terça-feira, 18 de novembro de 2014

Frutas: convivência com a seca e adaptação



Fruta é uma palavra que desfruta de muitos significados diferentes, conforme seja o contexto a que está exposta. Em botânica, vem em masculino, um fruto. É o ovário e respectivas sementes amadurecidas que resultaram da fecundação de uma flor. Em muitas espécies o fruto incorpora o ovário e os tecidos circundantes. São assim os frutos, em botânica, resultados do florescimento das plantas e meios para a disseminação de suas sementes.
Os alimentos quando denominados frutos, apontam a frutos de plantas comestíveis, doces ou um tanto ácidos, carnudos, e por vezes, um tanto oleosos, o que inclui, como exemplo, ameixa, banana, carambola, damasco, embaúba, fruta-do-conde, goiaba, heistéria, ingá, jabuticaba, limão, maracujá, nectarina, oiti, pitomba, quesito, romã, sapoti, tamarindo, umbu, vaccinium, xixá e ziziphus. Um grande número de produtos florestais, como nozes, ou de cultivo sazonal, como, grãos, são frutos em botânica mas não o são na culinária. A enorme variedade de frutos não permite que uma única terminologia a encaixe (BRASIL, 2002).
Há numeroso conjunto de frutos considerados valiosos para a alimentação humana, sendo consumidos frescos ou, processados para superação relativa da perecibilidade, tais como desidratados, em conserva, na forma de massas ou de compotas. Há frutas utilizadas para a produção de bebidas não alcoólicas, como sumos (suco de laranja, de maçã, de uva, etc) ou para fazer bebidas alcoólicas, como o vinho e bebidas destiladas.
Os frutos possuem, em geral, um alto valor nutricional e carregam geralmente altos índices de fibras, água, vitaminas e sais minerais. A fruta contém também diversos antioxidantes fundamentais para a saúde e preservação dos tecidos celulares. O consumo regular de frutas tal como prescrito no Harvard Health Eating Plate: eat plenty of fruits of all colors (HARVARD, 2012), está associado à redução de doenças cardiovasculares e de algunas outras doenças degenerativas.
Frutas são indispensáveis na mesa da população. Uma região da extensão do semiárido brasileiro, para se manter habitada, deve ser capaz de produzir frutos em meio ao processo de Aquecimento Global.
A Embrapa Mandioca e Fruticultura, como é rotulado o Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura da Embrapa - CNPMF, criado em 1975 como unidade descentralizada, visa realizar e coordenar pesquisa, desenvolvimento e inovações para a sustentabilidade da agricultura, com foco em mandioca e fruteiras tropicais. Desenvolveu sistemas de produção para abacaxi, acerola, banana, citros, mamão, mandioca, manga e maracujá.
A relação destas fruteiras com a exigência de água, escassa na área semiárida, pode ser bem representada:
  • pelo abacaxizeiro, tão sensível à falta quanto ao seu excesso (CNPMF, 2012a);
  • pelo mamoeiro, muito exigente em água, tanto no período de crescimento quanto no período de produção, sendo necessário irrigar a cultura quando houver déficit hídrico acentuado e/ou má distribuição de chuvas (CNPMF, 2012b); e
      • pelas plantas cítricas, que se desenvolvem melhor com cerca de 1.200 mm anuais de regime pluvial bem distribuídos (CNPMF, 2012c).
Respeitando características próprias das fruteiras acima relacionadas, nenhum sistema foi desenvolvido para as condições de produção em sequeiro do semiárido. A convivência com baixos níveis de umidade edáfica foi trabalhada com a utilização de sistemas de irrigação, incluidos nos sistemas de produção desenvolvidos, aplicáveis a uma pequena fração da área do semiárido.
A atenção às condições prevalecentes no semiárido veio, no que toca às frutas, à tecnologia agroindustrial. Frutas encontradas nativamente foram objeto de atenção da CNPMF através do desenvolvimento de tecnologia para seu processamento, como a compota de umbú-cajá, a geléia de cajá e de umbú e o doce cristalizado de umbú (CNPMF, 2012d).
A relação diretamente com as culturas de sequeiro, necessariamente predominantes no semiárido, veio dizendo respeito à mandioca. Para elas foram desenvolvidos sistemas de produção para cinco áreas: a Região dos Tabuleiros Costeiros, o Estado do Amapá, o Estado do Pará, a Região do Cerrado e a Região Semiárida (CNPMF, 2012e).

De:
DIAS, Adriano; MEDEIROS, Carolina 
(Consultores:  MELO,  Lúcia; SUASSUNA, João; TÁVORA, Luciana; WANDERLEY, Múcio)
Convivência com a Seca e Adaptação - realidade e pesquisa

Relatório Parcial da Pesquisa  Adaptação ao Aquecimento Global:
uma visão sobre a pesquisa agropecuária no Norte/Nordeste
Coordenação de Estudos em Ciência e Tecnologia - CECT/Fundação Joaquim Nabuco  www.fundaj.gov.br.    Recife, 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário