procurar incrementar a produtividade dos cultivos já aptos a sobreviverem nos novos climas. Os produtores vão, safra por safra, substituindo a produção agrícola menos bem adaptada pela de melhor resultado. Neste sentido, pesquisas que incrementam a produtividade da produção que vai passando a ser escolhida pelos produtores representam uma alavanca na direção da Adaptação do sistema produtivo. Este efeito alavanca pode resultar em benefícios maiores do que o obtido por meio de pesquisas dirigidas a novas "produções agrícolas" não adotadas pelos produtores por não serem disponíveis até o momento da entrega do "novo conhecimento produtivo" aos produtores.

O apoio à Adaptação pelo meio do aumento da proporção plantada de cultivo mais adaptado e diminuição do revelado menos adaptado pode ser reforçada, também, por pesquisas e novos conhecimentos dirigidos a ampliar o aproveitamento do cultivo e às fases de pós-colheita do cultivo substituidor. Pesqisas dirigidas a reduzir perdas nos processos de armazenamento, de processamento, de deslocamentos e transferências para outros agentes produtivos podem tornar mais atrativo o cultivo substituidor, representando um apoio adicional à Adaptação.

Este é um caminho válido, mas vai se estreitando com o tempo, na medida em que repousa em progressiva substituição de cultivos por outros já praticados pelos produtores. O passar do tempo leva a comletar a substituição. Com o aprofundamento das mudanças climáticas o produto que substituiu pode ter sua condição de produtvidade tornada insatisfatória. Este caminho pode se extinguir. A continuidade da atividade agrícola neste caso passa a repousar na existência de novos cultivares ou em novas espécies capazes de se mostrarem econômicamente saudáveis nos novos climas.Novas espécies ou novos cultivares podem ser o caminho da salvação da continuidade de uso produtivos de uma área geográfico.

A probabilidade de um radicalmente novo conhecimento produtivo ser adotado pelos produtores agropecuários para os quais foi dirigido é maior quando este conhecimento é desenvolvido conjuntamente pelos pesquisadores e uma amostra dos produtores. Mas, os produtores da amostra vão se tornando diferenciados. Mantém-se mais competentes do que os pesquisadores para interpretar e predizer o comportamento dos demais produtores, que não fazem parte da amostra. Mas vão deixando de ser representativos deles. A chance de errar as predições, a chance de um bom resultado não impressionar a maioria dos produtores a quem se destina e assim não ser adotado, vai aumentando com o tempo. É interessante, então, que haja diferentes alternativas de novos produtos a serem cultivados postas frente aos produtores.

Novos produtos e incremento do resultado das atividades produtivas por substituição de cultivos por outros mais resistentes, já em uso, devem, se possível, coexistir como componentes do menu de possibilidades posto aos produtores agrícolas como parte do processo de Adaptação.